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Santa Bárbara

Pais relatam demora de mais de seis horas no PS Afonso Ramos

O LIBERAL esteve no local e ouviu pacientes que descreverem a situação como ‘descaso’

Por Caio Possati

11 de dezembro de 2021, às 09h10 • Última atualização em 11 de dezembro de 2021, às 09h11

Pacientes relataram na tarde desta sexta-feira que o setor de pediatria do Pronto-Socorro Dr. Afonso Ramos, em Santa Bárbara d’Oeste, chegou a demorar mais de seis horas para realizar os atendimentos. A reportagem do LIBERAL esteve no local após receber a denúncia e ouviu pais e mães que, inconformados, descreveram a situação como “descaso”. A Polícia Militar também foi acionada, esteve na unidade e registrou a reclamação dos munícipes.

Marcos e Jaqueline dizem que superlotação na unidade é comum – Foto: Marcelo Rocha – O Liberal.JPG

Marcos Rodrigo Andrade, de 24 anos, contou ao LIBERAL que chegou às 10 horas no pronto-socorro, mas não foi atendido até 16h30. Ele foi à unidade junto com a esposa, Jaqueline da Silva Novas, 28, para levar ao médico os exames que a filha de 3 anos fez, para investigar a causa de espasmos musculares que a criança estava sofrendo no pé. Ele já havia constatado o mesmo problema na última quinta-feira, quando esperou mais de quatro horas para receber o atendimento médico.

“Cheguei hoje às 10h e me disseram que tinha 13 crianças na nossa frente. Ontem, já estava lotado. A gente levou quatro horas para ser atendido. Mas hoje está demais. Sempre quando a gente vem aqui é superlotação” afirmou Marcos.

Para a esposa dele, as filas para os atendimentos no pronto-socorro são fruto de “um descaso”. Ela alegou à reportagem que os funcionários não se importaram com a sua situação e “fizeram cara de deboche” quando ela questionou o motivo de demora. “Ninguém não está nem aí, se tiver que morrer, morre”, protestou Jaqueline.

Assim como ela, a costureira Franslaine Zério, de 34 anos, também recorreu à palavra “descaso” para definir a situação. Ela saiu correndo do trabalho ao saber que a filha, asmática, estava passando mal e tossindo bastante na creche. A mulher também chegou ao pronto-socorro por volta das 10h e não havia sido atendida até 14h30.

“Esperamos duas horas e nenhuma criança foi atendida. Até tivemos que pedir uma marmita para comer. Depois, fui informada de que [os médicos] estavam almoçando. Eles têm o direito de almoçar, mas e nós?, questionou a costureira.

A operadora de conicaleira Viviane Oliveira, de 27 anos, relatou que os pacientes estavam demorando a ser chamados, mesmo depois do fim de uma consulta. Esperando ser atendida desde o período da manhã, ela afirmou que, por mais de uma vez, precisou ir para o lado de fora do pronto-socorro para que o filho de 11 anos, em estado febril, pudesse vomitar.

Por ter faltado no trabalho, Viviane vai precisar pagar pelo dia que faltou no serviço e, segundo ela, os profissionais do hospital não lhe deram um atestado médico. “Tive que mandar mensagem na empresa e até foto da polícia eu tirei. Eu vou ter que pagar o dia”, lamentou.

Questionada pelo LIBERAL, a Secretaria de Saúde de Santa Bárbara afirmou em nota que a procura pelo atendimento pediátrico na unidade nesta sexta estava maior que o habitual, podendo gerar “morosidade no atendimento em alguns períodos, causada, por exemplo, por pacientes graves.”

Na mesmo comunicado, a secretaria informou que “apura a prestação de serviços de atendimento médico pediátrico de urgência nos prontos-socorros, prestado pela empresa contratada pela administração municipal”, ressaltando que “nunca houve na história da saúde pública de Santa Bárbara d’Oeste uma estrutura como a atual para atendimento pediátrico.”

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Pronto-Socorro Afonso Ramos foi alvo de denúncia por demora no atendimento no setor de pediatria – Foto: Marcelo Rocha – O Liberal

PROBLEMA. A demora de atendimentos no PS Dr. Afonso Ramos e a falta de pediatras nas unidades de pronto-atendimento em Santa Bárbara já foram tema de discussão de uma reunião no final de novembro, entre vereadores e a secretária de Saúde, Lucimeire Rocha. O encontro foi marcado justamente por conta de relatos de atraso nos atendimentos que chegaram aos vereadores.

Na ocasião, Lucimeire justificou que a demora estava ocorrendo em função do aumento nos atendimentos de urgência e emergência na cidade, já que na época os casos envolvendo crianças chegaram a 200 por dia no município, bem como pelo fato de uma parcela dos pacientes vir de Americana para receber atendimento em Santa Bárbara d’Oeste.

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