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A CoronaVac é eficaz?

Conforme estudos recentes, a eficácia da CoronaVac pode chegar a 62% para casos leves e 83% para casos moderados. Mas, afinal, o que esses números significam?

Por Renan Pinto e Rafael Moral*

13 de maio de 2021, às 07h00 • Última atualização em 12 de maio de 2021, às 15h38

Conforme estudos recentes, a eficácia da CoronaVac pode chegar a 62% para casos leves e 83% para casos moderados. Mas, afinal, o que esses números significam? Muitas pessoas interpretam e divulgam esses valores de maneira equivocada, acreditando que, se a eficácia é de 62%, então, a cada 100 pessoas vacinadas, 62 ficam protegidas e 38 não. Errado! Para entender o verdadeiro significado desses números, é necessário compreender como essas taxas são determinadas – e esse cálculo é muito simples.

A taxa de eficácia de uma vacina é determinada por meio de grandes estudos clínicos com milhares de pessoas. Para efeito didático, considere 10 mil voluntários para o estudo, que são divididos em dois grupos: metade recebe a vacina e a outra metade, um placebo.

Após esse processo, eles são liberados para viverem normalmente as suas vidas, porém monitorados durante alguns meses. Então, os que foram infectados e apresentaram sintomas leves são identificados e contabilizados. Por fim, é a razão numérica entre os indivíduos que foram vacinados e se infectaram e os que não foram vacinados e se infectaram que determina a eficácia da vacina.

Digamos que 45 dos 10 mil voluntários apresentaram sintomas leves e que, desses 45, 12 tinham sido vacinados. Assim, considerando que exatamente metade do grupo inicial de voluntários tenha sido vacinada, a eficácia da vacina é dada por 1 menos a razão entre os vacinados e não-vacinados que foram infectados, ou seja, 1 – 12/33 = 0,64, ou 64%. Sendo assim, dizemos que os vacinados são 64% menos propensos a desenvolver sintomas leves da doença quando comparados aos não-vacinados.

Outro ponto relevante a se considerar é que não faz sentido comparar a eficácia de diferentes vacinas, já que foram testadas em diferentes regiões, pessoas e cenários. Por exemplo, vacinas testadas no pico da quantidade de infectados provavelmente teriam eficácia menor do que vacinas testadas em época com menor taxa de infecção da doença. A real eficácia de uma vacina está relacionada ao desfecho do paciente.

Para casos graves da doença, todas as vacinas para a Covid-19 liberadas apresentam, aproximadamente, 100% de eficácia, ou seja, nenhum paciente vacinado apresentou sintomas severos.

Portanto, vacine-se o mais breve possível, pois somente assim a Covid19 será controlada e poderemos voltar à normalidade.

*Renan Pinto e Rafael Moral possuem doutorado em Estatística e Experimentação Agronômica pela ESALQ/USP e têm atuado como professores de Estatística no ensino superior desde 2017

Colaboração

Artigos de opinião enviados pelos leitores do LIBERAL. Para colaborar, envie os textos para o e-mail opiniao@liberal.com.br.