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Educação

Restrições geram queda nas matrículas do EJA na região

Período de isolamento social representa prejuízo e dificuldade ao ensino para jovens e adultos

Por Maria Eduarda Gazzetta

26 de junho de 2022, às 08h45

A procura de interessados em cursar o EJA (Educação de Jovens e Adultos), o antigo supletivo, em escolas municipais da RPT (Região do Polo Têxtil) diminuiu a partir de 2020, ano em que foram impostas as restrições por conta da pandemia da Covid-19. Os dados foram levantados a pedido do LIBERAL pelas prefeituras da região.

Das quatro cidades que notaram a queda dos matriculados, Santa Bárbara d’Oeste é o município que registrou o maior declínio nas matrículas: 64,7%. Em 2020, havia 71 alunos matriculados, atualmente são 25. O curso oferecid gratuitamente na cidade é de 1ª a 4ª série para jovens acima de 15 anos, adultos e idosos, no CEC (Centro Educacional e de Convivência), na Vila Boldrin.

Turma do EJA no Ciep Philomena Magaly Makluf Rossetti, no São Vito, em Americana – Foto: Prefeitura de Americana / Divulgação

Assim como o município vizinho, a rede municipal de Americana registrou um declínio, com de 36,1% menos matrículas no atendimento do EJA para os anos iniciais do Ensino Fundamental. Em 2020, as escolas tinham 47 estudantes; em 2022, 30 pessoas se matricularam para as aulas.

Em Hortolândia, a prefeitura mantém duas turmas do EJA por semestre, que acontecem em duas unidades escolares. O número de matrículas registradas no programa em 2020 foi de 563 alunos. No entanto, no primeiro semestre deste ano, 438 pessoas se interessaram em cursar o EJA, uma queda de 22% de matrículas.

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Em Sumaré, o recuo chegou a 46,6%. No primeiro ano da pandemia, o município chegou a registrar 238 alunos no programa. Agora a cidade viu o número de interessados no EJA despencar para 127.

Para Caroline Jango, doutora em educação pela Unicamp e diretora geral do Instituto Federal de São Paulo, no campus de Hortolândia, os baixos números estão relacionados com o período de pandemia. Para ela, o isolamento social afetou a cultura escolar em estudantes do ensino médico e, principalmente, do EJA.

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“Essas pessoas já estão em situação de vulnerabilidade social e viram no ensino a possibilidade de melhoria de vida. Só que estudar tem um custo financeiro e de tempo. Para alguém voltar a estudar não é fácil e, neste período de pandemia, eles também tiveram a barreira do ensino virtual, a grande maioria não tem acesso a equipamento e conhecimento básico para a transposição para a internet”, comenta a especialista.

Ainda segundo Caroline, é necessário criar políticas públicas com busca ativa a este público-alvo. “O EJA tem que construir a demanda, para que eles possam retomar ao programa. Com os jovens e adultos é um desafio imenso agora”, conclui.

SEM QUEDA
O único município da RPT que não apresentou queda nas matrículas foi Nova Odessa. A administração municipal informou que mantém uma turma de EJA do Ensino Fundamental 1, na Emefei (Escola Municipal de Ensino Fundamental e Educação Infantil) Dante Gazzetta, no Centro.

“Não houve perda de matrículas ou abandono pós-pandemia, e a porcentagem de procura para esse segmento continua a mesma dos anos de 2020 e 2021”, relata a diretora de Ensino do município, Denile Tupynamba.

A cidade, contudo, não informou à reportagem quantos alunos se inscreveram no programa nos três últimos anos.

Matrículas no EJA
Número de alunos nas turmas abertas desde 2020 em quatro cidades

Americana
2020 – 47
2021 – 34
2022 – 30

Santa Bárbara d’Oeste
2020 – 71
2021 – 31
2022 – 25

Hortolândia
2020 – 563
2021 – 447
2022 – 438

Sumaré
2020 – 238
2021 – 168
2022 – 127

*Nova Odessa não detalhou os números.

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