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ECONOMIA

Incubadora de empresas tem ‘taxa de sucesso’ de quase 80% em S. Bárbara

Das 54 que passaram pelo local desde 2004, 79% continuaram ativas; local reúne de soluções industriais à fábrica de pirulitos

Por Heitor Carvalho

07 de março de 2021, às 08h51

A incubadora de empresas “José João Sans”, no Jardim São Francisco, em Santa Bárbara d’Oeste, tem sido essencial para a criação e o funcionamento de empreendimentos na cidade.

Incubadora José João Sans está localizada no Jardim São Francisco; atualmente, oito empresas funcionam no local – Foto: Marcelo Rocha – O Liberal.JPG

Desde a sua fundação em 2004, 54 empresas passaram pelo projeto, sendo que 79% delas ainda estavam ativas após o fim da parceria, até o início da pandemia.

Para o professor de engenharia química Valter Luís Zuliani Stroppa, de 37 anos, a incubadora foi essencial para a realização de um antigo sonho.

Criada em meados de 2017 e incubada desde janeiro de 2018, a empresa Chocolatec, fundada por Stroppa e seu irmão, produz chocolates com baixo teor de açúcar e baseados exclusivamente na gordura do cacau, sem adição de outros tipos de gorduras vegetais.

A Chocolatec é uma das oito empresas atualmente incubadas no projeto. Os setores são os mais variados, desde agricultura familiar e bactérias para cervejas até fabricação de pirulitos e soluções industriais.

Valter é natural de Marília e é formado em engenharia química pela UEM (Universidade Estadual de Maringá), no Paraná, além de ter feito mestrado e doutorado sobre a produção de chocolates na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

Veio morar em Santa Bárbara em 2016 após começar a trabalhar como professor na Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba) e sempre teve a vontade de criar um empreendimento no ramo de chocolates.

“Um amigo meu disse que tinha uma empresa na incubadora. Daí eu comecei a desenvolver dentro da empresa desse colega. Começamos, demos umas patinadas, mas acho que é natural de todo o começo”, contou.

“A Chocolatec nasceu aqui dentro. É bem familiar”, descreve Valter, que trabalha com a esposa em um dos onze boxes na sede da incubadora barbarense, localizada em um galpão na Rua Tupis.

Apesar dos tropeços e do início das medidas de quarentena por conta da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), o resultado desde então, segundo Valter, tem sido bastante favorável

“Tivemos um resultado melhor do que eu pensava graças a todo o apoio que a gente teve. No dia em que chegamos com as nossas embalagens aqui, o comércio fechou. E, mesmo assim, nós conseguimos pagar nossas contas”, comemora.

INCUBAÇÃO. Os empresários incubados têm direito a uso do box por dois anos, período que pode ser prorrogado por mais um ano. Após o fim desse prazo, a empresa deve ceder espaço para outro empreendimento.

Por conta das dificuldades impostas pela pandemia, no entanto, algumas empresas conseguiram postergar por seis meses adicionais a saída da incubadora.

O projeto é mantido pela Prefeitura de Santa Bárbara, que paga o aluguel das instalações e a maior parte dos custos fixos, enquanto que a Unimep mantém um gestor para fazer a interação entre as empresas e o mercado.

O Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e o Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) também entram na parceria, através da disponibilização de orientações e cursos de capacitação.

“Fora isso nós temos nossas próprias ações de desenvolvimento. Como indicadores internos, com medidas de desempenho das empresas, o que a gente monitora a cada três meses”, explica Daniel Luis Garrido Monaro, de 34 anos, que atua como presidente da incubadora desde 2015.

Daniel, que também é professor de meio ambiente na Unimep desde 2014, disse que há um processo de seleção das empresas interessadas em participar do programa de auxílio oferecido pela instituição.

“Nós incubamos qualquer tipo de projeto, mas desde que tenha viés de inovação ou apelo social. Queremos empresários que busquem conhecimento”, afirmou.

