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CLT

Pesquisa aponta que 45% dos contratados têm entre 18 e 29 anos

Mais jovens têm substituído os mais velhos em vagas de emprego na RPT (Região do Polo Têxtil), diz especialista

Por Leonardo Oliveira

08 de março de 2020, às 12h06 • Última atualização em 08 de março de 2020, às 17h40

Quase metade das pessoas contratadas com carteira assinada em 2019 na RPT (Região do Polo Têxtil) tem entre 18 e 29 anos de idade, segundo dados do Ministério da Economia.

Ao todo, foram 88,4 mil postos de trabalho gerados na região no ano passado. Destes, 39,8 mil foram ocupados por funcionários desta faixa etária, o que representa 45% das oportunidades de emprego.

Essas contratações foram, geralmente, feitas em substituição a empregados mais velhos, segundo especialista ouvido pelo LIBERAL.

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Foto: João Carlos Nascimento / O Liberal_7.6.2018
Processo seletivo atraiu centenas de pessoas na busca por uma vaga em 2018, em Americana

O setor da indústria da transformação, que gerou o saldo mais positivo (diferença entre contratações e demissões) de emprego para os jovens, com 1.616 novas oportunidades, foi também aquele onde pessoas entre 50 e 64 anos mais perderam postos de trabalho (1.075).

Os mais velhos deste setor ganhavam salário médio de R$ 3,5 mil. Os novos contratados, mais jovens, têm remuneração que varia entre R$ 1,5 mil e R$ 2,1 mil.

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Os dados foram compilados a pedido do LIBERAL pela economista Eliane Rosandiski, que utilizou como base o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério da Economia.

Para a economista, integrante do Observatório PUC-Campinas, isso indica a estratégia de redução de custos das empresas.

“Essa substituição do jovem, na indústria em especial, é claramente uma economia de custo. Porque a indústria tende a pagar muito bem. Então no momento em que ela está optando contratar um trabalhador que ganha 70% do que é um trabalhador mais velho, ela está substituindo aqueles postos onde ele pode fazer uma economia de custos”, destaca.

Para a psicóloga e coordenadora de recrutamento e seleção da A Executiva, de Nova Odessa, Kelly Cristina Campanholo Alves, as empresas estão buscando um novo perfil de profissionais, com menos experiência, mas com maiores conhecimentos técnicos e com mais cursos.

“Desta forma a empresa consegue desenvolver o colaborador dentro de sua real necessidade, moldando este profissional de acordo com suas necessidades, evitando a contratação de profissionais que já possuem grande bagagem de conhecimento de outras empresas e também muitas vezes alta pretensão salarial”, disse.

A alternativa para a faixa etária acima dos 40 anos é a inserção na economia “uberizada”, um perfil de ocupação mais informal, diz a economista. Ela diz acreditar que a situação será piorada com a MP (Medida Provisória) Verde Amarelo, que tem a prerrogativa de gerar vagas para jovens que ainda não tiveram seu primeiro emprego e, para isso, mexe nos direitos trabalhistas.

“Já o jovem está submetido a uma lógica que é ter menos direitos e, além de tudo, você vai forçar que ele fique em um padrão de remuneração abaixo dos R$ 1,5 mil. É praticamente a linha da pobreza, que é justamente R$ 1,6 mil”, argumenta Eliane.

Em 2019, foram 6,7 mil pessoas admitidas com idade entre 50 e 64 anos, o que representa 7,6% do total de contratados na RPT no ano passado. Somente dos 16 aos 29 anos houve mais contratações do que demissões.

Nas demais faixas etárias o saldo de emprego foi negativo. A pior situação é justamente dos 50 aos 64 anos – neste caso, foram 6.738 contratações e 8.804 demissões, saldo negativo de 2.066 empregos. Os reflexos desse modelo, embora não sejam imediatos, serão sentidos, diz Eliane.

“Os jovens são identificados como menos resistentes às mudanças nos processos de trabalho e aceitam horários mais estendidos. Ou seja, é mais fácil que o jovem se adapte ao padrão mais flexível de trabalho. Esta marginalização sempre houve, mas agora a distância é maior”, finaliza.

Para a coordenadora da A Executiva, os mais velhos devem sempre se atualizar em relação a área de atuação. “Cursos e treinamentos de atualização são sempre muito bem vistos mesmo para profissionais com anos de experiência”, finaliza.

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