Covid-19
Quarentena é estendida até 31 de maio no Estado
Anúncio foi feito nesta sexta-feira pelo governador João Doria; medida é necessária para enfrentar o aumento de casos de coronavírus
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08 de maio de 2020, às 12h44 • Última atualização em 08 de maio de 2020, às 19h31
Link da matéria: https://liberal.com.br/cidades/regiao/quarentena-e-estendida-ate-31-de-maio-no-estado-1201204/
O governador João Doria (PSDB) anunciou nesta sexta-feira (8), em coletiva de imprensa, que a quarentena no Estado será estendida até 31 de maio.
“Gostaria de dar uma notícia diferente da que vou dar agora. Mas o cenário é desolador. Teremos que prorrogar a quarentena até 31 de maio”, afirmou o governador.
A medida já era prevista por especialistas para Americana e região, conforme publicou o LIBERAL, que consideravam que a cidade integra uma região considera problemática ao extremo, pela alta circulação de pessoas e pela proximidade com cidades populosas e afetadas pelo vírus, como Campinas e São Paulo.
Havia expectativa, porém, que a reabertura pudesse ser permitida à parte dos municípios do Estado, mas a manutenção foi definida de forma unânime pelo Comitê de Contingência criado pelo governo paulista para nortear as ações contra o vírus em São Paulo.
Para argumentar a prorrogação da quarentena, Doria citou que houve aumento de 3300% no mês de abril no número de casos de coronavírus confirmados em cidades do interior e do litoral do Estado.
A cidade de São Paulo é o epicentro da pandemia no Brasil, com 39.928 casos confirmados de contaminação pelo novo coronavírus e 3.206 mortes.
Nas cinco cidades da RPT (Região do Polo Têxtil), foram confirmados até agora 220 casos positivos e 18 mortes. A mais recente foi confirmada nesta sexta-feira pela Prefeitura de Americana.
“Estamos todos atravessando o pior momento desta pandemia. Só não reconhece aqueles que estão cegos pelo ódio ou pela ambição pessoal”, afirmou Doria.
“Autorizar o relaxamento agora seria colocar em risco milhares de vida, o sistema de saúde e, por óbvio, a recuperação econômica”, acrescentou o governador.
Reveja abaixo a transmissão do pronunciamento e da entrevista do governador.
Tanto o secretário estadual de Saúde, José Henrique Germann, quanto o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, defenderam que a taxa de isolamento nos municípios do Estado precisa aumentar, ficando entre 55% e 70%.
Na quarta-feira (6), o número de cidades monitoradas pelo governo que alcançou 55% era de apenas oito.
Na região, bem como no Estado, o índice de isolamento vinha apresentando queda. Conforme mostrou o LIBERAL, em Americana, o índice satisfatório, acima de 50%, só durou nas duas primeiras semanas de quarentena.
Nas últimas semanas, a taxa de isolamento tem variado entre 42% e 48% nos dias de semana e entre 49% e 57% aos sábados, domingos e feriados.
Pressão
A quarentena para conter o coronavírus está em vigor no Estado desde 24 de março, quando Doria determinou a medida em decreto.
O fechamento de atividades não essenciais, que afetou, principalmente, o setor de comércio e serviços, foi antecipado pelas prefeituras da região, como Americana e Santa Bárbara d’Oeste.
As duas cidades determinaram o fechamento de parte das atividades comerciais logo no dia 21 de março, quando Doria fez o anúncio de que decretaria a quarentena.
Nas últimas semanas, entretanto, prefeituras e entidades têm feito apelos ao Governo do Estado para que as medidas fossem flexibilizadas, mas a administração estadual não recuou.
Em Americana e Santa Bárbara, comerciantes e moradores chegaram a promover ao menos três carreatas pedindo a reabertura e até mesmo a saída do governador.
Criticado pelo governo estadual como atos pró-pandemia, uma das manifestações reuniu cerca de 1,2 mil veículos e 2 mil pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar.
Americana
Membro do Comitê de Contingência do Coronavírus de São Paulo, criado para nortear as ações do governo no Estado, o professor da Unesp Carlos Magno Fortaleza disse ao LIBERAL na quarta-feira (6) que não haveria reabertura na próxima semana em Americana.
“A decisão é do governador, mas eu entendo que uma cidade como Americana certamente não se enquadra nas cidades onde pode ser permitido abrir o comércio e todo mundo sair à rua”, afirmou o médico na quarta-feira.
Professor da Unesp de Botucatu, ele lembrou que a curva da doença ainda é ascendente no País – e a situação não é diferente na região.
“Americana é uma cidade de grande risco, como são todas as cidades grandes e muito conectadas. Temos Americana muito conectada com Campinas e Piracicaba, grandes focos regionais de difusão da doença”, alertou.
Atualmente, Americana tem 55 casos e quatro mortes.