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Liberal Entrevista

‘Não vim aqui só pelo fato de ser uma mulher’, diz secretária de Governo de Santa Bárbara

Patrícia Regina Marques De Martino fala da carreira e dos planos à frente da pasta na gestão barbarense

Por Leonardo Oliveira

24 de janeiro de 2021, às 08h37 • Última atualização em 25 de janeiro de 2021, às 09h34

Patrícia Regina Marques De Martino é a primeira mulher a assumir a Secretaria de Governo de Santa Bárbara d’Oeste. Aos 39 anos, ela passou a ocupar uma das cadeiras mais importantes na gestão do atual prefeito Rafael Piovezan (PV) no início deste mês, quando começou o mandato do sucessor de Denis Andia (PV).

Nascida em Americana, ela morou a maior parte de sua vida em terras barbarenses. Formada em direito pela Unimep, começou na política como assessora parlamentar dos ex-vereadores Laerte Silva e Adegas Júnior.

Integrou a Secretaria de Meio Ambiente no governo Zé Maria e atuou por dois anos na secretaria de Administração de Americana, na gestão Diego De Nadai. Saiu para assumir de 2014 a 2020 a chefia de gabinete no DAE (Departamento de Água e Esgoto).

A secretária de Governo durante entrevista ao LIBERAL, em seu gabinete – Foto: Ernesto Rodrigues / O Liberal

Na última sexta-feira, ela recebeu o LIBERAL no seu gabinete para uma entrevista. Nela, falou sobre o simbolismo de ser a primeira mulher na pasta de Governo, o desafio de conciliar uma gravidez com a demanda no Executivo e sobre a nova postura da prefeitura com a câmara.

Como foram as primeiras semanas de trabalho?

PATRICIA DE MARTINO
O desafio foi grande quando o Rafael fez o convite, mas eu sempre acreditei no projeto. Conheço o estilo de trabalho do Rafael, nós temos o jeito de trabalhar em comum. Sempre deu muito certo, então, quando ele me convidou, eu sabia que o desafio era grande, mas falei “vamos lá” e aceitei o desafio de estar aqui com ele.

Qual a diferença entre trabalhar em uma autarquia, como o DAE, e a prefeitura?

A dimensão é muito maior. Quando você trabalha em uma autarquia é uma coisa mais restrita, de você tratar água e esgoto, e quando você vem para a prefeitura, os assuntos são amplos. Hoje nós estamos na terceira semana e eu ainda tenho muita coisa para tomar conhecimento.

O que acabou me ajudando foi a bagagem que eu tenho. Eu sei como que funciona a câmara, sei o que é estar do outro lado. Isso facilita a tratativa, isso facilita essa relação com câmara.

O que é mais importante no seu trabalho na Secretaria de Governo?

Eu auxilio o prefeito na relação com as demais secretarias, então eu acabo ajudando nessa interlocução entre o prefeito, o governo e você fazer a junção de tudo. A gente tem vários assuntos a serem tratados, então o meu papel aqui junto ao prefeito é auxiliá-lo nessa organização interna.

Além, claro, da questão política em si, que é tratar com a câmara municipal, com os vereadores, auxiliar nos projetos que tramitam.

Há um movimento de aproximar a prefeitura com a câmara?

Eu não posso dizer pra você que é um movimento para aproximar. Acho que é o estilo de trabalho de cada governo e de cada pessoa. Eu, desde o primeiro dia que assumi, entendi necessário convidar os vereadores para que viessem ao gabinete. Recebi todos aqui, conversamos, me coloquei a disposição, falei das ideias, dos projetos.

Eu gostaria de estar próxima e de ter essa abertura de conversa porque eu acho que o diálogo é sempre a melhor saída, a melhor solução pra gente se manter nesses quatro anos com a melhor relação possível.

Ser a primeira mulher nesse cargo tem um significado simbólico?

Eu acho que sim, para todas as mulheres, na verdade. Me surpreendeu depois da posse a quantidade de mensagens que eu recebi de outras mulheres que se sentem representadas, sem sombra de dúvidas.

Eu vejo que essa posição que hoje eu estou ocupando aqui é fruto de muito trabalho, de muito esforço. Eu não vim aqui só pelo fato de ser uma mulher, mas por ser uma mulher que estudou, que ralou bastante, e demonstrou esse trabalho para o Rafael enquanto eu tive com ele e ele teve essa confiança em mim.

É importante que se tenha cada vez mais mulheres ocupando cargos importantes, porque não é fácil você ser mulher, ser mãe, você ser filha, esposa e ser uma secretária municipal. As atribuições são grandes, demanda muito esforço, você tem que gostar do que faz.

Por ser mulher, você sente que tem que trabalhar mais para chegar nessa posição?

Eu nunca tive essa dificuldade. Para mim isso nunca teve um peso. Eu sou bem intensa no meu trabalho, então eu nunca medi esforço para nada. Todo o trabalho que eu tive sempre foi fruto de reconhecimento.

Quando o Rafael vislumbrou a possibilidade de eu ocupar o cargo de chefe de Gabinete, é porque ele vislumbrou minha capacidade, ele sabia a minha forma de trabalho. Nunca ninguém me ofuscou não, acho que consegui com o trabalho.

Santa Bárbara nunca teve uma prefeita eleita. Pensa em concorrer?

Não penso. Não sei se futuramente isso pode mudar, mas eu não tenho essa vocação política de assumir um cargo político. Eu me classifico como uma pessoa técnica, gosto muito do que eu faço, gosto da área pública, mas não tenho essa pretensão.

Você considera que esse é o auge da sua carreira?

Sim. Eu estou trabalhando no hoje intensamente, não estou pensando ainda no que virá. Quero desenvolver o meu trabalho na Secretaria de Governo da melhor maneira que eu puder com todas as minhas energias para fazer dar certo.

Qual deve ser a prioridade da sua pasta e do governo para os próximos quatro anos?

A prioridade é fazer o governo dar certo, que é fazer o melhor para a população. Tudo é importante. A Secretaria de Governo é ampla demais. Aquilo que o prefeito precisar de mim, é o que vai ter.

A cidade vai conseguir manter o mesmo nível de investimentos?

Eu acho que a proposta do governo do prefeito Rafael é continuar com a cidade no ritmo ou até mais do que foi. Difícil falar se ela vai seguir o mesmo ritmo, se vai galgar um ritmo maior, mas a pretensão é sempre fazer mais.

Santa Bárbara atingiu um patamar que não dá pra você voltar mais. Não dá para você estacionar, tem que avançar e ela tem condições.

Como é assumir esse cargo público durante a gravidez?

Eu me descobri grávida na semana seguinte da eleição. Foi uma surpresa mesmo. Eu fui advogada da campanha do Denis em 2016 e do Rafael, então o trabalho de campanha eleitoral é puxado. Não estava nessa expectativa. Fiquei muito feliz.

Tenho uma filha, nós já queríamos ter um segundo filho e acho que o momento foi bom. Não é fácil você conciliar esse momento de um auge da carreira e do auge da maternidade, mas não dá pra você pensar muito, nunca tem o momento ideal.

Eu não saberia ser só mãe e não ser uma profissional. Também não seria feliz sendo uma ótima profissional e não sendo mãe. Me dedico bastante para as duas partes. Meu marido é muito parceiro e isso foi uma base bastante importante pra mim.

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