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Covid-19

Região é ‘problemática ao extremo’ para contágio da Covid-19

Estudo indica que disseminação da Covid-19 no interior se dará por vizinhança e pela presença de importantes eixos rodoviários ligados a São Paulo

Por Marina Zanaki

12 de abril de 2020, às 07h59 • Última atualização em 13 de abril de 2020, às 08h39

Americana está em uma região “problemática ao extremo” para a circulação do novo coronavírus (Covid-19). O alerta é do professor da Faculdade de Medicina da Unesp (Universidade Estadual Paulista) e membro do Comitê de Contingência de coronavírus do Estado de São Paulo, Carlos Magno Fortaleza.

A universidade realizou um estudo que mapeou as duas formas pelas quais a Covid-19 vai atingir o interior do Estado. Uma delas é por meio da vizinhança e a outra é a presença de importantes eixos rodoviários ligados a São Paulo. Americana se encaixa nessas duas situações.

Foto: Fernando Giordano / Divulgação
Rodovia Anhanguera, que passa por Americana, é considerada uma das artérias de transmissão no Estado

Segundo Fortaleza, a cidade faz parte da chamada “macrometrópole” de São Paulo, que inclui a região metropolitana da capital e a RMC (Região Metropolitana de Campinas).

“As pessoas normalmente vão e voltam da Grande São Paulo nessa região com muita frequência. Esse círculo foi estudado por geógrafos por anos, e hoje estamos percebendo que os casos estão se dando dentro desse círculo também. Mesmo que não estejam mais recebendo, elas já receberam pessoas infectadas de São Paulo”, afirma o professor.

Campinas tem ao menos 107 casos positivos e cinco mortes, e já é a cidade com mais casos confirmados da doença fora da Região Metropolitana de São Paulo, junto com o município de Santos.

A lógica, de acordo com o professor, é a mesma que explica a concentração de casos nas três cidades com os maiores aeroportos internacionais do país – São Paulo, Rio de Janeiro e Fortaleza.

O outro modelo de transmissão para o interior do Estado está relacionado às rodovias. Ele citou que mesmo cidades distantes da capital podem ver disparar rapidamente os casos por conta dos eixos rodoviários. Municípios como São José do Rio Preto, Presidente Prudente e Bauru se encaixam nessa situação.

“A região de vocês é problemática ao extremo. Ela tanto faz parte da macrometrópole quanto está à margem de uma artéria principal do estado de São Paulo de transmissão, que é a Rodovia Anhanguera”, afirma Fortaleza.

O professor explica que os modelos matemáticos apontam que a doença deve explodir no interior entre a segunda e terceira semana de abril, e que o pico será em maio.
“As cidades com mais de 200 mil habitantes nesses eixos rodoviários e as cidades, independente do tamanho, dentro da macrometrópole, têm que intensificar mais o isolamento”, alerta o professor.

O Comitê de Contingência estima que, em um cenário sem isolamento social, as mortes no estado de São Paulo cheguem a 277 mil em seis meses. Caso o isolamento seja de 50%, ainda devem morrer 111 mil pessoas.

A Secretaria de Estado da Saúde informou que o isolamento social caiu 13% na semana passada e que as mortes por Covid-19 aumentaram 152%.

“Ninguém está falando de situação de suposição. Temos o exemplo da Itália para nos basearmos. Nossos colegas relataram ter que fazer escolha de Sofia. Quem você decide salvar, quando só tem um respirador e quatro pessoas precisando? Esse tipo de escolha eu nunca tive que fazer na minha vida de médico e eu espero nunca ter que fazer, jamais”, diz Fortaleza.

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