19 de abril de 2024 Atualizado 14:09

8 de Agosto de 2019 Grupo Liberal Atualizado 13:56
MENU

Publicidade

Compartilhe

Santa Bárbara

Prefeito Denis Andia vê debate possível sobre ‘d’Oeste’

Até hoje há quem defenda reduzir nome da cidade para apenas Santa Bárbara; nos anos 40, município chegou a se chamar Canatiba, por decisão do governo

Por André Rossi

08 de dezembro de 2019, às 08h32 • Última atualização em 08 de dezembro de 2019, às 19h18

No dia 14 de novembro de 1943, todo barbarense que abriu o jornal Cidade de Santa Bárbara descobriu que não morava mais em Santa Bárbara. A primeira página do extinto periódico anunciava: “Canatiba é a nova denominação de Santa Bárbara”.

A alteração não ocorreu por vontade popular, e sim pela resolução 1.979, de 12 de novembro de 1943, decretada diretamente do Rio de Janeiro, então Capital do País, pelo Estado Novo, regime político instaurado durante o governo de Getúlio Vargas. O motivo tinha viés normativo, uma vez que cerca de dez cidades do País levavam o nome de Santa Bárbara.

Foto: José Roberto Bueno
Cidade já se chamou Canatiba e há quem questione a necessidade do ‘d’Oeste’ no nome

A mudança repentina gerou comoção na cidade e originou um plebiscito para escolher um novo nome e pressionar o governo federal a rever a decisão. Pouco mais de um ano depois, Canatiba sai de cena e a cidade é renomeada, via decreto, como Santa Bárbara d’Oeste em 30 de novembro de 1944.

Receba as notícias do LIBERAL pelo WhatsApp

Entretanto, esse não foi o nome escolhido pelos moradores e até hoje há quem sugira que o “d’Oeste” seja suprimido. A discussão gera debate e até mesmo o atual prefeito, Denis Andia (PV), considera que o assunto poderia ser apreciado no futuro.

De acordo com o historiador de Santa Bárbara d’Oeste, Antonio Carlos Angolini, Canatiba é um nome de origem tupi e foi escolhido pelo governo federal por fazer referência a uma terra propícia para o plantio de cana-de-açúcar. Porém, a retirada do nome da santa contou com opositores importantes no município, como o monsenhor Henrique Nicopelli.

Foto: Arquivo / O Liberal
“É importante esclarecer que o d’Oeste era um diferencial das outras tantas cidades com o nome de Santa Bárbara que existiam no Brasil”, destaca Angolini

No plebiscito de janeiro de 1944, a população escolheu um novo nome: Santa Bárbara Paulista. A ideia é que a sugestão fosse apresentada pelo prefeito Plácido Ribeiro Ferreira ao Departamento das Municipalidades, na Capital. Mesmo assim, o nome final foi Santa Bárbara d’Oeste.

“Eles já estavam dando o nome para uma (cidade) de Santa Bárbara do Sul, outra do Leste. Aí eles (governo) sugeriram: ‘vocês estão mais ou menos a Oeste (em relação ao Rio de Janeiro), então ficam com o d’Oeste’. É importante esclarecer que o d’Oeste era um diferencial das outras tantas cidades com o nome de Santa Bárbara que existiam no Brasil”, explicou Angolini.

{{1}}

Durante os anos 90, o advogado Francisco Cardoso de Oliveira encabeçou uma campanha para retirar o d’Oeste e deixar apenas Santa Bárbara. A ideia chegou a originar um projeto de lei em 2002, de autoria do vereador Anísio Tavares da Silva, mas propositura não foi votada e acabou extinta.

“Eu queria que a cidade desenvolvesse e tirasse esse entrave que é d’Oeste. Toda vez que perguntam onde fica Santa Bárbara d’Oeste tem que explicar que fica perto de Americana, perto de Campinas. Se retirasse o nome ia ganhar uma publicidade tão grande, sem gastar, que ia ser cidade referência, aquela cidade que mudou de nome”, argumentou Oliveira.

Foto: Marcelo Rocha/Liberal
Prefeito Denis Andia admite possibilidade de discussão sobre nome da cidade

Apesar de gostar do nome, Andia pondera que o fato de ser extenso gera “inconvenientes”, além de ser frequentemente abreviado em placas. Até mesmo o slogan da atual administração suprime o d’Oeste.

Ouça o “Além da Capa”, um podcast do LIBERAL

“Não é algo totalmente fora de uma pauta a ser discutida, debatida, se levados em conta alguns fatores. Não é foco do nosso trabalho, mas é sempre algo a ser debatido. Pode ser que em algum momento isso ganhe um perfil de necessidade que desencadeie numa mudança. Piorar não pioraria enxugar o nome, mas também é algo para que outras pessoas cuidem”, avaliou Denis.

Publicidade