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COVID-19

Pandemia é maior desafio para secretários de Saúde de Americana, Santa Bárbara e Nova Odessa

Responsáveis pelas pastas da Saúde em Americana, Santa Bárbara d’Oeste e Nova Odessa apontam caminhos percorridos em meio a cenário inédito em suas carreiras

Por Bruno Moreira

13 de junho de 2020, às 09h46 • Última atualização em 13 de junho de 2020, às 09h58

Secretaria considerada carro-chefe em qualquer administração pública, a Saúde foi colocada à prova há três meses em Americana, Santa Bárbara d’Oeste e Nova Odessa.

No dia 11 de março, a OMS (Organização Mundial da Saúde) classificou o surto do novo coronavírus (Covid-19) como uma pandemia e, dessa maneira, atualizou o modo como o mundo passaria a lidar com o vírus ainda pouco conhecido.

Entre tantas fileiras de comando em cada um dos entes da federação, a figura do secretário de Saúde representa a autoridade local para lidar com o tema, ao abastecer o Executivo com informações que sustentam a tomada de decisões e ao gerenciar as correntes que permitem que a engrenagem da estrutura municipal continue girando – além do combate à pandemia, também com as atribuições ordinárias do setor.

Gleberson Miano comanda a pasta da saúde – Foto: Marcelo Rocha / O Liberal_30.8.2019

Entre segunda (8) e terça-feira (9), em um momento de guinada na demanda regional pelo sistema público, o LIBERAL ouviu os responsáveis pelas pastas nos três municípios, integrantes da RPT (Região do Polo Têxtil), sobre os três meses de pandemia e identificou em todos eles a percepção de que estão diante do maior desafio de suas carreiras: organização de equipes – isso inclui lidar com o abalo na saúde mental de profissionais – e a administração de recursos na compra de insumos, equipamentos e serviços compõem, basicamente, o cenário pelo qual se responsabilizam.

 “Sem dúvida, é lidar com a incerteza de tratamento”, responde o secretário de Saúde de Americana, Gleberson Miano, ao ser questionado sobre a maior dificuldade entre aquelas que se somam no combate à doença.

Nessa cadeira há dois anos e oito meses, ele esteve por outros 12 anos como técnico de enfermagem no próprio Hospital Municipal Dr. Waldemar Tebaldi e outras unidades antes de ingressar no Direito e assumir uma vaga na equipe jurídica da Fusame (Fundação de Saúde de Americana).

“Nós temos vários estudos, mas não temos certeza de nada. Não temos um remédio que cure, não temos a vacina. Não temos leitos com respiradores suficientes, caso venha um surto muito grande. O que o secretário tem hoje a seu favor, mesmo que muitos critiquem, é o isolamento social” – a entrevista ocorreu na manhã de terça-feira; à tarde, o Estado enviou cinco respiradores para Americana e, no total, 22 para a RPT.

‘Vulnerabilidade’

Em paralelo, Gleberson também entende que “a grande diversidade de informações e de opiniões” contribui para colocar o gestor em situação de “vulnerabilidade” na tomada de decisões.

Como antídoto a isso, ele opta por consultar médicos, infectologistas, enfermeiros e outros profissionais do ramo no dia a dia. “Muita gente que sabe muito do assunto tem muita dúvida e muita gente leiga no assunto está cheia de certeza”, afirma.

Funcionária de carreira na Secretaria de Saúde de Santa Bárbara e no posto de secretária há quatro anos, Lucimeire Rocha considera que o cenário desenhado pela pandemia da Covid-19 não guarda paralelo com experiências anteriores vividas na pasta, mesmo as mais negativas.

“Nós não tivemos essa experiência num município ou estado vizinho. Nós estamos aprendendo com o dia a dia. Isso demanda uma energia muito diferente. O planejamento tem que ser redobrado e nem sempre pode ser seguido até o final, ele muda a todo tempo, dia a dia”.

“Estamos aprendendo com o dia a dia”, diz secretária de Santa Bárbara – Foto: Arquivo / O Liberal

Por isso, ela elenca o desgaste dos profissionais que atuam na rede como uma problemática fundamental a ser encarada, já que eles estão posicionados no contato direto com quem chega às unidades em busca de atendimento.

“Esse momento, além do dinamismo necessário, traz pânico, medo, incerteza. É uma junção de emoções que a gente nunca viu, eu nunca vi”, elenca Lucimeire, que, inclusive, foi infectada pelo novo coronavírus no mês passado.

Orçamento

Medida comum entre os municípios, tomada às vésperas do início da quarentena, ainda em março, o estado de calamidade decretado pelas prefeituras teve o intuito de agilizar ações como a aquisição de equipamentos, insumos e serviços, a partir da dispensa de licitação.

Ao mesmo tempo, inflacionou preços de fornecedores de itens como EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) e incluiu na rotina das pastas a necessidade de pesquisar e negociar, tendo em vista, ainda, a lupa colocada sobre suas ações dado o contexto atípico.

O secretário de Saúde de Nova Odessa, Vanderlei Cocato, afirma que “os preços antes da pandemia eram uma coisa, os valores de quando se iniciou a pandemia até hoje são diferentes” – ele está no cargo há três anos e seis meses.

“É necessário ter máscaras, gorro, protetor facial, luvas, insumos, mas, ao mesmo tempo, saber a qualidade do que está sendo adquirido”.

Secretário de Saúde, Vanderlei Cocato, vem pedindo que a população se conscientize da importância do isolamento – Foto: Talita Bristotti – O Liberal

Para essa finalidade, ele destaca a formação de comitês de compras (para análise financeira e execução das aquisições através de processos administrativos) e de avaliação (para análise de qualidade e atendimento ao especificado em nota).

Ao lembrar que os órgãos de controle de contas “estão de olho em cima dessas compras”, especialmente por conta dos preços praticados, Cocato também brinca.

“Todos os dias quando eu acordo eu sei que eu vou levar uma pancada, mas não sei de onde vai vir. Secretário de Saúde é assim”.

Flexibilização traz espera por avanço de casos

O País ainda não atingiu o pico de casos do novo coronavírus (Covid-19), e os secretários de Saúde de Americana, Santa Bárbara d’Oeste e Nova Odessa acreditam que a região também não.

Com o início da reabertura da atividade econômica, em curso desde o último dia 1º como parte do Plano São Paulo, eles são unânimes quanto à expectativa de aumento em diagnósticos positivos da doença.

“Daqui 10 a 15 dias a gente deve sentir os efeitos dessa flexibilização”, diz o secretário de Americana, Gleberson Miano.

Ele relaciona a projeção de aumento a eventos anteriores que também reduziram o isolamento social, como o Dia das Mães e antecipação de feriados na capital e no Estado.

“Eu avalio que nós estamos na metade do nosso pico”, afirma o secretário de Nova Odessa, Vanderlei Cocato.

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