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POLÊMICA

Sem eficácia comprovada, tratamento precoce contra Covid-19 é defendido em Santa Bárbara

Movimento de pastores e vereadores cria grupo de discussão sobre o assunto; médicos criticam medida

Por Pedro Heiderich

20 de abril de 2021, às 20h37 • Última atualização em 21 de abril de 2021, às 08h48


Sem eficácia comprovada cientificamente, o tratamento precoce contra o novo coronavírus (Covid-19) é defendido por um movimento em Santa Bárbara. Liderado por pastor e com vereadores, o grupo tem discutido o tema e tem pressionado para que o tratamento seja liberado na cidade. Médicos infectologistas ouvidos pelo LIBERAL reafirmam que o tratamento não tem efeito.

Mensagem assinada pelo pastor Jair Ribeiro, da Comunidade Colheita, tem circulado nas redes sociais, pedindo a disponibilização do tratamento precoce nos postos de saúde de Santa Bárbara. O texto diz que as internações continuam alta e que o tratamento pode ser solução.

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“Nós estamos levantando um grupo de religiosos e de autoridades. Estamos começando, queremos mais esclarecimentos, mas temos urgência”, disse o pastor, confirmando a assinatura do texto que circula nas redes sociais.

Felipe Corá (PSL) levanta bandeira exigindo o tratamento precoce – Foto: Reprodução

A mensagem finaliza dizendo que “amanhã pode ser você a perder alguém de sua família” e diz que é um grupo público aberto à comunidade médica “livre de censura”, citando mais de 50 cidades que teriam aderido ao tratamento precoce e com sucesso, dentre elas Limeira e Nova Odessa.

O vereador Felipe Corá (PSL) protocolou moção de apelo à prefeitura pedindo que os medicamentos para tratamento precoce sejam disponibilizados gratuitamente à população, desde com prescrição médica, nos postos de saúde da cidade.

“Porto Feliz, Sorocaba, Chapecó, adotaram e diminuíram as internações. O tratamento é efetivo, salva vidas”, afirma. Arnaldo Alves (PSD), Eliel Miranda (PSD) e Isac Motorista (Republicanos) assinaram a moção do colega. O grupo tentou contato com o prefeito, sem retorno, segundo Corá.

“Estamos lançando uma frente cristã pela vida, com vereadores, pastores e padres para dar mais ênfase e levantar e defender essa bandeira”.

Corá diz que não faz referência a nenhum medicamento em si. “Os medicamentos normalmente utilizados nos primeiros dias de sintoma é a hidroxicloroquina. Mas quem prescreve o medicamento e a dosagem é o médico”. A moção cita ainda que ivermectina, zinco e vitamina D “podem ser usados no tratamento profilático”.

O vereador convidou colegas e especialistas para discutir o tema, revela Celso Ávila (PV). “Tem dado a resultado em alguns municípios, embora não tenha evidência científica. É melhor a tentativa do que a omissão. Estamos analisando e simpáticos à ideia”, declarou.

Para a infectologista Raquel Stucchi, da Unicamp, a discussão só tinha sentido um ano atrás, quando a doença não era bem conhecida por todos. A médica classifica como uma venda de ilusão e um gasto do dinheiro público.

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“São medicações sem benefício para o paciente. Ao contrário, ele se ilude e deixa de se proteger, demora para procurar um hospital, pois acha que o tratamento vai fazer efeito”.

Arnaldo Gouveia criticou a discussão sobre tratamento precoce – Foto: Prefeitura de Americana / Divulgação

Arnaldo Gouveia, infectologista membro do Comitê de Crise da Prefeitura de Americana e que atende na rede particular, relata que não existe tratamento para o coronavírus em si.

“Você trata as consequências da doença depois. Não se pode dar corda para esta estupidez. A esperança deles é de que substitua as medidas de isolamento social. A única forma de diminuir a pandemia é distanciamento e uso de máscara. Poucos médicos ainda defendem, os mal informados, desqualificados e mal intencionados”.

A Prefeitura de Santa Bárbara diz que não foi procurada e ressaltou que é discricionário do médico a prescrição do tratamento.

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