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Santa Bárbara

“Não me lembro, infelizmente”, diz funileiro que arremessou filha

Diogo Aparecido Machado foi condenado a 20 anos de prisão por arremessar filha de apenas 17 dias por cima de muro; ele disse que teve "um branco"

Por André Rossi

14 de junho de 2019, às 09h52 • Última atualização em 14 de junho de 2019, às 09h57

Foto: Marcelo Rocha / O Liberal
O funileiro Diogo foi condenado a 20 anos de prisão por tentativa de homicídio triplamente qualificado

O funileiro Diogo Aparecido Machado, de 26 anos – condenado a 20 anos de prisão por arremessar a própria filha, de apenas 17 dias, por cima do muro da casa onde morava – afirmou durante o julgamento que teve um “branco” e que por isso não se lembraria do que ocorreu. “Não me lembro, infelizmente”, justificou o funileiro, que também disse não ter tido a intenção de matar a filha. O crime ocorreu no dia 13 de maio do ano passado no bairro São Joaquim, em Santa Bárbara d’Oeste.

Ele foi condenado pelo Tribunal do Júri no início da noite dessa quinta-feira, depois de sete horas de julgamento no Fórum de Santa Bárbara. Machado foi condenado por tentativa de homicídio triplamente qualificado. A defesa informou que vai recorrer da decisão, mas ele não poderá apelar em liberdade.

A questão que norteou o julgamento foi a motivação do ato. Enquanto o Ministério Público tentava comprovar a tese de tentativa de homicídio, a defesa argumentava que não era possível comprovar essa intenção e pedia a condenação apenas por lesão corporal.

Na época do crime, a criança tinha apenas 17 dias de vida. O bebê caiu na casa de um vizinho, sobre uma pilha de restos de concreto e areia. A cabeça dela ficou a centímetros da ponta de um vergalhão.
De acordo com a mãe da criança, o crime aconteceu após uma discussão do casal. Ela teria dito ao funileiro que iria deixá-lo após ele chegar em casa para o almoço de Dia das Mães embriagado. Na versão apresentada por ela, o então companheiro retirou a filha dos seus braços e a arremessou.

O promotor Rodrigo Aparecido Tiago alegou que o crime foi cometido por motivo fútil (após discussão com a ex-esposa) e com emprego de meio cruel. Também argumentou que o fato do homem estar embriagado “não retira sua responsabilidade penal”.

“Ninguém joga um recém-nascido por cima do muro com a intenção de apenas lesionar”, afirmou Tiago.
O defensor Eduardo Bonfim tentou mostrar aos sete membros do júri que não haveria motivação para a tentativa de homicídio.

“Ele cometeu sim um crime, um ato gravoso, um ato até as vezes repudiante, mas falar daí que ele fez isso com a intenção de matar uma criança de 18 (17) anos (dias)?”, indagava o advogado aos jurados e ao próprio promotor, com o qual chegou a trocar farpas, o que exigiu a intervenção da juíza Camilla Marcela Ferrari Arcaro. O homem já estava preso e foi levado para Tremembé.

Julgamento teve tensão entre promotor e ex-esposa de réu

Durante o julgamento, houve tensão entre a ex-esposa do réu e o promotor Rodrigo Aparecido Tiago. Nos dois momentos em que o representante do MP citou casos de mulheres que perdoaram os parceiros agressores, a ex-esposa deixou o salão do júri.

Os comentários ocorreram pelo fato da mulher ter dito em depoimento anterior que atualmente não está com Machado, mas que “ninguém sabe o dia de amanhã”. Ao LIBERAL, ela confirmou que deixou o local por causa da fala do promotor e por achar que o assunto não era pertinente. “Eu não sou ré nem vítima”, comentou.

A mulher acredita que o ex-esposo não quis matar a filha “em nenhum momento” e que o caso foi “um momento de bebedeira”, “um momento de bobeira”. Questionado pelo LIBERAL, o promotor defendeu a relevância do tema para a decisão do júri.

“A linha de raciocínio desse caso é de que por alguma razão que não compete a mim julgar por que, a mãe da recém-nascida aparentemente perdoou a conduta do acusado. Ela tem os motivos dela, mas não compete a mim julgar”, citou.

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