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Covid-19

Morte de menores de 60 anos por coronavírus aumenta 42% na região

Apesar de estabilidade em parte dos municípios, Sumaré e Hortolândia puxaram alta da mortalidade entre não idosos na RPT

Por Marina Zanaki

18 de abril de 2021, às 08h25 • Última atualização em 18 de abril de 2021, às 08h28

A Covid-19 está matando mais pessoas não idosas na RPT (Região do Polo Têxtil) este ano em relação à primeira onda, em 2020. Os óbitos entre menores de 60 anos aumentaram 42% em 2021 na comparação com o ano passado.

Entre março e dezembro de 2020, a Covid matou 256 pessoas que não tinham completado 60 anos. Nos quatro primeiros meses deste ano, já são 362 vítimas abaixo dessa idade, que no Brasil é o que define uma pessoa idosa.

 Mortes pela Covid-19 têm outro perfil em 2021 – Foto: Editoria de Arte / O Liberal

A pandemia continua matando uma quantidade maior de idosos. Contudo, o número de vítimas este ano nessa faixa etária ainda não alcançou os números de 2020 na região. Morreram 740 idosos em 2020, e 701 este ano.

O cenário de aumento de morte de jovens pela Covid-19 foi puxado principalmente pelas cidades de Sumaré e Hortolândia. Nesta última, a quantidade de óbitos de pessoas com menos de 60 anos saltou de 43 em todo o ano passado para 106 nos primeiros meses deste ano.

Em Sumaré, morreram 70 pessoas que não eram idosas em 2020, e este ano a cidade já registra 119 mortes nesta faixa etária.

As duas cidades têm enfrentado forte sobrecarga no sistema público de saúde há várias semanas, com ocupação acima da capacidade e dificuldade de transferência de pacientes para leitos intensivos em hospitais da região.

As prefeituras das duas cidades foram procuradas para comentar a situação, mas não responderam até o fechamento da reportagem.

As cidades de Americana, Santa Bárbara d’Oeste e Nova Odessa apresentam mortalidade entre não idosos em 2021 semelhante a 2020.

O levantamento do LIBERAL considerou dados das pouco mais de 2 mil mortes registradas até agora e divulgadas pelas prefeituras. Em relação a oito óbitos ocorridos na região não há informações sobre a idade. Além disso, há cinco mortes contabilizadas nesse levantamento que foram retiradas da estatística pela Prefeitura de Santa Bárbara por não serem Covid, mas os motivos dos óbitos não foram revelados à reportagem.

Pressão
A sobrecarga no sistema de saúde compromete a qualidade na assistência e é um fator importante para esse aumento na mortalidade de jovens. A opinião é compartilhada pelos infectologistas André Giglio Bueno, da PUC-Campinas, e Raquel Stucchi, da Unicamp.

Paciente chega para ser atendido na UPA Macarenko, em Sumaré – Foto: Marcelo Rocha / O Liberal

“Há muitos pacientes ficando intubados em enfermarias, em prontos-socorros e não em UTIs. Obviamente não está desassistido, mas não está com a melhor assistência disponível. Então a sobrecarga no sistema pode sim ter contribuído com esse grande número de óbitos”, disse André.

“Sem dúvida nenhuma a nossa qualidade de assistência na saúde está pior esse ano do que foi ano passado. Tinha uma maior oferta de leitos, o aumento de casos nunca foi de forma tão explosiva como agora”, comentou Raquel.

“Tivemos dezenas de pacientes aguardando dias para ter leito de internação, e a demora no atendimento adequado sem dúvida nenhuma contribui para uma maior mortalidade”, disse a infectologista.

A circulação no estado da variante P1, identificada inicialmente em Manaus (AM), está ligada à possibilidade maior de provocar doença grave e acometer mais pessoas que não são idosas e nem possuem comorbidades. O próprio aumento explosivo de casos também ajuda a explicar, já que consequentemente mais pessoas estão adoecendo com gravidade.

“É uma faixa etária que teve que sair mais, porque começou a flexibilizar as restrições e a sair para trabalhar. Também pessoas que mais se aglomeraram em encontros, festas, e com a nova variante acaba contribuindo para que essas pessoas adoeçam mais”, disse Raquel.

A infectologista Ártemis Kílaris, de Americana, disse que esse ano tem atendido mais pacientes jovens e que eles dão entrada já com gravidade.

“Se for ver no hospital, hoje temos muitos jovens internados, de 30 a 40 anos. É importante frisar que estamos internando famílias, casos que se internou o filho, na semana seguinte o marido, a esposa, e assim vai”, alertou Ártemis, que atua no Hospital Unimed.

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