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SEGURANÇA

Dois delegados respondem por cinco delegacias em Santa Bárbara

Segundo sindicato, situação reflete o quadro atual no Estado de São Paulo

Por Ana Carolina Leal

15 de junho de 2022, às 07h33

Santa Bárbara d’Oeste, cidade com aproximadamente 195 mil habitantes, tem atualmente dois delegados para responder por três DPs (Distritos Policiais), uma DDM (Delegacia de Defesa da Mulher), a delegacia do município e a cadeia.

Ao todo, a cidade possui três delegados, mas um deles, Gelson Barreto, está de férias e possivelmente, na sequência, deve se aposentar.

Secretário geral do Sindpesp (Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo), Alexandre Zakir afirma que a falta de delegados em Santa Bárbara reflete o quadro atual no Estado de São Paulo.

De acordo com ele, a Polícia Civil paulista deveria ter 41.912 policiais, mas conta com 26.383, um déficit de 15.529, que representa a maior defasagem da sua história.

1º Distrito Policial: cidade também sofre com déficit de investigadores e escrivães – Foto: Arquivo / Liberal

Titular do 3º DP, em Santa Bárbara, Gabriel Fagundes Toledo Netto responde também pelo 2º DP e ainda é escalado para trabalhar em aproximadamente seis plantões por mês.

Já o titular da delegacia do município, Antônio Donizete Braga, fala também pelo 1º DP, DDM e cadeia. O LIBERAL questionou o delegado sobre essa situação, mas não teve resposta.

O número insuficiente de delegados, no entanto, não é o único problema da Polícia Civil, em Santa Bárbara. O município sofre com déficit de investigadores e escrivães. São 10 investigadores, seis escrivães e quatro agentes.

Os investigadores ficam concentrados na delegacia do município, se revezam entre férias, plantões aos finais de semana, escolta de presos, condução de expediente, entrega de intimações e cumprimentos de ordem de serviço.

Um policial civil que não quis se identificar disse que não existe investigação na cidade, que crimes pontuais são esclarecidos pelo fato de já haver algum suspeito.

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Como consequência, crimes graves seguem sem esclarecimento. É o caso da morte de Jeferson Luiz da Silva, de 36 anos. Ele foi executado com tiros de fuzil e pistola em novembro do ano passado, na Cidade Nova. Também segue sem desfecho, o caso de um corpo carbonizado de um homem encontrado em uma galeria pluvial, em setembro de 2021, no Vale das Flores, no Centro.

“A região tem um dos déficits mais graves do Estado. O Deinter-9, com sede em Piracicaba, que abrange Santa Bárbara d’Oeste, tem apenas 48% dos policiais previstos por lei. Esse déficit de 52% está muito acima da média estadual, de 36%”, enfatiza o secretário geral do sindicato.

Quanto aos escrivães, os inquéritos só não estão paralisados porque funcionários da prefeitura e estagiários foram “emprestados” para trabalhar na função de escrivão.

Ex-secretário Nacional de Segurança Pública, José Vicente da Silva Filho defende racionalização no número de delegacias e redistribuição do efetivo da polícia pelo estado. “Para uma cidade de quase 200 mil habitantes, duas delegacias seriam mais do que suficientes. E uma delas poderia atender os casos hoje direcionados à DDM. É preferível ter duas boas delegacias do que ter quatro”, afirma.

NECESSIDADE. Em nota, a SSP (Secretaria de Segurança Pública) do Estado de São Paulo informa que a distribuição de policiais civis para as unidades é feita com base na necessidade do serviço, considerando o número de habitantes de cada circunscrição policial, bem como a quantidade de ocorrências e de procedimentos instaurados na região.

A nota ressalta ainda que a região conta com a DIG (Delegacia de Investigações Gerais) e a Dise (Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes) de Americana, que são unidades especializadas e auxiliam nas investigações dos municípios, quando solicitadas.

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