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Região

‘É criminoso permitir contaminação por imunidade coletiva’, diz infectologista da Unicamp

Professor pioneiro no combate à epidemia de Aids no Brasil, Francisco Aoki fez duras críticas à forma como a pandemia está sendo conduzida pelo governo federal

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21 de abril de 2021, às 08h27 • Última atualização em 21 de abril de 2021, às 08h28

O infectologista Francisco Hideo Aoki, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), teceu duras críticas à falta de uma estratégia nacional para controle da pandemia do novo coronavírus (Covid-19).

Em entrevista ao LIBERAL, o médico que esteve à frente do atendimento do primeiro paciente com Aids no país, em 1982, avaliou como “criminosa” a falta de medidas por parte do governo federal contra a Covid-19.

Francisco Hideo Aoki avaliou como “criminosa” a falta de medidas por parte do governo – Foto: Antonio Scarpinetti / Unicamp

Para ele, a estratégia da gestão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) é deixar que as pessoas se contaminem de maneira natural para que adquiram a imunidade coletiva. “É algo criminoso, que não se faz, e estamos vendo aqui no nosso país”, declarou o infectologista.

Ele comentou que mesmo com redução na ocupação de leitos de UTI na região de Campinas nas últimas semanas, os índices ainda estão em um patamar muito elevado. Nesta terça-feira, a taxa de ocupação estava em 81%.

O profissional elencou três medidas essenciais para controle efetivo da pandemia – testagem em massa, isolamento social e vacina para toda a população.

“Isso não vai parar enquanto não tiver pelo menos essas três coisas. Tem muita gente morrendo, ficando com sequelas pós-Covid, realmente uma coisa absurda. Tem que estancar o mais rápido possível, o sangramento está absurdo nessa condição do nosso país”, desabafou o médico.

Aoki apontou que os estados e municípios têm feito “das tripas coração” para tentar controlar a pandemia. “Diferentemente do governo federal, que lamentavelmente não faz. E quem sofre é a população”, disse o médico.

Recomendação de tratamentos ineficazes, desestímulo ao uso de máscaras, falta de uma estratégia para adquirir imunizantes e promoção de aglomeração estão entre as críticas do médico ao presidente Jair Bolsonaro.

“Hoje em dia muita gente está passando fome, há insegurança alimentar para mais da metade da população brasileira. Temos que ter essa noção, senão ficaremos discutindo algo que nem dá para discutir, porque não temos nenhum tipo de governança. Quem deveria ter faz exatamente tudo ao contrário”, finalizou o médico.

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