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Mercado

Trabalho informal ocupa 65% dos empregos na RPT

Segundo levantamento referente a dezembro, cidades com maior índice são Sumaré e Hortolândia, onde números ultrapassam os 70% da mão de obra ocupada

Por Marina Zanaki

15 de fevereiro de 2020, às 08h25 • Última atualização em 15 de fevereiro de 2020, às 12h23

O trabalho informal responde por 65% da mão de obra ocupada nas cinco cidades da RPT (Região do Polo Têxtil). De acordo com levantamento da Acic (Associação Comercial e Industrial de Campinas), das 604.964 pessoas que exercem atividade remunerada na região, 398.765 atuam na informalidade. Os dados são referentes a dezembro de 2019.

Caracteriza-se como trabalho informal aquele que é realizado sem carteira assinada. Entram nessa categoria tanto os profissionais que atuam por meio de contratação PJ (Pessoa Jurídica), prestando serviços a uma empresa, quanto aqueles que realizam atividades popularmente conhecidas como “bicos”.

Foto: João Carlos Nascimento / O Liberal
Karina e Matheus, da Praia Azul, vendem queijos e doces para completar a renda

Essa é a situação do casal Karina Fabiana Fernandes, de 33 anos, e Matheus Bueno, de 36 anos, moradores da Praia Azul. Apesar de Karina possuir um vínculo formal de emprego como líder de produção de uma empresa têxtil, o salário não é suficiente para pagar as contas.

Matheus está na dependência da definição de sua situação junto ao INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social) após sofrer um acidente. Enquanto isso, as contas não param de chegar e o casal se viu em um “beco sem saída”, como eles mesmos definiram.

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Em novembro, começaram a vender queijos e doces mineiros. Com entregas em Americana, Nova Odessa, Santa Bárbara d’Oeste e Piracicaba, o trabalho ajuda a complementar a renda do casal e a pagar a pensão da filha de Matheus.

“É bem difícil para muita gente, não só para nós. Digo que o Brasil precisa dar oportunidades, não somente às pessoas com ensino. É muito bom, mas infelizmente muitas pessoas não conseguem recorrer ao ensino”, declarou Matheus.

Karina disse que o dinheiro que conseguem levantar com as vendas ajuda a quitar dívidas que começaram a se acumular quando os rendimentos do marido pararam.

“Não pagamos aluguel porque moramos em dois cômodos que meu pai cedeu depois que meu marido sofreu acidente, mas ainda temos contas pra pagar, alimentação. Resolvemos fazer algo para gerar dinheiro e pagar contas”, contou Karina.

Professor da Faculdade de Economia da PUC (Pontifícia Universidade Católica) Campinas, Candido Ferreira Filho disse que a informalidade acaba tornando mais lenta a retomada econômica, já que o consumo fica restrito.

“Quando está no informal, a pessoa está querendo sobreviver. É lógico que nessa informalidade não tem como fazer grandes planos para o futuro, tudo que exige muito investimento, como um imóvel ou veículo, demanda segurança, renda constante”, analisou o economista.

O levantamento realizado pela Acic foi feito com base em dados do Ministério do Trabalho e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

NÚMEROS

A cidade com maior percentual da mão de obra empregada na informalidade é Sumaré (75%), seguida de Hortolândia (72%).

Em Americana, 53% dos trabalhadores atuam na informalidade. A primeira vez que a cidade observou mais da metade de sua mão de obra nessas condições foi em 2017.

Os percentuais de informalidade nas cidades de Santa Bárbara e Nova Odessa são de 65% e 50%, respectivamente.

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