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Covid-19

Região prevê 142 novos leitos na preparação para coronavírus

Assunto é um dos principais dentro do planejamento contra pandemia; previsão é que 15% dos doentes precisem de internação

Por Marina Zanaki

08 de abril de 2020, às 08h27 • Última atualização em 08 de abril de 2020, às 16h41

Diante da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) e do aumento diário de casos no País, as cidades da região têm adotado medidas para aumentar o número de leitos de UTI (Unidade de Terapia) e de enfermaria. Estão previstos 142 novos leitos nas cidades de Americana, Nova Odessa e Santa Bárbara d’Oeste.

O assunto é um dos principais dentro do planejamento para os efeitos da pandemia na região. O motivo é que, do total de infectados, segundo especialistas ouvidos pela reportagem do LIBERAL, 10% vão precisar de internação para receberem cuidados, como o uso de cateter de oxigênio.

Foto: Marcelo Rocha / O Liberal
Santa Bárbara está montando um hospital de campanha em um prédio da Unimep, com 50 leitos de média complexidade

Outros 5% são pacientes que vão precisar de internação em leitos de UTI (Unidades de Terapia Intensiva) para usar ventilação mecânica.

Mesmo esse percentual pequeno pode significar uma grande demanda por leitos, a depender de quantas pessoas se infectarem com a doença.

Professor da Faculdade de Medicina da Unesp Botucatu e membro do Comitê de Contingência de coronavírus do Estado de São Paulo, Carlos Magno Fortaleza lembra a situação dramática da Itália, na qual a necessidade de leitos acima da capacidade fez com que médicos precisassem decidir qual paciente seria atendido.

“Quem você decide salvar, quando só tem um respirador e quatro pessoas precisando? Esse tipo de escolha eu nunca tive que fazer na minha vida de médico e eu espero nunca ter que fazer, jamais. Por isso que estamos nos prevenindo, e a única maneira é o distanciamento social, não existe outra maneira”, alertou o profissional.

O Hospital Municipal de Americana já conta com uma área pronta para atendimento exclusivo de casos suspeitos de coronavírus. O local possui com 16 leitos comuns e outros 10 de UTI adulta.

“O HM está em busca de alugar ou adquirir mais respiradores para ampliar essa oferta”, explicou a prefeitura.

O Hospital Municipal de Nova Odessa vai instalar 10 novos leitos comuns. A prefeitura está montando um hospital de campanha, que terá 30 leitos, dos quais dois serão semi-intensivos.

Santa Bárbara d’Oeste está montando um hospital de campanha em um prédio da Unimep com 50 leitos de média complexidade. Há a capacidade para até 100 leitos no local.

O Hospital Santa Bárbara disponibilizou espaço para 26 novos leitos para o SUS, dos quais 16 são de enfermaria e 10 de UTI na unidade.

Segundo o presidente da instituição, Aparecido Donizete Leite, esses últimos foram disponibilizados mediante promessa do Estado de equipá-los. Cada um dos leitos precisa de um respirador, que custa até R$ 60 mil.

A Secretaria do Estado da Saúde disse que está avaliando a proposta da Santa Casa de Santa Bárbara d’Oeste.

O professor Luis Angelo Ozan Maligieri, CEO da Inforhealth Educação e Excelência em Saúde e coordenador de pós-graduação na Fundação Hermínio Ometto, lembrou que a abertura de leitos demanda outros recursos.

“O Ministério da Saúde está enfrentando dificuldade na compra de respiradores, de equipamentos individuais, de equipamentos de proteção, de profissionais para esse número de leitos”, analisou.

A tendência é que, caso haja mais pacientes do que leitos de UTI, as pessoas serão encaminhadas para outras cidades por meio da Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde.

Em Campinas, há três hospitais com atendimento SUS que podem, eventualmente, receber paciente da região – o Hospital das Clínicas da Unicamp, o Mário Gatti e o Celso Pierro.

Professor de Medicina da PUC-Campinas e diretor Clínico do Hospital Celso Pierro, Carlos Augusto de Mattos explicou que o hospital está aumentando de 15 para 25 o número de leitos de UTI para o SUS.

“Se todo mundo chegar no mesmo mês, nem assim [com aumento de leitos] vai dar conta. O isolamento é para isso, para que pessoas cheguem mais diluídas nas semanas. Senão pode acontecer igual foi na Itália, não tem onde colocar as pessoas”, diz.

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