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SB 203 anos

Usinas permanecem vivas na memória do barbarense

Era das usinas de cana-de-açúcar terminou em 2018 com o fechamento da Usina Furlan, mas histórias seguem preservadas

Por Marina Zanaki

05 de dezembro de 2021, às 08h05 • Última atualização em 05 de dezembro de 2021, às 08h06

A Usina Santa Bárbara e a colônia Dona Ernestina ainda são cenário de muitos sonhos da jornalista Maria das Graças de Camargo. Foi nesse espaço que ela viveu seus primeiros 18 anos de vida. A época foi tão marcante que reaparece em suas lembranças mesmo aos 69 anos.

A era das usinas em Santa Bárbara d’Oeste terminou em 2018 com o fechamento da Usina Furlan, mas esse importante capítulo da história barbarense segue vivo na memória da população.

Maria das Graças junto de sua mãe, Lazara Maria – Foto: Marcelo Rocha – O Liberal.JPG

As lembranças de Graça incluem a vida em comunidade nas colônias, que contavam com escola, igreja, armazém, açougue, leiteria, farmácia, campo de futebol e um clube de convivência. A jornalista conta que o espaço era usado para bailes e sessões de cinema, com exibição de filmes de Charles Chaplin e do personagem Tarzan.

“É um lugar que não sai da memória, eu lembro em detalhes como era, e você conversa com muitos moradores é a mesma coisa. A colônia era inteirinha de eucaliptos, imensos e tinha um lago lindo. As árvores cobriam e parecia um túnel. As casas tinham escada e a gente costumava sentar nos degraus, admirando a paisagem e contando os carros que passavam”, garante Graça.

Os pais da jornalista se conheceram na Usina Santa Bárbara. Dona Lazara Maria de Camargo tem 100 anos e é viúva, mas chegou a escrever um manuscrito com memórias da época da colônia.

Casamento

O casal Nilsa Aparecida Julio Colombo, 68 anos, e Paulo Cesar Colombo, 71 anos, se conheceram na Usina Santa Bárbara. Lá eles nasceram, trabalharam e só saíram após o casamento para se mudar para o imóvel que tinham construído no Jardim América.

Paulo é mecânico e trabalhou consertando caminhões e carros na usina. Já Nilsa cursou o magistério e deu aulas substitutas na escola Coronel Luiz Alves de Almeida, que ficava na Usina Santa Bárbara – ela começou o ofício de ensinar na mesma sala onde cursou os primeiros anos de sua vida escolar.

Nilsa Aparecida e Paulo Cesar se conheceram na Usina Santa Bárbara – Foto: Marcelo Rocha – O Liberal.JPG

“Ali era uma união, uma comunidade na usina. Todo mundo se conhecia, queria bem ao outro. Então realmente traz muita saudade, os moradores de lá era como se fossem uma irmandade”, recorda a professora aposentada.

História

A cultura açucareira em Santa Bárbara d’Oeste remonta à fundação da cidade. O historiador Antonio Carlos Angolini relembra que Dona Margarida da Graça Martins chegou à região e comprou um engenho de Diogo de Toledo, já com o objetivo de produzir açúcar. A primeira grande usina, a Santa Bárbara, justificou a vinda de eletricidade para o município. E a partir de inúmeros engenhos, outras surgiram, como Cillos, Galvão, Azanha e Furlan.

“O mais importante centro das colônias de vida social foi na Usina Santa Bárbara. Já na virada do século, quando era engenho, o Major Rehder tinha que ter uma colônia para manter os empregados lá trabalhando, eram mais de cinco colônias. A vida na Usina Santa Bárbara desempenhou no início do século 20 um papel muito importante para Santa Bárbara, a vida social era muito intensa, o pessoal da cidade ia para lá, era efervescente, tinha vida”, explica o historiador. Atualmente, resistem alguns imóveis que eram ocupados por trabalhadores de cargos administrativos.

A primeira grande usina, a Santa Bárbara, justificou a vinda de eletricidade para o município – Foto: Marcelo Rocha – O Liberal.JPG

A Prefeitura de Santa Bárbara d’Oeste vai enviar à Câmara o plano de ocupação da Usina Santa Bárbara para concessão dos barracões para a iniciativa privada. O objetivo é restaurá-los como contrapartida de serem usados para atividades econômicas. Os barracões somam 10 mil metros de área construída.

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