28 de março de 2024 Atualizado 12:28

8 de Agosto de 2019 Grupo Liberal Atualizado 13:56
MENU

Publicidade

Compartilhe

Campinas

Médico que morreu atropelado havia bebido e brigou por causa de pizza

Depoimento do vigilante da padaria informou que o neurocirurgião Mário Sérgio da Silva correu para o meio da rua e se jogou no capô do empresário

Por André Rossi

27 de novembro de 2019, às 10h55 • Última atualização em 27 de novembro de 2019, às 10h57

O neurocirurgião Mário Sérgio da Silva, 51, que morreu atropelado no dia 19 de novembro no bairro Cambuí, em Campinas, havia bebido 11 garrafas de cerveja durante a tarde e brigou com funcionários da Padaria Pão do Cambuí por causa de uma pizza de R$ 7,90.

As informações constam no relatório final do inquérito policial que investiga o caso e que foi concluído nesta terça-feira pela Polícia Civil de Campinas com base em depoimento de testemunhas. O empresário Odair Fernando Dimas de Barros, 64, que atropelou o médico, teve a liberdade provisória decretada pela Justiça na segunda-feira.

Foto: Reprodução
Mário Sérgio da Silva trabalhou durante anos no Hospital Santa Bárbara

Mário Sérgio trabalhou de 1993 a 2013 no Hospital Santa Bárbara – inclusive como diretor durante o primeiro semestre de 2003 – e chegou a morar em Americana. Atualmente ele residia em Campinas e trabalhava em um hospital da Capital. Ele foi sepultado em Palestina, sua cidade natal, localizada no norte do Estado de São Paulo.

De acordo com o inquérito policial, uma garçonete do bar Quiosque da Horta, no Jardim Planalto, prestou depoimento e informou que Mário chegou no estabelecimento na hora do almoço, onde teria consumido 11 garrafas de cerveja 600 ml. Um comprovante de pagamento em nome da vítima, no valor de R$ 198, foi entregue aos policiais.

A garçonete narrou ainda que Mário “estava bastante agitado e alterado”, e que teria discutido “o dia todo” com alguém pelo celular. Depois de pagar a conta por volta das 19 horas, o homem deixou o local.

Já o vigia da Padaria Pão da Hora disse em depoimento que Mário chegou no estabelecimento às 20h32 e passou a discutir com os funcionários por causa de uma conta de pizza no valor de R$ 7,90. A situação teria causado indignação em diversos clientes, entre eles Odair Fernando Dimas de Barros.

Foto: Denny Cesare - Código19 - Estadão Conteúdo
Médico e empresário discutiram em uma padaria da Rua Dr. Emílio Ribas momentos antes da colisão

Uma funcionária da padaria ouvida pela polícia disse que o médico estava “extremamente alterado e nervoso”, que dizia coisas sem sentido e falava frases como “Você sabe com quem está falando?”. Em dado momento, Barros teria abordado Márcio e pedido para que parasse de discutir e deixasse o local.

O médico passou a ofender o empresário e chamando-o de “palhaço”, que retrucou dizendo que a vítima era um “retardado”. O vigia do estabelecimento interveio e pediu que Márcio saísse. Enquanto deixava a padaria, o médico teria proferido ameaças contra Barros, dizendo “vem aqui fora”.

O empresário entrou na sua caminhonete, uma Chevrolet S-10, e quando estava passando por uma rotatória, o médico correu para o meio da rua e se jogou no capô, segundo depoimento do vigilante. A vítima escorregou, caiu na via e foi atropelada. O motorista não parou para prestar socorro e deixou o local.

A PM foi acionada para atender a ocorrência e encontraram Márcio sendo socorrida pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), já sem vida.

Populares que estavam na padaria anotaram a placa do veículo e entregaram aos policiais, que foram até a residência do suspeito e realizaram a prisão em flagrante. Em depoimento formal, Barros afirmou que tentou desviar da vítima, mas não conseguiu. Disse ainda que não percebeu que tinha atropelado o médico quando ele caiu, já que não sentiu qualquer alteração ou barulho.

O empresário teve a prisão em flagrante convertida para preventiva um dia depois do caso. Entretanto, nesta segunda-feira, o juiz da Vara do Júri de Campinas, José Henrique Rodrigues Torres, concedeu a liberdade provisória de Barros, sem necessidade de pagamento de fiança.

O magistrado entendeu que não era possível manter a prisão, uma vez que não há sentença penal condenatória, nem denúncia do MP (Ministério Público). O juiz também citava ausência de conclusão do inquérito policial, finalizado um dia depois. Portanto, o homem poderá responder ao processo em liberdade.

O advogado do empresário, Luiz Roberto Teixeira do Nascimento, disse que aguardará as conclusões do MP para se manifestar. A reportagem não conseguiu contato direto com Barros.

Publicidade