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Alternativa sustentável

Frota de veículos elétricos cresce e impõe mudanças

Número de automóveis que não dependem de combustíveis cresceu quase 30% em relação ao quadrimestre passado; para especialistas, é preciso incentivo e preocupação com energia

Por Pedro Heiderich

05 de junho de 2021, às 09h31 • Última atualização em 05 de junho de 2021, às 15h17

Tendência mundial para um futuro mais consciente e preocupado com o meio ambiente, a frota de carros elétricos tem crescido no Brasil. Porém, especialistas alertam para a necessidade de mudanças quando este crescimento aumentar. Além de medidas governamentais de incentivo, é preciso se preocupar com a distribuição de energia.

O professor Darllan da Cunha, do Instituto de Ciência e Tecnologia da Unesp, aponta dados do Inventário de Emissões Atmosféricas do Transporte Rodoviário de Passageiros de São Paulo: carros comuns são responsáveis por 72,6% da emissão de gases do efeito estufa.

“Aumentar o número de carros elétricos contribui fortemente para diminuição da emissão desses gases”, aponta. Cunha cita que na União Europeia a compra de carros elétricos é uma medida incentivada pelos governos.

“Eliminam o imposto para veículos elétricos e dão multas para montadoras que produzirem carros poluentes”.

De acordo com o professor Ennio Peres, do Instituto de Física da Unicamp, o aumento da frota “terá que ser acompanhado de reforço da rede de distribuição de energia elétrica, aumentando potências e capacidades para atender a demanda”.

Movimento no Viaduto Amadeu Elias, um dos gargalos do trânsito em Americana – Foto: Arquivo / O Liberal

Peres destaca que já existem empresas de olho no Brasil. “Não é por acaso que já existem shoppings que instalam eletropostos, porque às vezes é preciso aguardar horas para abastecer completamente o veículo elétrico. Então, você deixa lá enquanto faz compras”.

O mercado de veículos eletrificados no Brasil teve o melhor quadrimestre da série histórica iniciada em 2012 da ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico), com 7.290 veículos novos emplacados de janeiro a abril de 2021. O aumento foi de 29,4% sobre o primeiro quadrimestre de 2020 (5.633 unidades).

Os números reforçam a previsão da ABVE de que o mercado nacional deve ultrapassar a marca de 28 mil eletrificados só em 2021. Se confirmada, representará crescimento em torno de 42% sobre os 19.745 emplacamentos de 2020 – que já tinha sido o melhor ano da eletromobilidade no Brasil, com aumento de 66% sobre as vendas de 2019.

Abril de 2021 foi também o melhor mês da história da eletromobilidade no País, com 2.708 veículos emplacados.

O mês bateu ainda novo recorde de participação dos eletrificados nas vendas totais de autos e comerciais leves para o mercado interno, com 1,6%.
Segundo a Agência Internacional de Energia, as vendas mundiais de veículos elétricos em 2020 alcançaram 4,6% do total (10 milhões). “O Brasil tem de avançar em políticas tributárias de apoio à mobilidade sustentável”, diz Adalberto Maluf, presidente da ABVE.

Thiago Sugahara, vice-presidente de Veículos Leves da ABVE e executivo da Toyota, diz que a indústria brasileira está fazendo a sua parte. “Dos 7.290 carros vendidos no primeiro quadrimestre, 3.360, ou 46%, foram fabricados pela Toyota em Indaiatuba e Sorocaba”.

Nova realidade: o Bolt EV, primeiro carro 100% elétrico da GM no Brasil – Foto: Divulgação

A GM começou a entregar em março de 2020 o Chevrolet Bolt EV, o primeiro carro 100% elétrico da marca no Brasil. Em um ano e dois meses, já são aproximadamente 130 unidades do Bolt EV emplacadas, um terço em São Paulo – a maior parte por empresas.

“Muitos executivos estão optando por carros elétricos não apenas por oferecerem melhor performance, mas para mostrar que o discurso pela sustentabilidade que ele representa é autêntico. Além disso, o carro zero emissão agrega uma imagem visionária a líderes e formadores de opinião”, diz Marcelo Tezoto, diretor de Vendas Diretas da GM.

Segundo o Detran-SP (Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo), na RPT (Região do Polo Têxtil), havia sete carros elétricos emplacados no mês de abril.

Combustível

O professor do Instituto de Ciência e Tecnologia da Unesp, Darlan da Cunha, destaca que a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) confirmou queda de combustíveis fósseis – gasolina e etanol – devido à pandemia, na comparação com 2019.

“Houve uma queda na emissão de gases do efeito estufa, o que contribui para o meio, especialmente em grandes centros urbanos, onde há mais gente trabalhando em casa”, diz Darlan.

O professor da Unicamp, porém, faz um contraponto. “Houve uma redução da circulação de carros de passeio, que trouxe uma melhora na qualidade do ar, sensível. Só que houve aumento de circulação de motos (menos eficientes que carros) e veículos de carga. A circulação e entrega de mercadorias está mais intensa e concentrada”.

Quando houver total relaxamento das restrições da pandemia, a circulação deve disparar. “As pessoas devem viajar, circular mais. E aí o benefício que houve pode ser perdido”.

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