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Meio Ambiente

Santa Bárbara terá primeiro centro para reabilitar animais silvestres na região

Espaço foi construído após acordo judicial e deve ser inaugurado no primeiro semestre, tornando-se uma referência regional

Por Leonardo Oliveira

14 de fevereiro de 2021, às 08h35

Santa Bárbara d’Oeste deve inaugurar, ainda no primeiro semestre desse ano, o primeiro CRAS (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres) da RPT (Região do Polo Têxtil). O local servirá para receber e tratar animais apreendidos em operações ou atropelados em rodovias estaduais.

Atualmente, há poucos órgãos como esse. Os mais próximos são os de Araras e Jundiaí, que têm ficado sobrecarregados nos últimos anos, segundo o Gaema (Grupo de Atuação Especializada em Meio Ambiente) de Piracicaba, um braço do Ministério Público. Por isso, o CRAS de Santa Bárbara deve ajudar a desafogar essa demanda.

Região tem espécies diversificadas de aves – Foto: Prefeitura de Santa Bárbara / Divulgação

A construção do espaço surge de um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) entre o Gaema, a prefeitura e a Usina Furlan. O Ministério Público investigava, desde 2008, o plantio de cana-de-açúcar por parte do Grupo Furlan em áreas de preservação permanente.

Depois de identificar essa prática, propôs um acordo judicial para que a empresa compensasse o dano causado à natureza. Nesse TAC, houve o compromisso do grupo em recuperar as áreas afetadas até 2027 através, dentre outras coisas, do plantio de mudas exóticas.

Além disso, a usina ainda assinou o termo se comprometendo a compensar a cidade, recuperando o Viveiro Municipal e ajudando a estruturar o CRAS – para essa última ação, foi definido um investimento de R$ 225 mil por parte da empresa.

Pelo acordo, o centro de referência deveria ter ficado pronto em outubro, mas a pandemia atrasou o cronograma. Segundo a prefeitura, o CRAS vai funcionar junto ao Viveiro Municipal, no São Joaquim, e já teve a reforma concluída.

ROTEIRO
Quando um animal silvestre é atropelado na rodovia ou apreendido pela polícia em uma operação, por exemplo, o local mais indicado para recebê-lo é justamente um CRAS, que possui toda a estrutura para tratamento e destinação.

As próprias prefeituras até fazem o atendimento emergencial por meio dos departamentos de bem-estar animal ou do setor de zoonoses, mas os casos mais sérios geralmente precisam ser encaminhados ao CRAS de Araras ou de Jundiaí, o que dificulta a logística de transporte.

“Às vezes, hoje, a Polícia Militar ambiental tem que percorrer 200 km para levar o animal até Jundiaí ou algum outro local. Existe uma carência muito grande do cumprimento dessa política. Apesar de nós termos na região um número bastante elevado de situações como essa, nós carecemos demais desses locais destinação”, disse a promotora do Gaema, Alexandra Facciolli Martins.

É ela quem atuou no TAC firmado para a construção do espaço. Um dos pontos principais é a falta de clareza sobre quem realmente deve prestar esse atendimento ao animal silvestre, segundo a promotora.

“A gente verificava que a população liga para o Corpo de Bombeiros, para a Polícia Ambiental, para a própria prefeitura e acaba gerando a demora no atendimento e a própria prestação inadequada do cuidado necessário do animal que acaba, muitas vezes, vindo a óbito por conta desses desencontros”, pontuou.

O CRAS de Santa Bárbara, portanto, é o primeiro passo para instaurar uma política de atendimento responsável aos animais silvestres, diz a promotora. “A partir daí em tese cada município deveria ter o seu local de atendimento, isso se revela economicamente difícil na situação atual econômica que a gente está”, finaliza.

ESPÉCIES
Um inventário produzido pela Prefeitura de Santa Bárbara d’Oeste, em 2018, apontou que o município registrou a aparição de 88 espécies de aves até aquele ano. O levantamento foi feito através de registro fotográfico e observação. Espécies como asa-branca, quero-quero e tico-tico são as que mais apareceram.

Quanto aos mamíferos, foram identificadas dez espécies nas áreas amostradas. São eles veado tatu-galinha, cachorro-do-mato e gambá-de-orelhas-brancas. Há registros não oficiais da presença da onça-parda.

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