“Com relação aos profissionais que fazem parte da incubadora, buscamos desenvolver habilidades sociais e integradoras, além das competências técnicas que eles conseguem no desenvolvimento das suas atividades profissionais”, concluiu.

De acordo com Daniel, a crise pela qual passa a Unimep, que inclusive ocasionou no fechamento do campus no município, não vai afetar a parceria com a incubadora.

Suporte ajuda na criação de negócios próprios

Formado em engenharia mecânica, Leandro investiu em um produtora de cafés gourmets, que funciona atualmente nas dependências da incubadora – Foto: Marcelo Rocha – O Liberal.JPG

O engenheiro mecânico Leandro Silveira Amaral, de 34 anos, criou a Roasters Three Brothers, que produz cafés gourmets com torrações específicas, dentro da incubadora.

Ele nasceu no município de Piraí, na região de Volta Redonda, no estado do Rio de Janeiro. O nome da empresa é em homenagem aos seus dois irmãos, mas eles não participam da gestão do negócio.

Morador de Americana há 16 anos, Leandro veio para a cidade com toda a família depois que seu irmão mais novo passou em um teste para jogar futebol no time do Rio Branco.

Depois, passou a trabalhar como técnico de manutenção e iniciou um curso superior de engenharia mecânica na Unimep. Foi na universidade que a curiosidade pelo café surgiu.

“Começou com um sonho. Sempre tive vontade de trabalhar por conta. Minha curiosidade era saber o porquê de o café ser preto. Daí fiz um curso de barista em São Paulo, me encantei e descobri que a bebida não precisava ser preta”, contou ele ao LIBERAL.

“Depois surgiu um dinheiro para investir e comprei uma máquina de torração. Fiz um curso de torra e comecei a elaborar um projeto”, explicou Leandro.

No final de 2019, o engenheiro decidiu fazer o TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) sobre o tema “análise de viabilidade de implementação de torrefação de café”.

“Apresentei o projeto na Unimep e consegui uma vaga aqui. Aprovaram por eu apontar os pontos de torra e qual sabor cada um deles traz ao café”, lembrou.

“O suporte que a incubadora fornece tem sido muito bom para mim. Eles dão suporte em treinamento e gestão. Isso mudou muito a minha mente. Eu era um técnico de manutenção e estagiário em engenharia e passei a ter um negócio próprio”, concluiu.

IDEIA DA FILHA. Em 2017, após a filha, a fotógrafa Paty Balbino, ter dificuldade com fundos fotográficos improvisados, ela pediu para o pai, o serralheiro e funileiro César Balbino dos Santos, de 56 anos, para criar um suporte específico para essa função.

“Antes disso ela tinha que ficar colocando fita crepe na parede, como muitos fazem até hoje”, contou. O suporte modular retrátil criado por César agradou a filha e foi a partir desse produto que surgiu a empresa CriativoStiq.

César, que nasceu em Londrina, no Paraná, e mora na região desde 1978, tentou procurar serralherias que pudessem produzir o suporte em série, mas não encontrou nenhum interessado.

“Eu disse para ela: ‘vamos montar uma fábrica e fazer nós mesmo. E foi o que eu fiz, comprei os equipamentos necessários para escalar a produção”, disse.

Em novembro de 2018, depois de procurar o Sebrae em busca de orientação, César ficou sabendo da incubadora de Santa Bárbara.

“Eu vim aqui e apresentei o projeto. Eles gostaram por ser um produto único. Já até entrei com o pedido de patente, mas é um processo demorado”, disse.

O equipamento, que ainda não era retrátil em seu primeiro protótipo, foi sendo aperfeiçoado ao longo do tempo para se tornar mais prático para a venda comercial.

Agora, seu tamanho pode ser personalizado de acordo com o pedido do cliente e já foi até exportado para Arábia Saudita e para os Estados Unidos.

“É de suma importância para qualquer empresa que vai empreender. O aporte que você tem na questão de formação da mentalidade de um empresário é muito bom. São detalhes que fazem a diferença na hora de a empresa sobreviver ou morrer”, afirmou.

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