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Saúde

Clínicas populares expandem mercado e associados na região

Modelo tem consultas e exames a preços acessíveis; desemprego e crise econômica puxaram crescimento

Por Marina Zanaki

01 de março de 2020, às 11h09 • Última atualização em 02 de março de 2020, às 10h37

As clínicas populares e prestadores de serviços na área da saúde ganharam mercado nos últimos anos na região, oferecendo consultas e exames a preços mais acessíveis do que em clínicas particulares.

Desemprego, grandes filas de espera no SUS, perda de poder aquisitivo e redução na capacidade de arcar com convênios médicos são alguns dos motivos observados pelas empresas da região que atuam nesse ramo para a expansão no número de clientes.

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Em Americana, a Cartão de Todos teve o maior crescimento entre 2015 e 2017, quando saltou de 8 mil para 27 mil associados, segundo o gerente comercial Marcos Soares.

No final de 2019, a empresa tinha 36 mil associados ativos. A expansão fez a unidade do município ganhar um prêmio nacional interno por bater recorde de vendas nesse período.

“Chega-se em um ponto de maturação, aí aparecem concorrentes, obriga a se mexer e a reinventar a roda para manter clientes e conseguir novos. Estamos criando outros produtos que vão agregar o cartão, tanto na área de lazer quanto de educação”, contou Marcos ao LIBERAL.

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Há um ano, a Multi Exames começou a oferecer atendimentos de clínica popular em Americana, com procedimentos a preços acessíveis.

De acordo com o representante comercial Antonio Carlos Magri, os próprios pacientes que usavam a clínica questionaram sobre a possibilidade de uma espécie de “cartão de desconto”.

Para atender a demanda, há alguns meses foi lançado o Cartão Saúde Família, que, assim como a Multi Exames, faz parte do grupo Multi Saúde. “Ele passou a existir porque as pessoas começaram a pedir, porque já se criou uma cultura”, avaliou Magri.

Foto: Marcelo Rocha / O Liberal
Juliano Rodrigoes, proprietário da Poupsaúde, avalia que prestação de serviços na área de saúde tende a ser verticalizar

Proprietário da Poupsaúde, empresa com forte presença em Santa Bárbara d’Oeste, Juliano Rodrigues avalia que a principal tendência na área de prestadores de serviços na área da saúde é a “verticalização” nos próximos anos.

“Posso até ter um parceiro externo, uma clínica que faz exames de imagem para a gente. Mas no futuro, a tendência é ter um espaço amplo e grande onde a clínica de imagem estará com a gente no mesmo local”, explicou.

Rodrigues revelou que, nos últimos quatro anos, a posição dos próprios médicos em relação às prestadoras de serviço mudou, com uma maior aceitação dessa modalidade. Segundo ele, alguns profissionais mantêm vínculo com um convênio e com uma clínica popular simultaneamente.

“As clínicas criaram maior presença e o fator de remuneração ficou mais interessante que alguns convênios. Eles também perceberam que é uma tendência – é melhor estar atrelado aos dois mercados em cidades diferentes do que estar em um só”, contou.

A relação entre clínicas populares e o SUS não é de concorrência, podendo inclusive chegar à complementação em alguns casos, segundo representantes de clínicas do setor. “O SUS não é concorrente nosso, porque a consulta deles é gratuita, mais barata que a nossa. Mas a demora lá faz com que as pessoas nos procurem contando que estão esperando consulta com especialista, exames. Estamos preenchendo essa lacuna”, disse o gerente comercial da Cartão de Todos, Marcos Soares.

A adesão a esses prestadores de serviço na área da saúde e clínicas populares varia de R$ 20 a R$ 35 mensais na região, conforme o LIBERAL apurou. Pagando essa “mensalidade”, os associados conseguem um valor mais em conta em consultas e exames credenciados junto à prestadora de serviço.

As consultas, por exemplo, estão na faixa dos R$ 70 – mais baratas do que se o paciente pagar diretamente ao médico, que pode ficar entre R$ 100 e R$ 300, ou até mais dependendo da especialidade.

Cartões de descontos

Apesar de as clínicas populares e os prestadores de serviços serem popularmente conhecidas como “cartões de descontos”, essa modalidade foi proibida na saúde em uma resolução do CRM (Conselho Federal de Medicina) de 2017.

As empresas que prestam esses serviços precisam seguir algumas regras, como não fazer propagandas e nem oferecer promoção relacionada ao fornecimento de cartões de descontos.

Presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Americana, Rafael Garcia lembra que as clínicas estão proibidas, pela resolução do CRM, de atuarem juntamente com estabelecimentos que vendam ósteses, próteses, implantes, produtos, insumos médicos, bem como óticas, farmácias, drogarias, comércio de combustíveis e estabelecimentos de estética.

“É importante o consumidor saber o que está buscando e estar atento em seus direitos. Às vezes, ele busca aquele serviço entendendo que é como um convênio médico, mas nem todos os serviços estão contemplados nessa modalidade”, orienta Rafael.

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