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RESULTADO PODE TER SIDO INFLUENCIADO

MP pede para investigar exame de motorista que matou pastor atropelado

Exame não constatou embriaguez; defesa alegou demora de horas para retirar sangue e que motorista foi medicado antes

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13 de junho de 2021, às 08h28 • Última atualização em 13 de junho de 2021, às 08h29

Caminhonete bateu em poste após atropelar pastor (destaque) em SB – Foto: Ernesto Rodrigues / O Liberal e Reprodução / Facebook

O MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo) pediu nesta quinta-feira (10) para a polícia investigar as condições do exame de sangue do motorista que matou um pastor atropelado há seis meses em Santa Bárbara d’Oeste.

A informação consta nos autos do processo judicial do caso. O órgão pede nova perícia se possível e quer o prontuário do atendimento do motorista para saber se ele foi medicado, o que pode ter alterado o resultado do exame. O MP-SP ainda não ofereceu denúncia contra o motorista.

O exame de sangue saiu em maio, cinco meses após o ocorrido, e depois de demora que travou a investigação.

Apesar dos relatos de testemunhas unânimes quanto aos sinais de embriaguez do motorista, o exame não constatou embriaguez (detectou 0,4 grama de álcool no sangue por litro, enquanto o necessário é de 0,6 g/L).

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A defesa da família do pastor Jhonnatan Guimarães, de 28 anos, pediu nesta semana o detalhamento do laudo do exame de sangue do motorista de 54 anos que atropelou e matou a vítima em alta velocidade no dia 30 de dezembro de 2020, na Vila Molon.

O motorista dirigia uma caminhonete Toyota Hilux, atingiu uma motociclista, atravessou uma pastelaria com clientes e bateu em um poste que fica ao lado do Parque dos Jacarandás.

Além do pastor e da motociclista, mais três pessoas ficaram feridas. Após o acidente, o motorista não saiu do carro, ficou sem prestar socorro, e não conseguia se comunicar. Na delegacia, ele alegou que teve um mal súbito e que toma remédios controlados.

O pedido
A defesa alegou no pedido que o primeiro depoimento de testemunha registrado na delegacia, de um guarda municipal que atendeu a ocorrência, teve início depois das 21h, pelo menos quatro horas após o acidente, ocorrido por volta das 17h.

O motorista foi levado para o hospital para atendimento, foi medicado e liberado, e só depois dos depoimentos que houve a retirada do sangue.

A defesa da família do pastor, formada por membros da Franzin Advogados, argumenta que “o significativo lapso temporal somado à provável medicação do investigado pode ter afetado o resultado do exame de dosagem alcoólica”.


Os advogados citam ritmo definido pela linha Widmark, que cita que o nível de álcool no sangue diminui de 0,1g para 0,15g por hora.

Apontam ainda que várias testemunhas apontaram sinal de embriaguez e que o delegado não pediu exame toxicológico ao motorista para ver se houve uso de substância psicoativa.

“Ganha essencial importância saber o exato horário da coleta do sangue e ter acesso ao prontuário médico completo do investigado a fim de apurar os medicamentos que foram ministrados antes da coleta do referido material, pois podem ter influenciado no exame”, diz o texto.

A defesa finaliza o documento frisando que, mesmo horas depois do acidente, o resultado do exame do motorista (0,4 g/L) ficou próximo de registrar embriaguez (0,6 g/L).

A decisão
A promotora de Justiça, Luciana Belo Steluti alegou que questões sobre o horário da retirada de sangue do motorista no dia do acidente já são suficientes e pediu à polícia judiciária que “esclareça se existe material hemático (sangue) preservado para eventual perícia complementar”.

Luciana requereu ainda que seja expedido ofício judicial ao hospital onde o motorista foi atendido, no Pronto Socorro Afonso Ramos, “requisitando-se a remessa do prontuário médico de atendimento”.

O que dizem?

A reportagem já havia pedido à prefeitura e requisitou novamente prontuário do atendimento do motorista, mas não obteve retorno.

A SSP (Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo), foi questionada dos pedidos do MP.

Em nota, respondeu que a Polícia Civil de Santa Bárbara ainda não foi notificada a respeito da decisão judicial e que quando for, “as devidas providências serão tomadas”.

A defesa da família do pastor disse que não vai comentar o andamento do caso. A reportagem não conseguiu contatar nem o motorista e nem seu advogado, Lélio de Moraes Alves Junior.

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