COVID-19
Prefeitura de Santa Bárbara se nega a informar casos de coronavírus por bairro
Diferente de Americana e Sumaré, administração barbarense divulga apenas confirmações por regiões da cidade
Por João Colosalle
03 de junho de 2020, às 15h37 • Última atualização em 03 de junho de 2020, às 16h19
Link da matéria: https://liberal.com.br/cidades/s-barbara/prefeitura-de-santa-barbara-se-nega-a-informar-casos-de-coronavirus-por-bairro-1223065/
A Prefeitura de Santa Bárbara d’Oeste negou uma solicitação feita por meio da Lei de Acesso à Informação que pedia o número de casos do novo coronavírus (Covid-19) por bairros.
Atualmente, a prefeitura divulga apenas os casos por regiões da cidade. Até esta quarta-feira (3), o município contabilizava 58 diagnósticos positivos e quatro óbitos.
O pedido para que fossem informados os bairros que registraram casos de coronavírus foi feito no dia 20 de maio, pela reportagem do LIBERAL, por meio do sistema de acesso à informação disponível no site do governo (e-SIC).
“Requeiro que sejam informados os bairros com confirmações positivas de coronavírus em Santa Bárbara d’Oeste até o dia do envio da resposta a esta solicitação”, traz a solicitação.
A informação foi negada em ofício assinado pelo coordenador de Vigilância em Saúde Wilson José Guarda, datado do dia 22 de maio.
“Visando a preservação do sigilo e da confidencialidade, os serviços de vigilância e assistência à saúde mantém [sic] como confidencial e sigilosa toda informação relativa aos instrumentos de coleta, investigação e outras informações que possam conter dados de identificação unívoca do cidadão”, argumenta o coordenador no ofício, que só foi informado à reportagem na manhã desta quarta-feira (3).
O ofício sugere que as informações podem ser conferidas no boletim diário divulgado pela prefeitura, que traz as regiões com casos confirmados, e não os bairros.
Diferente do alegado pelo coordenador, o pedido de informação não solicitava detalhes que pudessem identificar pacientes, apenas os bairros com casos confirmados e o número de casos em cada um deles.
Apesar de negar a informação, a Prefeitura de Santa Bárbara, por outro lado, divulga detalhes como idade, sexo e bairro onde moravam pacientes que morreram por coronavírus.
Transparência
A decisão de negar informações de bairros afetados pelo novo coronavírus contrasta com ao menos duas prefeituras da região.
Em Americana, o LIBERAL conseguiu acesso às estatísticas por bairros por meio da Lei de Acesso à Informação. Após a reportagem revelar os dados, a prefeitura passou a divulgar a informação em seus boletins diários.
A Prefeitura de Sumaré adotou o mesmo procedimento, ao divulgar o número de casos por bairros em sua página no Facebook.
A opção por informar o número de diagnósticos positivos por bairros também foi adotada pelo governo do Espírito Santo. Em sua página na internet, o Estado compila e informa a localização dos casos em todas as cidades.
Também não é a primeira vez que a Prefeitura de Santa Bárbara se recusa a dar informações sobre os impactos do novo coronavírus no município.
Em 19 de março, o LIBERAL publicou reportagem em que relatava que a prefeitura ignorava os pedidos de informação feitos para a assessoria de comunicação sobre casos suspeitos na cidade.
Em resposta aos pedidos do LIBERAL, a administração apenas informava medidas adotadas contra o novo vírus, sem justificar o porquê de não comentar suspeitas.
No mesmo dia, após a publicação da reportagem, a prefeitura passou a divulgar as suspeitas.
Casos em Santa Bárbara
Até esta terça-feira (2), o município contabilizava 58 casos positivos de coronavírus, dos quais 34 já estavam curados. Outros 162 são considerados suspeitos.
Veja abaixo o número de casos por regiões da cidade:
REGIÃO | CASOS |
Central | 11 |
Grego, Furlan e Cruzeiro do Sul | 19 |
São Francisco e Santa Rita | 23 |
Romano, Laudissi e Vista Alegre | 21 |
31 de Março e Jardim das Orquídeas | 24 |
Jardim Esmeralda e Cidade Nova | 30 |
Jardim Europa | 20 |
Mollon | 14 |
Podcast Além da Capa
O novo coronavírus representa um desafio para a estrutura de saúde de Americana, assim como outros municípios da RPT (Região do Polo Têxtil), mas não é o primeiro a ser encarado. H1N1, dengue, malária, febre maculosa. Outras doenças também modificaram rotinas, exigiram cuidados além do trivial – ainda que não tenha havido quarentena, como agora – e servem de experiência para traçar paralelos com o atual cenário. Nesse episódio, o editor Bruno Moreira conversa com a repórter Marina Zanaki, que assina uma série de reportagens sobre outras epidemias em Americana.