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LIBERAL Voluntário

ONG de Sumaré usa música como elemento de transformação

Desde quando o músico Wagner Modesto saiu do conservatório e fundou a "Som e Ação", quatro mil alunos já passaram pelo local

Por Valéria Barreira

30 de junho de 2019, às 09h43 • Última atualização em 30 de junho de 2019, às 15h54

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Há 20 anos, a ONG (Organização Não-Governamental) Som e Ação vem transformando a vida de crianças e adolescentes carentes de Sumaré oferecendo aulas gratuitas de música. Desde quando o músico Wagner Modesto, formado em MPB e jazz, saiu do conservatório e fundou a entidade, quatro mil alunos já passaram pelo local.

A entidade funciona desde a fundação no bairro Matão e há cerca de um ano ocupa um apartamento alugado num condomínio residencial. O som que sai do local é de violão e canto. Atualmente, perto de 70 crianças entre 8 e 17 anos frequentam o espaço e outras 400 aguardam na fila de espera por uma vaga.

No início, lembra o músico, sua ideia foi criar uma escola de música com aulas pagas, mas a realidade do local expôs outra situação. “Abri a escola e comecei a dar aulas, mas passei a perceber o interesse de muitas crianças e jovens que diziam querer frequentar as aulas, mas não tinham dinheiro para isso”.

O músico então abriu 30 vagas gratuitas para crianças carentes. Com o boca-a-boca, em pouco tempo eram 120 sendo atendidas da mesma forma e já não existiam mais aulas pagas. “Aquilo foi se tornando gratificante para mim e à medida que ia aumentando não me fechei para isso”.

Foto: Marcelo Rocha / O Liberal
ONG Som e Ação: há 20 anos usando a música como elemento de transformação

Para Wagner, estava nascendo ali uma oportunidade de mudar a vida das crianças carentes do bairro onde vivia. “Entendi que a oportunidade de transformar a vida daquelas crianças era muito grande. Nesses anos todos são mais de quatro mil alunos atendidos e mais de quatro mil famílias transformadas”.

A música não se limita ao som da voz ou das cordas do violão. Na visão de Wagner, ela vai além disso e acaba impactando diretamente na vida dos alunos. “A música mexe com vários aspectos da vida do ser humano. Ela consegue trazer disciplina e promover a interação social”.

As crianças e adolescentes frequentam a ONG uma vez por semana e o que aprendem ali se reflete em casa. “Você não vê só crianças fazendo aula de violão ou canto, você vê os pais participando, querendo saber como o filho está se saindo, se está evoluindo, se interessando. O impacto acaba sendo cultural e social”, diz Wagner.

Segundo ele, muitos de seus ex-alunos acabaram se tornando profissionais bem-sucedidos. “Hoje, muitas daquelas crianças já são pais. Tem vidas constituídas, conseguiram ter uma profissão. São pessoas que através dessa oportunidade conseguiram alcançar essa transformação e a aceitaram de bom grado”.

Sonhos

Samilly tem 14 anos e Andressa, 17. Em comum, o sonho de fazer sucesso no mundo da música, trilhando um mesmo caminho, a ONG Som e Ação. A entidade, afirmam as meninas, faz elas acreditarem que é possível e as motiva a chegar lá.

Foto: Marcelo Rocha / O Liberal
O músico Wagner Modesto, formado em MPB e jazz, é o idealizador do projeto

“O Wagner incentiva você a criar confiança e te faz acreditar que você vai realizar o seu sonho”, diz Samily Vitória de Jesus Malta, há quatro anos frequentando a entidade. “Muita gente que passou por aqui hoje toca com vários músicos mundo a fora. Desde pequena eu sonho em viver de música e também quero passar para todo mundo o que eu aprendi aqui”, completa Andressa Barbosa.

A adolescente está há 12 anos na ONG e pertence a uma geração que criou vínculos afetivos frequentando o mesmo espaço. “Fizemos vários amigos aqui. Amamos música e levamos isso para nossa vida. Nos reunimos sempre para tocar e cantar”, diz a amiga Dayane Felisbino.

Segundo Rafaela Araujo, aluna de muitos anos e que hoje junto com os colegas com mais tempo de entidade ajuda o professor com os iniciantes, a ONG também é um refúgio para crianças e jovens, que corriam o risco de estar nas ruas se não fosse pelo trabalho no local. “Aqui sempre foi um refúgio, um lugar onde a gente podia ficar, se reunir. Numa fase complicada como adolescência, isso foi muito importante pra gente”, diz Rafaela. Para Leandro Pontes, hoje com 23 anos, as aulas de música fizeram ainda mais diferença.

O jovem conta que sofria de depressão e foi nos encontros na ONG que conseguiu superar o problema. “Me ajudou a sair daquele meu mundo isolado e trazer para esse mundo melhor. Se não fosse isso, não sei o que teria sido”.

Dificuldades

Nos seus 20 anos de existência, a ONG Som e Ação sempre caminhou sozinha. No início, foram as parcerias conquistadas pelo músico Wagner Modesto com algumas empresas que ajudaram a manter projetos. Hoje, são os eventos e ações beneficentes que garantem a sobrevivência.

Foto: Marcelo Rocha / O Liberal
Atualmente, perto de 70 crianças entre 8 e 17 anos frequentam o espaço

Apenas no início deste mês, após duas décadas de trabalho, é que a ONG conseguiu o título de utilidade pública. “A ONG é um gigante adormecido e que só agora, depois de 20 anos, está conseguindo ter seu reconhecimento de fato”, comenta o fundador.

Segundo ele, desde a fundação foram muitas as dificuldades para manter o trabalho. A superação e perseverança vieram da certeza de que a ONG fazia a diferença na vida das crianças e dos adolescentes.

“A entidade sempre foi uma oportunidade na vida desses alunos. Quando você vem para a aula, gera conhecimento e vê que o aluno está absorvendo isso você está cativado e não consegue mais abandonar o trabalho.”

Como ajudar

• Doando qualquer tipo de instrumento musical que possa ser revertido em recursos.
• Participando dos eventos e ações beneficentes.

Contatos

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WhatsApp (19) 98229-4852

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