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Entrevista

Guardas passam a ter atendimento psicológico em Sumaré

Primeira mulher à frente da corporação de Sumaré, Simone Souza completa um ano no cargo e anuncia serviço exclusivo dedicado aos 120 patrulheiros

Por Marina Zanaki

10 de novembro de 2019, às 08h33 • Última atualização em 10 de novembro de 2019, às 09h05

Completando este mês um ano à frente da Guarda Civil de Sumaré, a comandante Simone Souza anunciou o início do atendimento psicológico à corporação. O objetivo, segundo a comandante, é promover um ambiente humanizado aos guardas, que muitas vezes passam por ocorrências que podem demandar um suporte profissional. A corporação conta com 120 guardas, sendo nove mulheres.

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Outros destaques que ela cita nesse primeiro ano são qualificações na área da violência contra a mulher; implementação de um sistema que facilitou trabalhos administrativos e o acesso a informações; além da instalação de câmeras em 14 escolas municipais, que são monitoradas na central da Guarda.

Foto: João Carlos Nascimento / O Liberal
Simone: da primeira turma feminina ao comando da corporação

Um dos desafios é a implantação da Patrulha Maria da Penha, projeto aprovado na Câmara e que prevê acompanhamento das mulheres que possuam medidas protetivas contra agressores.
Primeira mulher a assumir a corporação, Simone atua há mais de dez anos na Guarda e faz parte da primeira turma de guardas femininas.

Ouça o “Além da Capa”, um podcast do LIBERAL

A Patrulha Maria da Penha era uma das prioridades quando você assumiu. Ela foi implantada?

SIMONE
A Patrulha Maria da Penha não está funcionando porque a gente depende da celebração do convênio junto com Judiciário para que as medidas protetivas venham para nós. Como não foi celebrado o convênio com Ministério Público, enviamos documento e estamos aguardando. Enquanto isso, estamos fazendo toda a parte de qualificação dos guardas, através de palestras, aulas. Trouxe psicólogos, assistentes sociais, mestre na parte legislativa, que qualificaram a Guarda municipal para fazer atendimento de violência doméstica.

Em agosto, um guarda em patrulhamento viu uma mulher com o companheiro no ponto de ônibus, fez um sinal pedindo ajuda. O guarda retornou, fez a abordagem e viu que o homem estava com uma faca, havia torturado a mulher a noite inteira. A gente não tem como mensurar, mas evitou um possível feminicídio, e ele ficou preso. Eu creio que com certeza a qualificação contribuiu para trazer esse assunto, essa sensibilidade, de estar mais atento.

Quando enviou o termo de colaboração ao Ministério Público?

SIMONE
Esse termo foi enviado, se não me engano, em março deste ano, mas foi trocado o promotor principal, está tendo transição de troca do promotor responsável

Outra proposta que você trouxe era qualificar guardas em áreas diversas, isso está sendo possível?

SIMONE 
Além da requalificação por obrigatoriedade, trouxemos palestrantes, aulas extraordinárias com assuntos como linhas de cerol, operações de chorume, estresse no trabalho, acidente doméstico, gerenciamento de crise de suicídio, produtos de carga perigosa, parto de emergência, afogamento.

Como tem sido o contato da corporação com a comunidade?

SIMONE
Priorizei participar de reuniões de Conseg (Conselho de Segurança) para ouvir o que população precisa, reuniões de bairros. A gente faz esse contato, procura saber, identificar horário que mais está ocorrendo crimes e com isso trabalha no preventivo. Hoje a população procura a Guarda não somente quando ocorre o fato, muitas vezes solicitam para patrulhamento preventivo.

Falando da minha trajetória aqui, particularmente, quando era patrulheira não via essa parte preventiva no sentido da própria população procurar. Via muito vereador nesse sentido, mas comecei a receber bastante representantes e associações de bairros, falam que precisam de apoio, em tal horário. Percebo esse contato bem aproximado em relação ao meu comando.

Como avalia esse primeiro ano à frente da Guarda?

SIMONE
Quando assumi, eu me lembro que dei algumas entrevistas e algumas das metas era otimizar trabalhos administrativos porque via que consumia muito tempo. Criamos um sistema operacional para Guarda, faz despachos, envio de ocorrências, e ampliei para o administrativo, que hoje é todo integrado. Outra coisa bacana foi a colocação dos tablets nas viaturas, fizemos mapeamento de índices criminais. Construímos um muro no entorno inteirinho da Guarda e portão eletrônico.

Na parte da frente está sendo instalado gradil. Tivemos também aquisição de materiais. Estamos monitorando 14 escolas municipais em tempo integral, no entorno e dentro da escola, na nossa central de monitoramento. Também citei que queria tratar o guarda mais humanizado e temos uma novidade.

Nos 52 anos da Guarda nunca tivemos uma assistência psicológica. Através de parceria com a prefeitura conseguimos um psicólogo para Guarda e um médico (psiquiatra) para atendimento em conjunto. Encerro muito satisfeita esse primeiro ano.

Como vai funcionar o atendimento psicológico?

SIMONE
Importante destacar que não tem nada a ver com o psicólogo que temos que passar a cada dois anos para porte de armas. Esse é um psicólogo para acompanhamento, quem se sentir à vontade e quiser passar, estiver tendo problema familiar, financeiro, pode procurar. Vai ficar de plantão na Guarda municipal em determinado dia para quem tiver necessidade.

Caso o psicólogo avaliar que há necessidade, encaminha direto para o médico – ele já trata os guardas de Hortolândia, tem experiência com guarda municipal. Os dois são profissionais da rede. Pode passar de forma discreta, e que não comprometa no profissional dele. Quero que guardas que atendam a população primeiramente estejam bem, para depois cuidar da população.

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