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Santa Bárbara

‘Ou a gente toma uma medida assim, ou não ia sobrar nada’, afirma reitor da Unimep

Cerca de 500 alunos serão impactados por mudanças na instituição; universidade perdeu 6 mil alunos em quase quatro anos

Por Leonardo Oliveira

23 de fevereiro de 2021, às 07h36 • Última atualização em 15 de julho de 2021, às 10h43

Após um ano de ter assumido como reitor interino da Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba) e há pouco mais de três meses de maneira definitiva, o professor Ismael Forte Valentim credita as recentes mudanças na instituição de ensino à má gestão das administrações passadas e a uma situação financeira que chamou de insustentável.

Ismael Forte Valentim recebeu a reportagem do LIBERAL nesta segunda-feira, para falar sobre a situação da Unimep – Foto: Ernesto Rodrigues – O Liberal

Na última semana, o anúncio do fim das atividades da universidade em Santa Bárbara d’Oeste e o fechamento de cursos também em Piracicaba pegaram a comunidade acadêmica de surpresa. Cerca de 500 alunos e 50 professores serão afetados pela medida, revelou Valentim ao LIBERAL.

O reitor recebeu a reportagem para uma entrevista na universidade, em Piracicaba, na tarde desta segunda. Apesar de apenas ter acatado uma decisão que veio da Rede Metodista, Valentim admitiu que o momento pedia que algo fosse feito. “A família [metodista] toda está quebrada e agora essas medidas nada agradáveis. Ou a gente toma uma medida assim, ou não ia sobrar nada”, opinou nesta segunda.

Foram cerca de 30 cursos desativados, seja por falta de novas inscrições ou por um número baixo de alunos no semestre em andamento. A Unimep, que chegou a contar com 14 mil alunos, hoje tem cerca de 2 mil, segundo Valentim. O campus barbarense, que já teve 2,5 mil estudantes, hoje possui 200 alunos.

O LIBERAL mostrou no último sábado que O IEP (Instituto Educacional Piracicabano), mantenedor da Unimep, possui R$ 15 milhões em dívidas tributárias com a União. Sem receber o salário integral e os direitos trabalhistas, os funcionários estão em greve desde novembro do ano passado.

CRISE. O atual reitor citou que a expansão do ensino universitário e a criação de polos educacionais em várias cidades ajudaram a tirar alunos da instituição piracicabana. Além disso, criticou a postura das gestões anteriores a dele.

“Nós chegamos a ter 14 mil alunos, hoje estamos com 2 mil. Como que você perde 6 mil alunos em três anos e meio? Não dá. Realmente houve decisões equivocadas, investimentos equivocados, propostas fora do contexto”, destacou o reitor.

Valentim também apontou que unificar o conselho diretor de cada unidade em um só para toda a Rede Metodista foi um modelo problemático, que não gerou resultados.

RENTABILIDADE. No início do ano, membros do financeiro da metodista entregaram para cada unidade a exigência de enxugar 40% da folha salarial, segundo Valentim. Para isso, foi necessário fechar cursos que não eram rentáveis.

De acordo com o reitor, os cerca de 30 cursos encerrados na Unimep não se pagavam, ou seja, tinham número de alunos insuficiente para cobrir as despesas. “A gente percebeu que 12 cursos mantêm a universidade. Aí estamos fazendo esse movimento”, detalhou.

Dos cerca de 270 professores da Unimep, 50 estão entre aqueles que poderiam ser demitidos pela redução drástica no número de aulas atribuídas, diz o reitor. “Como o semestre já começou, mesmo que a greve termine, do ponto de vista jurídico seria temerário fazer demissões agora”, afirmou sobre o tema.

FUTURO. Os cerca de 500 alunos dos cursos afetados receberão alternativas para concluir a graduação. A maior parte daqueles que estudavam em Santa Bárbara deve ir para a FAM (Faculdade de Americana). Há tratativas ainda com outras faculdades, como a PUC (Pontifícia Universidade Católica) Campinas, afirma o reitor.

PRÉDIOS. O campus barbarense continuará em funcionamento para atender os estudantes que estão em vias de se formar e precisam utilizar os laboratórios.

A Unimep também fornecerá a estrutura para o Hospital de Campanha pelo tempo que for necessário, segundo Valentim. Depois disso, a expectativa é alugar o local para conseguir torná-lo uma fonte de renda.

GREVE. O reitor tem perspectiva que a greve acabe logo. Para isso, ele diz que a Rede Metodista ofereceu imóveis como garantia aos professores. “Já temos uma lista de 40 patrimônios ativos que serão vendidos, imóveis que vão desde R$ 300 mil a R$ 150 milhões”, revelou.

Valentim diz que a Unimep primeiro vai enxugar as despesas para que volte a ser rentável. Enquanto isso, já entrou com pedido de aprovação para novos cursos em Piracicaba, entre eles os de engenharia, encerrados em Santa Bárbara d’Oeste.

“Espero que a gente supere esse momento e ressurja. A ideia é que daqui para frente a gente consiga ter um recurso para investir de novo na instituição, nos professores”, finaliza.

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