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Santa Bárbara

Sem restauro, túmulo da fundadora de Santa Bárbara padece

Restos mortais de Margarida da Graça Martins foram trazidos a Santa Bárbara em 1967, mas túmulo é símbolo histórico

Por Leonardo Oliveira

21 de março de 2021, às 08h58 • Última atualização em 22 de março de 2021, às 13h18

O túmulo de Dona Margarida da Graça Martins está em estado de abandono no Cemitério da Consolação, em São Paulo. O local onde a fundadora de Santa Bárbara d’Oeste foi enterrada, em 1864, necessita de restauro para que tenha as características originais recuperadas.

Fundadora tem busto no Centro de SB – Foto: Divulgação

Apesar dos restos mortais terem sido transferidos para o município barbarense, em 1967, o túmulo segue como símbolo de preservação da história dessa figura icônica, uma das únicas do sexo feminino a ser considerada a fundadora de um município no Brasil.

Em entrevista ao LIBERAL, o administrador do Cemitério da Consolação, Sandro Borges, afirma que a situação do local é consequência da falta de reparos com o passar das décadas. “Esse túmulo, ao que nos consta, nunca passou por uma reforma. Ele está realmente precisando de um restauro”, diz.

Equipes do cemitério até mantêm a conservação do espaço, mas existe a deterioração natural, já que faz 156 anos que Dona Margarida foi sepultada no local.

O historiador Antonio Carlos Angolini conta que o translado dos restos mortais para Santa Bárbara d’Oeste causou grandes problemas
estruturais.

“Ao abrir o túmulo, acabou quebrando a lápide, então o estrago feito nessa sepultura já foi em decorrência do translado. O importante agora é a gente recuperar esse túmulo e colocar lá uma placa dizendo que lá está sepultada a fundadora de Santa Bárbara d’Oeste”, afirma.

O Cemitério da Consolação é ponto turístico e tem visitas guiadas a túmulos de pessoas que tiveram impacto histórico na sociedade. O fundador de Osasco, Antonio Agú, foi enterrado no local.

Segundo Borges, o túmulo é mantido pela prefeitura da cidade como forma de valorizar a história do personagem.

Angolini conta que houve uma tentativa na década passada, na gestão do ex-prefeito Mário Heins, de providenciar reformas no túmulo, mas a iniciativa não vingou.

Agora, o vereador Eliel Miranda (PSD) tenta criar um movimento para tirar do papel o projeto para restauro.

Túmulo no Cemitério da Consolação, em SP – Foto: Divulgação

Custo
Segundo o administrador do cemitério, as obras para recuperação das características originais da estrutura ficariam em torno de R$ 10 mil. Eliel diz que vai buscar apoio na iniciativa privada para viabilizar o recurso. “Vou contatar a família, os demais vereadores, mas é para fazer rápido”, afirma.

O parlamentar ainda cita a ideia de implantar um QR Code no túmulo. Na prática, quem apontasse a câmera do celular para o código teria acesso a uma página com a história de Dona Margarida.

A pentaneta da fundadora de Santa Bárbara, Ana Paula da Graça Martins Mutti, de 40 anos, conta ao LIBERAL que, desde a infância, se interessa pela história de sua antecessora.

“Eu moro em São Paulo há 22 anos, e, por coincidência, na maior parte desse tempo residi a poucos quarteirões do Cemitério da Consolação. Por diversas vezes visitei o túmulo dela. Perto do bicentenário, fiz contato com integrantes do executivo e do legislativo local para mencionar o estado de degradação, mas não obtive qualquer retorno”, argumenta.

Questionada, a Prefeitura de Santa Bárbara d’Oeste não respondeu se tem interesse em viabilizar as obras necessárias no local, mas ponderou que qualquer ação de intervenção no túmulo deveria ser comunicada e autorizada pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo).

Informou ainda que qualquer cidadão pode pedir auxílio para que a prefeitura faça o reparo. Para isso, é necessário protocolar um requerimento no Codepasbo (Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Cultural de Santa Bárbara d’Oeste) com os motivos da indicação e documentos como fotografias, plantas e projetos detalhados, que serão avaliados pelo conselho.

“A Secretaria de Cultura e Turismo de Santa Bárbara d’Oeste informa que até o momento a atual gestão do CODEPASBO não recebeu qualquer nota oficial sobre o assunto e reitera que fiscaliza os bens tombados pelo Poder Executivo Municipal”, traz a nota enviada ao LIBERAL.

História
Dona Margarida é reconhecida como fundadora de Santa Bárbara d’Oeste porque doou parte de suas terras para a Cúria Paulistana erguer a capela dedicada a Santa Bárbara, da qual era devota. A partir do pedaço de terra, no qual foi construída a Igreja Matriz, a Vila Santa Bárbara foi tomando forma.

Segundo Angolini, Dona Margarida ficou cerca de dois anos na cidade, entre 1817 e 1819, e voltou para a região da Baixada Santista. Lá, ela era dona do Engenho São Jorge dos Erasmos, no limite entre Santos e São Vicente.

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