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Tóquio-2021

No Japão, ex-moradores da região se dizem contra realização de jogos

Relatos ouvidos pelo LIBERAL demonstram contrariedade com realização de Olimpíada em Tóquio, evento que tem início na próxima sexta-feira; país tem vacinação lenta

Por Marina Zanaki

18 de julho de 2021, às 09h32

Às vésperas da abertura dos Jogos Olímpicos, Tóquio aumentou as restrições por conta do aumento de casos de coronavírus. A capital japonesa entrou em novo estado de emergência e o público nos eventos esportivos foi proibido. Ex-moradores da região que estão no Japão se dizem contra a realização da Olimpíada sem ampla cobertura vacinal.

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Ex-moradora de Americana e residente em Tóquio, a analista de comércio exterior Mayara Assumpção, de 32 anos, acredita que aspectos culturais ajudaram a controlar a pandemia.

Mayara, que vive na capital Tóquio – Foto:

“Os japoneses atendem rigorosamente o que lhes é solicitado pelos governantes. Como o Japão é um país bem antigo, eles já possuem costumes adquiridos com o tempo, como o uso de máscara quando gripados. Isso facilitou muito a contenção dessa pandemia, mesmo considerando a densidade populacional aqui de Tóquio”, avaliou.

Outra faceta cultural, porém, acabou sendo um entrave para frear as novas infecções em um momento crucial. Entre os países ricos, o Japão tem a vacinação mais lenta, situação que tem raiz em uma resistência da população.

Operador de torno em uma montadora, João Paulo Gasparoti, de 33 anos, de Americana, elogiou a atuação do governo japonês contra a pandemia, mas avalia que o país peca em relação à imunização.

João, que é de Americana e hoje vive em Hamamatsu – Foto:

“Noto que a maioria é contra [a realização dos Jogos], assim como eu. Se já estivessem todos vacinados, eu apoiaria a realização, a exemplo do que ocorreu na Eurocopa onde os jogos tiveram uma grande quantidade de torcedores nos estádios”, disse o operador, que reside na cidade costeira Hamamatsu e possui um canal no YouTube onde compartilha curiosidades sobre o país asiático com a esposa, o “Ele & Ela no Japão”.

RESISTÊNCIA. O Japão demorou dois meses para aprovar a aplicação do primeiro imunizante contra Covid, enquanto outras nações da Europa já estavam vacinando. Mesmo depois de iniciada, a cobertura teve avanço lento. No início de junho, cerca de 2% da população havia recebido as duas doses, percentual que cresceu para 17% neste mês.

A lentidão está relacionada a uma resistência da população a imunizantes, que remonta a ocorrências de reações adversas no século passado. Com isso, o governo japonês também é extremamente cauteloso ao aprová-los no país.

Silvia Funayama, de 45 anos, avalia que faltam também equipes capacitadas para a aplicação das vacinas. Ex-moradora do Parque Novo Mundo, em Americana, ela reside na cidade de Toyohashi, onde trabalha em uma empresa de autopeças.

Silvia, de Americana, que vive na cidade de Toyohashi – Foto:

“É complicado, eu penso no lado dos atletas que precisam trabalhar. Mas eu acho que deveriam ter cancelado, pois o mais bacana disso tudo, e que dá forças aos atletas, é o público”, opinou.

INFECTADO. O barbarense Ricardo Souza, de 39 anos, também vive na cidade de Hamamatsu e atua como empreendedor com uma doceria on-line. Ele e a esposa testaram positivo para Covid há um mês. Os dois estão bem, mas ficaram psicologicamente abalados ao enfrentar a doença.

Ricardo, de Santa Bárbara, que chegou a testar positivo – Foto:

“Eu até cogitei ir ver os Jogos antes da pandemia, mas agora nem se eu ganhar os ingressos eu vou”, brincou o empresário.

Ele visitou o Brasil em dezembro de 2020, e notou que a principal diferença entre os países em relação à pandemia é a conscientização. “Independente da minha posição sobre as Olimpíadas, eu amo o Brasil, não existe lugar no mundo melhor que nossa terrinha, e vou torcer muito pelo nosso país nesses Jogos”, brincou.

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