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Covid-19

Família de enfermeira que morreu de Covid-19 acusa hospital de negligência

Filho da enfermeira Maria de Lourdes Barbosa disse que a mãe contraiu coronavírus dentro do Hospital Samaritano Campinas

Por Marina Zanaki

02 de junho de 2020, às 21h51 • Última atualização em 02 de junho de 2020, às 22h27

A família da enfermeira aposentada Maria de Lourdes Barbosa, de 67 anos, moradora do Jardim Pérola, em Santa Bárbara d’Oeste, que morreu no último sábado (30) com coronavírus, acusa o Hospital Samaritano de Campinas de negligência. O hospital foi procurado, mas informou que vai passar informações sobre o atendimento somente à família.

Familia de Maria de Lourdes Barbosa acusa hospital de negligência – Foto: Facebook/Reprodução

Os familiares apontam que ela deu entrada na unidade para fazer tratamento de uma bactéria no pulmão e acabou sendo contaminada com Covid-19 dentro do hospital.

“O que aconteceu com a minha mãe acabou, não vou ter de volta. Mas as mães de outras pessoas podem receber a mesma negligência”, declarou o filho da enfermeira, o engenheiro de produção Marlon Rodrigo Barbosa, de 42 anos.

“Se eu coloco minha mãe para fazer tratamento de uma enfermidade, não quero receber informação do hospital que ela faleceu depois de 22 dias com outro problema que não tinha nada a ver com o que a gente levou ela”, afirmou.

Ele contou que Maria de Lourdes foi internada em um quarto comum para tratamento da bactéria no dia 8 de maio.

Por orientação médica, ela foi transferida à UTI (Unidade de Terapia Intensiva) no dia 15 de maio com a justificativa que seria monitorada 24 horas por dia.

Ele lembra que conversou com o médico que a atendeu sobre o risco de contaminação por coronavírus, já que além do problema pulmonar a idosa também sofria de diabetes e hipertensão. A família recebeu a garantia que os pacientes com a doença estão ficando em isolamento.

Entre os dias 15 e 23 de maio, a família ficou aflita pela falta de notícias da idosa. Marlon disse que o hospital não entrava em contato para atualizá-los e que, ao ligar para a unidade, dificilmente era possível conversar com o responsável.

No dia 23, Marlon e um irmão estiveram no hospital para cobrar atualizações do quadro de saúde da mãe. A partir daí, a família teve atualizações diárias por telefone – no dia 23, foram informados que ela estava bem e havia feito um teste para coronavírus.

Segundo Marlon, o hospital justificou que estava realizando esses testes em todos os pacientes que davam entrada na UTI respiratória. O resultado havia sido negativo.

No dia seguinte, 24 de maio, a informação médica era que Maria de Lourdes estava evoluindo. Em quatro dias, ela deveria voltar ao quarto para concluir o tratamento. Nessa ocasião, o hospital confirmou que a paciente havia testado negativo para coronavírus.

Contudo, na segunda-feira (25), a ligação trouxe um outro quadro. “O médico falou que a situação dela tinha se agravado, que teria que ser entubada e tinha testado positivo para Covid. O que eu tenho de entendimento é que o hospital negligenciou alguma coisa”, afirmou o engenheiro.

A idosa morreu na noite de sábado. Por conta do coronavírus, não foi possível realizar velório e Maria de Lourdes foi enterrada na manhã de domingo. Ela deixa cinco filhos.

Marlon contou que a idosa estava isolada em casa desde o início de março, sem ver nenhum dos filhos, justamente para evitar qualquer contaminação por Covid.

“Se tivesse tido o ciclo do problema da bactéria, complicações por conta disso e vindo a óbito, o sofrimento não ia ser tão grande quanto saber que morreu pelo coronavírus. Muito triste a situação de uma pessoa tão querida ter que ficar envelopada, dentro de saco, a funerária coloca o corpo no caixão lacrado, e não pudemos nem fazer velório”, lamentou Marlon.

A família enviou um e-mail à ouvidoria do hospital relatando os problemas e cobrando explicações sobre a contaminação, mas até a publicação desta reportagem não houve resposta.

Nesta terça, Marlon esteve no hospital para solicitar acesso ao prontuário da mãe. Os documentos devem ser liberados em 10 dias úteis, segundo ele.

O Hospital Samaritano foi procurado pelo LIBERAL e disse que mais detalhes do atendimento médico “serão informados somente às pessoas legalmente competentes e às partes relacionadas ao caso, diante do sigilo médico e da proteção à intimidade da paciente”.

NOTIFICAÇÃO
A Prefeitura de Santa Bárbara d’Oeste informou nesta terça a notificação da morte de Maria de Lourdes. A cidade contabiliza quatro mortes provocadas pela doença.

No total, 58 moradores da cidade testaram positivo para o coronavírus. Desses, 34 estão curados.

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