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Sumaré

Traficante que mandou matar a ex tem pena de 19 anos mantida pelo TJ

Fábio Mancini, envolvido com tráfico internacional, foi condenado novamente e tem histórico de vinganças contra desafetos

Por João Colosalle

21 de novembro de 2021, às 09h17 • Última atualização em 21 de novembro de 2021, às 09h18

Camila Mendonça Chotti foi morta a tiros em 2013 a mando do traficante e namorado, concluiu a Justiça - Foto: Arquivo - O Liberal

A 16ª Câmara de Direito Criminal do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) manteve o júri popular que condenou a 19 anos de prisão o traficante Fábio Welington Mancini, de 41 anos. Ele era acusado pelo Ministério Público de ordenar, de dentro da prisão, a morte da ex-namorada, a estudante Camila Fernanda Mendonça Chotti, de 22 anos, assassinada em 2013 em Sumaré.

O traficante, nascido em Americana, é considerado um dos maiores da região e está preso. Em 2010, ele foi pego pela Operação Liderança, deflagrada pela Polícia Federal do Paraná. Na época, investigadores descobriram que ele era um dos importadores da droga da quadrilha do paraguaio Carlos Arias Cabral, conhecido como Líder Cabral – apontado como o maior traficante de maconha do Paraguai para o Brasil e rival de Fernandinho Beira-Mar.

Camila foi morta no dia 17 de outubro de 2013 em um bar no bairro Jardim Luiz Cia. Ela levou cinco tiros. O atirador fugiu. A investigação sobre a morte da estudante foi noticiada pelo LIBERAL em agosto de 2014. Na época, uma reportagem mostrou que de 99 inquéritos abertos pela Polícia Civil na RPT (Região do Polo Têxtil) em 2013, apenas 21 tramitavam com algum suspeito preso.

O inquérito que apurava o assassinato de Camila era um dos que andavam sem solução. Em entrevista ao LIBERAL na época, a mãe da estudante afirmou que, após o caso, investigadores sequer procuraram a família para colher depoimentos que ajudassem a encontrar um culpado pela morte.

Segundo informações do processo, Fábio e Camila tiveram um relacionamento por dois anos, quando ele foi preso pela Operação Liderança. De dentro da cadeia, ele passou a ameaçar a ex-parceira caso ela não o visitasse. Quando ela começou um outro namoro, o traficante então mandou matar o rapaz.

Da cadeia, o traficante teria dito, segundo o MP, que faria mal a toda a família do namorado caso ele continuasse com Camila. Wesley Sumaro Resende foi assassinado a tiros em maio de 2011, no bairro Virgílio Viel, em Sumaré. Por este crime, Fábio teve pena de 15 anos de prisão, definida pelo TJ em 2020.

No caso envolvendo a morte de Camila, a defesa do traficante tentou anular o júri popular, que ocorreu em 2018, no Fórum de Sumaré. Na última semana, o desembargador Newton Neves afirmou que o pedido de anulação do júri não pode ser aceito, já que o julgamento contou com diversos testemunhos que corroboraram a narrativa da acusação, além de evidências físicas apresentadas, como carta escrita pelo traficante ordenando o crime.

O LIBERAL não conseguiu contato com a advogada que representa Fábio Mancini.

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Ameaça à esposa deflagrou operação

Em uma ação que tramita sob sigilo na Justiça de Sumaré, o Ministério Público acusa Fábio Wellington Mancini de manter, de dentro da cadeia, uma organização criminosa para o tráfico. A atuação de Mancini foi o foco da Operação Guarda Costas, da Promotoria de Sumaré, em 2019, e teve início justamente por conta de ameaças à esposa na época.

Segundo documentos da Promotoria, uma mulher com quem Fábio se casou na Penitenciária Central de Piraquara (PR), em 2016, procurou o MP para relatar que era ameaçada de morte pelo traficante quando havia discussões. Em uma das visitas na cadeia, Fábio teria pedido a então esposa que atuasse junto a ele no tráfico. As tarefas começaram pequenas, como o transporte de dinheiro, mas a mulher disse que chegou a ser orientada a preparar a pasta base de cocaína para transformá-la em pó.

Quando havia discussões, no entanto, o traficante dizia que faria com a esposa o mesmo que fez com Camila e Wesley. Fábio também teria feito ameaças ao promotor que atuou nas acusações de homicídio contra ele, e que acabou por denunciá-lo na Operação Guarda Costas junto a outras 27 pessoas.

Em manifestação no processo da operação, a defesa nega que Fábio lidere uma associação criminosa e que haja uma associação estável para o tráfico de drogas. O caso ainda não foi julgado.

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