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Histórias de Americana

A folia carnavalesca

Em 1924, o carnaval "oficial" em Americana era anunciado no jornal O Município como um evento que misturava apresentações de vários tipos

Por Gabriela Simonetti Trevisan

14 de março de 2021, às 08h16

O mês de fevereiro é quase sempre pensado como o mês do Carnaval, atraindo turistas e foliões. Este ano foi diferente, porém, isso não significa que não possamos matar a saudade da folia com uma breve lembrança histórica.

No início do século 20, o Carnaval era um espaço conturbado na cultura brasileira: as manifestações populares (especialmente da população negra, como o samba) eram duramente reprimidas, enquanto salões da elite ou da classe média recebiam bailes e bandas.

Em 1924, por exemplo, o carnaval “oficial” em Americana era anunciado no jornal O Município como um evento que misturava apresentações de orquestras de jazz, sessões de filmes e festas à fantasia, deixando de lado muitos dos costumes hoje associados ao Carnaval.

Contudo, com o tempo, o cenário se altera. A construção da identidade nacional entre os anos 1930 e 1950 leva à afirmação de pontos como o samba e o futebol, ainda que com ressalvas. Podemos perceber também essa mudança nos jornais locais. Nos idos da década de 1950, havia matinês e bailes nos clubes Rio Branco e Carioba, anunciadas em grandes manchetes.

Contudo, desde então, entram em cena os desfiles de escola de samba, transmitidas pela rádio e com direito a carros alegóricos e competição. O jornal O Tempo, em 28 de fevereiro de 1960, por exemplo, anuncia a rota da comemoração: a concentração iniciava na rua Vieira Bueno, acima da Praça Comendador Müller, virando na rua Washington Luiz e, depois, na Fernando de Camargo.

Depois, descia-se a rua 30 de julho, chegando na avenida Antônio Lobo e subindo a rua 12 de novembro, até retornar ao ponto de origem. Vale reforçar que o evento não era só apoiado pela Prefeitura de Americana, como elaborado pelo próprio povo, organizados na Comissão dos Festejos Carnavalescos, apresentando uma grande alteração na forma de se pensar o feriado em pouco mais de 30 anos.

Isso não significa que as populações marginalizadas não sofriam mais com a desigualdade, mas traça para nós um espaço da cultura popular que ganhou força na história brasileira e respingou em nossas terras.

*Gabriela Simonetti Trevisan é integrante do grupo Historiadores Independentes de Carioba.

Historiadores de Carioba

Blog abastecido pelo grupo Historiadores Independentes de Carioba, que se dedica à pesquisa histórica sobre Americana.