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Covid-19

Vacinada no Reino Unido, enfermeira de Santa Bárbara relata rotina em hospital

Daiana Ferro trabalha na UTI Covid do James Cook University Hospital, na Inglaterra

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19 de janeiro de 2021, às 08h18

“Eu estudei pra salvar vidas. Quando a gente vê que todos os esforços que faz não são suficientes, às vezes cai de joelhos e fica muito abalada. Tive momentos que tive que pedir 15 minutos, me retirar da UTI, tomar uma água e respirar para voltar ao trabalho”.

O depoimento é da enfermeira Daiana Ferro, nascida em Santa Bárbara d’Oeste e que trabalha no James Cook University Hospital, na Inglaterra. A profissional atua desde dezembro na UTI Covid-19 do hospital.

Ela relatou exaustão física em função da alta demanda que chega ao sistema de saúde, atualmente com capacidade máxima no hospital onde Daiane trabalha. Em função disso, o tempo para beber água, ir ao banheiro e se alimentar durante a jornada é reduzida.

Para Daiana, um dos piores lados desse “front” na guerra contra o coronavírus é o psicológico de lidar com tantas mortes.

Enfermeira Daiana Ferro atua desde dezembro na UTI Covid-19 do hospital – Foto: Divulgação

“Tudo que tem de tecnologia de ponta, de ciência de ponta para atender os pacientes, e a gente ainda vê muitos deles deteriorando e sufocando. Mesmo no ventilador, mesmo com 100% de oxigênio sendo ventilado entre os pulmões, muitos acabam se sufocando e morrendo. A gente lida com a morte diariamente, perdemos pacientes todos os dias”, contou Daiana.

Os profissionais da saúde têm recebido suporte psicológico para conseguirem, mesmo diante de tudo isso, oferecer conforto emocional aos pacientes.

“Tem paciente que já pediu para morrer, pede para ir embora porque não aguenta mais. Ao contrário do que as pessoas acreditam, não precisa ficar 100% sedado para intubar. Para fazer avaliações neurológicas e do estado global dos pacientes, acordamos pacientes mesmo intubados. Eles percebem, tem total compreensão da gravidade da situação e ficam estressados, abalados, muitos deles choram. É exaustivo”, definiu.

Trajetória
Na primeira onda da pandemia, Daiana trabalhava no laboratório de análise patológica como pesquisadora assistente. Nesse período, ela contribuiu com a coleta de diversos dados para pesquisas da Universidade de Oxford.

“Auxiliei a coletar dados sobre várias pesquisas, sobre a Dexametasona, anticoagulantes e vacina. Foi muito enriquecedora essa experiência na minha vida”, definiu a enfermeira, que agora pretende seguir na área da pesquisa clínica com pacientes da UTI.

Após esse trabalho no laboratório, ela conseguiu a licença para atuar como enfermeira e deu início aos plantões do pronto atendimento do hospital em agosto.

Correspondente à segunda onda no país, nesse período ela aprendeu como realizar essa recepção de casos leves e moderados da doença, para em seguida pedir transferência a uma vaga que surgiu na terapia intensiva, em dezembro.

Formada na Faculdade de Ciências da Saúde Albert Einstein, de São Paulo, Daiana mora desde 2016 no Reino Unido.

“Tenho muito orgulho de ser brasileira, de estar aqui ajudando e cuidando de pessoas tão doentes. Tenho muito orgulho de todo o conhecimento que adquiri no Brasil e de todos os trabalhadores na linha de frente no Brasil, lutando e cuidando das pessoas”, disse a profissional.

Vacinação
Em 7 de janeiro, Daiana recebeu a primeira dose da vacina contra o coronavírus. O imunizante recebido pela profissional foi da farmacêutica Pfizer, o primeiro aprovado na Inglaterra. No dia seguinte à aplicação, ela teve apenas uma leve dor muscular no braço e uma indisposição. A dose de reforço está prevista para março.

“Gostaria de fortalecer a ideia que vacina Coronavac é segura, é feita por pessoas muito capacitadas. O Instituto Butantan quase 120 anos de experiência com imunizantes, se eu estivesse no Brasil me vacinaria com a Coronavac. E peço para as pessoas ficarem em casa, não se aglomeraram, usarem máscara em local público, higienizarem as mãos com frequência e se vacinarem quando estiver disponível”, finalizou a profissional.

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