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Bellagio

Ex-PM fazia ‘escala’ de segurança em bingo clandestino de Santa Bárbara

Ex-militar é apontado como o responsável por intermediar o contato com os agentes públicos para vigiar bingo clandestino de Santa Bárbara

Por André Rossi

05 de novembro de 2019, às 10h41 • Última atualização em 05 de novembro de 2019, às 11h02

Além dos cinco policiais presos nesta segunda-feira na Operação Bellagio, que apura o envolvimento dos agentes em um bingo clandestino na Vila Dainese, em Santa Bárbara d’Oeste, um ex-policial militar e outras quatro pessoas também foram detidas. A operação foi deflagrada pelo MP-SP (Ministério Público de São Paulo).

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O ex-PM, que não teve o nome divulgado, foi expulso da corporação e é apontado pela investigação como o responsável por intermediar o contato com os militares e montar a escala de serviço, atuando como “gerente” do espaço. A data e o motivo do desligamento não foram informados.

“Talvez pela facilidade por ter sido PM, ele mantinha contato com os outros (militares), cooptando eles para trabalhar no local. O ex-policial era o gerente do bingo e tinha contato com os demais PMs”, ressaltou o promotor de Justiça do Gaeco Piracicaba, André Camilo Castro Jardim.

Foto: Marcelo Rocha / O Liberal
Promotor André Camilo Castro Jardim forneceu detalhes da investigação da Operação Bellagio

De acordo com o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime) de Piracicaba, braço do MP e responsável pela operação, os dois policiais civis presos recebiam até R$ 2 mil de propina por mês para não investigar denúncias sobre o bingo. Já os três policiais militares lucravam de R$ 50 a R$ 100 por dia para fazer a segurança do local.

“Os policiais militares realizam a segurança do local. Ao menos um policial militar presente era exigência dos líderes da organização. Já os policias civis recebiam essas vantagens para que investigações em relação a exploração dos jogos de azar não fossem realizadas”, explicou

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A propriedade do bingo era dividida entre três pessoas, duas mulheres e um homem – eles também foram presos. Os valores apreendidos estavam nas casas de dois deles, segundo o Gaeco, Não havia laços familiares entre as lideranças.

“Havia revezamento no local, primordialmente entre o homem e uma das mulheres, mas os três coordenavam tanto as atividades no local quanto as paralelas de administração do dinheiro”, explicou André.

Os dez envolvidos tiveram a prisão preventiva decreta e responderão por associação criminosa e exploração de jogo de azar. Os PMs, que também responderão por corrupção, foram encaminhados para o presídio militar Romão Gomes, em São Paulo.

Os 10 mandados de prisão e os 20 de busca e apreensão foram expedidos pela 1ª Vara Criminal de Americana e cumpridos por 170 policiais militares e seis policiais civis, além de promotores de justiça.

Foram apreendidos R$ 200 mil em dinheiro vivo, 105 munições intactas e 27 deflagradas, nove cigarros de maconha, 61 comprimidos de êxtase, um adesivo de LSD, duas porções de maconha e um eppendorf de cocaína. Itens utilizados no bingo também foram apreendidos, como sete globos para sorteio dos números e 108 cartelas. Não havia máquinas caça-níquel no local.

Os três policiais militares tinham mais de dez anos de corporação, eram lotados no 19º BPMI (Batalhão de Polícia Militar do Interior) e atuavam tanto em Americana quanto em Santa Bárbara. Um dos policiais civis era plantonista da CPJ (Central de Polícia Judiciária de Americana), enquanto o outro trabalhava como carcereiro; ambos trabalhavam como policiais desde o final dos anos 1980. 

As investigações continuam para esclarecer como eram feitas as movimentações financeiras. Não está descartada a participação de outros policiais no esquema.

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