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Região

Celular chega a 7 em cada 10 pessoas que vivem no Polo Têxtil

Celular chega às mãos de 76% dos moradores da Região do Polo Têxtil, mas ainda há quem resista

Por Marina Zanaki

01 de janeiro de 2020, às 15h43

A RPT (Região do Polo Têxtil) possui 760,4 mil linhas móveis em operação, de acordo com dados da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). A cada dez moradores, sete têm um celular, considerando a população estimada em 1,006 milhão de pessoas, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A região está abaixo da média nacional, pois já existe um smartphone por habitante no País, diz a Pesquisa Anual de Administração e Uso de Tecnologia da Informação nas Empresas, realizada pela FGV (Fundação Getúlio Vargas).

Foto: Marcelo Rocha / O Liberal_18.12.2019
Carlinda adora as facilidades do celular, enquanto Clarisvaldo não abre mão do fixo

A cidade da região com mais linhas móveis em operação em relação ao número de habitantes é Americana. São 217 mil linhas e 239 mil pessoas: 0,9 celular por habitante.

Na outra ponta, Santa Bárbara d’Oeste tem 81,5 mil linhas móveis para 193 mil moradores, a menor variação da RPT – 0,4. Pela média, há menos de um celular para cada duas pessoas na cidade.

O casal barbarense Clarisvaldo Velosa, de 79 anos, e Carlinda Domeneghetti Velosa, de 73 anos, são opostos quando o assunto é tecnologia. Ele odeia celulares; ela usa o smartphone o tempo todo.

O que mais incomoda Clarisvaldo é a falta de diálogo nos ambientes “conectados”. “Às vezes você vai no restaurante, vê aquelas pessoas comendo, celular na orelha, tem três falando no celular e a família não se entende. Antigamente sentava na mesa, comia e conversava. Hoje é esquisito, me irrito muito”, conta o aposentado.

Para Carlinda, por outro lado, a tecnologia é uma forma de entrar em contato com familiares que moram longe. “Uso o dia inteiro para falar com minha filha. No Facebook consegui ver parente do Paraná que fazia uns 50, 60 anos que não via. Tenho um monte de parente que se comunica”, afirma a aposentada.

“Acho que só eu que não tenho, que sou diferente”. Assim começa a entrevista com a pensionista Aurora Pedroso, de 84 anos, de Santa Bárbara d’Oeste. Ao contrário do que ela acredita, mais da metade da cidade onde ela mora não possui celular.

Mesmo morando sozinha, a idosa nunca sentiu necessidade da tecnologia. Ela está sempre visitando as vizinhas e utiliza um telefone fixo para conversar com os quatro filhos.

A decisão de não ter um celular é quase ideológica. “Desde o começo, eu não suporto celular. Se estou em um lugar e todo mundo está no celular, eu preciso sair de perto. Hoje em dia ninguém mais conversa, é só o bendito celular. Para mim faz mal isso daí, estamos em quatro pessoas numa sala, que graça tem cada um com seu celular?”, critica.

Apenas celular

Os jovens tendem a abandonar outros dispositivos tecnológicos, como tablets e computadores, e manter apenas o celular. A tendência foi observada pela 30ª Pesquisa Anual de Administração e Uso de Tecnologia da Informação nas Empresas, realizada pela FGV (Fundação Getúlio Vargas). Atualmente, há 230 milhões de smartphones ativos no País.

De acordo com o professor Fernando Meirelles, responsável pela pesquisa, o celular acaba atendendo às necessidades do público, principalmente jovem, melhor que outros dispositivos.

“Primeiro que quanto mais jovem, menos quer outro dispositivo, é uma questão de hábito. Segundo que quanto mais de classe inferior, menos ele tem condições de gastar, e com celular ele resolve várias coisas. Com computador ele não resolve voz, e rede social é mais complicado do que no celular”, analisa.

A pesquisa ainda indica que o mercado de notebooks está estabilizado, enquanto o de tablets e computadores apresenta queda. “O fenômeno é esse, como vai ficar nos próximos anos ninguém sabe, porque ninguém sabe qual ruptura teremos”, completa o pesquisador.

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