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100 dias de quarentena

Quarentena completa 100 dias marcada por mudanças forçadas

LIBERAL reuniu histórias de moradores que retratam como a pandemia adiou planos e modificou expectativas

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02 de julho de 2020, às 07h57 • Última atualização em 02 de julho de 2020, às 08h03

Iniciada em 24 de março para combater a proliferação do novo coronavírus (Covid-19), a quarentena no Estado de São Paulo completa 100 dias nesta quinta-feira e ainda está longe acabar.

O LIBERAL reuniu histórias de moradores da região que mostram como a crise sanitária forçou mudanças. Desde adiar uma festa de casamento, por exemplo, até rever metas profissionais e lidar com as incertezas em relação ao que será o “novo normal” pós-pandemia.

Casal Gustavo e Pamela não conseguiu adiar cerimônia no cartório e agora sonha com festa – Foto: Endrigo Andrietta

Depois de 11 anos de namoro, a arquiteta Pamela Alexandre de Souza, 28, dedicou boa parte do ano passado para planejar todos os detalhes do seu casamento com o mecânico automotivo Gustavo Zanini da Silva, 29.

A cerimonia religiosa seria na Paróquia São Domingos, em Americana. Já a festa para 120 convidados aconteceria no salão Sollazzo Eventos, em Santa Bárbara d’Oeste. Para a lua mel, uma viagem até Salvador. Na volta, o casal se mudaria para o sonhado apartamento.

Todo esse cronograma foi por água abaixo com a pandemia, já que a data do casamento era 23 de maio. Para agravar a situação, o casal não conseguiu adiar a cerimônia no cartório e teve de concretizar a união civil para não perder o dinheiro investido.

“Foi bem triste porque os pais não podiam entrar. Só podia entrar as testemunhas [padrinhos] mesmo, com máscara, e o juiz. Todas as fotos que a gente tem são com máscara. Depois, para sair para comemorar, você não tem onde ir. Tudo fechado. Fomos para casa e fizemos um almoço só nós quatro, eu, Gustavo e os padrinhos”, contou Pamela.

O casamento na igreja e a festa foram adiados para 4 de setembro. O casal sabe que a probabilidade de poder realizar as cerimônias é pequena, já que o “Plano São Paulo” só permite eventos que causem aglomeração na fase 5 (azul).

Com isso, a tendência é de que a celebração seja adiada para o ano que vem. Mesmo assim, o casal nem pensa em abrir mão do sonho.

“Já esperamos tanto tempo. Um ano a mais não é o que eu gostaria, claro, mas dá para esperar”, disse Pamela.

Viviane iniciou novo negócio, mas foi surpreendida pela situação – Foto: Marcelo Rocha / O Liberal

O momento totalmente atípico dificultou a vida de quem estava abrindo o próprio negócio. Viviane Rampo Galdezani, 35, deixou o emprego e, junto com o esposo, adquiriu uma franquia da Ecodecor, especializada em papel de parede líquido.

Localizada no Jardim Ipiranga, a unidade abriria as portas no dia 21 de março, o que acabou não acontecendo.

“Estava começando agora um desafio. Trabalhava como empregada e de repente ia ser proprietária de uma loja. Aí a hora que aconteceu tudo isso ficamos um pouco desesperados. Não podíamos abrir e as contas vinham”, relembrou Viviane.

Com a flexibilização do comércio devido ao fato da região estar na fase 2 (laranja) do Plano São Paulo, a loja finalmente foi inaugurada em 1º de junho. A procura, no entanto, está abaixo do esperado.

“Está bem devagar. As pessoas não estão querendo gastar muito devido ao que está acontecendo. Tem bastante gente vindo conhecer o produto por ser algo novo, gera curiosidade, mas para fazer obra mesmo é muito pouco. Espero que logo, logo tudo isso melhore. Está complicado para todo mundo”, disse a empresária.

Já os estudantes que se preparam para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) vivem um período de completa incerteza, pois há possibilidade de não haver prova neste ano. A rotina de estudos a distância também afetou o aproveitamento dos alunos.

É o caso da americanense Gabriele Tarley, 19, que pretende cursar Design na USP (Universidade de São Paulo), uma das instituições que permite o acesso com base no desempenho do Enem.

“Estou fazendo cursinho virtual, mas não estou conseguindo manter uma rotina de estudos. O EAD está sendo bem complicado para mim, mas não vou desistir do Enem caso a USP continue usando a nota do Enem para poder entrar. Meu foco é a USP”, comentou a estudante.

No terceiro ano do ensino médio, a barbarense Maria Eduarda Giacomini, 17, vai prestar o Enem, mas já considera a possibilidade de ter de fazer cursinho no ano que vem.

“Não estou tendo a mesma base que eu teria estudando na escola, onde temos mais foco. O professor está lá na nossa frente. Em casa a gente acaba tendo outras coisas para fazer também. E acho que foi difícil para os professores se adaptarem e passarem atividades para a gente fazer em casa”, opinou.

Podcast Além da Capa
Os eleitores brasileiros ainda não sabem em que data irão às urnas neste ano para escolher novos prefeitos e vereadores. Diante dessa indefinição, como se comportam as campanhas em Americana e região nesse momento? Afinal, considerando a data originalmente prevista (4 de outubro), faltam menos de 100 dias para as eleições. Nesse episódio, o editor Bruno Moreira recebe o repórter André Rossi e editor-executivo e chefe de reportagem do LIBERAL, João Colosalle, para discutir o cenário regional.

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