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57 anos depois do 31 de março de 1964
Por João Tavares
06 de abril de 2021, às 07h24
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Era 1963 e o País vivia momentos dramáticos de incertezas, tumultuados, sem rumo com manifestações e clamor das ruas com instabilidade política permanente. Eram frequentes as agitações com movimentos estudantis, sindicatos, militantes, ativistas, partidos de esquerda na legalidade ou não, infiltrados e inocentes úteis.
Em São Paulo, as manifestações convergiam para a Praça da Sé, que terminavam em confronto campal com a então Guarda Civil e a Cavalaria da Força Pública (hoje PM). O comércio fechava suas portas. A democracia estava ferida e doente, desenhavam-se duas únicas opções: um autoritarismo com viés de esquerda ideológico e um autoritarismo de centro-direita.
O caos insustentável culminaria com o comício de 13 de março, na Cinelândia, no Rio, Viaduto do Chá e outras capitais. O povo saiu às ruas para a Marcha da Sociedade com Deus pela Liberdade, exigindo mudanças radicais de Estado. Desse descontentamento as Forças Armadas deflagraram o 31 de março de 1964, implantando a hegemonia militar.
Os civis diziam que era a revolução de 64. Os militares que foi a contra revolução. Logo depois um jovem amigo da família foi preso pelos militares. Sua mãe pediu que eu levasse roupas e cigarros. Fui ao local e depois de ser revistado um soldado me levou numa sala. Entrou um oficial e perguntou:
“Você tinha conhecimento das atividades do seu amigo no sindicato tal? Não! Ele era ativista ou inocente útil? Nunca soube! Pode-se se retirar mandarei entregar o que você trouxe. Posso vê-lo? Negativo! Está incomunicável, mas diga para a mãe dele que está bem!”
Um dia fomos visitá-lo. Um oficial disse: “É jovem inteligente, vai se formar, casar, terá filhos e talvez mude suas opiniões políticas”. As semelhanças com os dias atuais podem ser meras coincidências!? Agravados hoje pela pandemia.
João Tavares é aposentado e colaborador
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