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Covid-19

Região do Polo Têxtil chega à marca de mil mortos pelo novo coronavírus

Em meio ao aumento de casos, RPT alcança triste número; vítima mais velha tinha 104 anos e a mais nova apenas quatro

Por Marina Zanaki

09 de janeiro de 2021, às 08h16 • Última atualização em 09 de janeiro de 2021, às 08h18

A RPT (Região do Polo Têxtil) chegou nesta sexta-feira à triste marca de 1.000 mortes pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19). São mil vidas que deixaram pais, filhos, companheiros, amigos e um vazio que não pode ser preenchido.

A cidade de Sumaré lidera, com 291 óbitos, seguida de Americana, com 227 mortos, e Santa Bárbara, com 181 vidas perdidas. Hortolândia já registrou 181 pessoas mortas pelo vírus e Nova Odessa, 60.

Comercianten Nencir Antônio Zangiácomo foi morto pelo coronavírus em setembro, aos 83 anos – Foto: Ernesto Rodrigues / O Liberal

A tradicional banca de tabaco no Mercado Municipal de Americana terá para sempre a ausência de Nencir Antônio Zangiácomo. O comerciante foi morto pelo coronavírus em setembro, aos 83 anos.

Um dos boxes mais antigos do Mercadão terá por muitos anos as marcas de seu trabalho. Nencir está presente nas prateleiras que construiu com as próprias mãos, na balança antiga, na máquina de calcular já sem uso mas guardada com carinho, e na presença das filhas Silmara Zangiácomo Furlan e Solange Zangiácomo. Elas assumiram o negócio para homenagear o pai. Uma forma, talvez, de preencher o vazio deixado pelo luto.

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“Eu e minha irmã pensamos, o que vamos fazer? Vender ou ficar com a banca? Mas os clientes mesmo vinham e falavam que não podia fechar, é tão tradicional. E a gente também com aquele valor sentimental, sempre com a família. Essa banca é desde a época do meu avô, quando abriu o Mercadão”, recorda Silmara.

A banca deixou de ser Tabacaria e Mercearia N. A. Zangiácomo e foi batizada de Tabacaria do Patrão, como Nencir era conhecido.

Silmara e Solange Zangiácomo e a foto do pai, Nencir, morto pela doença: legado no Mercadão – Foto: Ernesto Rodrigues / O Liberal

“É a alma dele, estamos tentando manter isso vivo de certa forma. Papai viveu do jeitinho que ele quis, e está contente que estamos tocando esse negócio”, disse Silmara. “A gente escuta do pessoal que gostavam de vir aqui e conversar, ficar falando com ele. Isso de certa forma fortalece a gente, é um legado”, definiu a comerciante.

Nencir teve uma vida longa e plena. Foi casado, teve duas filhas e trabalhou com amor durante 43 anos no negócio herdado do pai.

Perfil
Na região, a pandemia matou 38 pessoas que não tinham completado sequer 40 anos, a idade que Nencir tinha ao assumir a banca no Mercadão.
A faixa etária com mais vítimas é dos 60 aos 69 anos, que contabiliza até o momento 268 mortes. A vítima mais velha na região tinha 104 anos, e a mais jovem, apenas quatro.

Cerca de 61% das vítimas eram homens e 39% eram mulheres. O mês em que mais pessoas morreram foi julho, com 278 óbitos.

Ao longo de dez meses de pandemia, muitos profissionais de saúde na linha de frente no combate deram depoimentos à reportagem sobre a luta que enfrentam diariamente.

Talvez um dos mais fortes e que explicam a garra desses profissionais na assistência à vida, mesmo diante do negacionismo à pandemia, seja o da fisioterapeuta Patricia Fassina, de Nova Odessa.

“Quem está ali doente é o amor de alguém, pode não ser o meu e nem o seu, mas é o amor de alguém”, disse em julho ao LIBERAL.

Nesta sexta, a região contabilizou 1.000 amores que se foram, deixando apenas o vazio da saudade.

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