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Nova Odessa

Investigação sobre gabinete paralelo do MEC teve início depois de evento em Nova Odessa

Para receber evento, organizador disse que pagou R$ 100 mil à obra missionária; câmara barra apuração

Por Maria Eduarda Gazzetta

28 de junho de 2022, às 07h38 • Última atualização em 28 de junho de 2022, às 07h39

Evento aconteceu no ginásio do Santa Rosa, e contou com o então ministro da Educação, Milton Ribeiro (à esquerda) - Foto: Marcelo Rocha - Liberal - 21.8.2021.JPG

A denúncia de que os pastores Arilton Moura e Gilmar Santos estavam pedindo propina para que municípios recebessem, com vantagem, o gabinete itinerante e verbas do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), começou a ser investigada após o evento realizado em Nova Odessa, em agosto do ano passado.

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A solenidade aconteceu no ginásio do bairro Santa Rosa, com a presença dos dois pastores, do então ministro do MEC (Ministério da Educação), Milton Ribeiro, políticos e secretários da região e do Estado.

Em entrevista ao Fantástico, da Rede Globo, no último domingo, o empresário de Piracicaba Edvaldo Brito, organizador do evento em Nova Odessa, relatou que conversou com o pastor Gilmar em um hotel de Brasília para receber o gabinete itinerante.

Ainda de acordo com ele, os pastores pediram para que ele e o prefeito de Nova Odessa, Cláudio José Schooder, o Leitinho (PSD), fossem até a capital federal gravar um vídeo com o ministro, em que Milton saudava a população da cidade.

Na entrevista Edvaldo disse ainda que, após esse encontro, foi feito um pedido de R$ 100 mil, pelo pastor Arilton, para uma obra missionária. Foi então que amigos do empresário fizeram alguns depósitos nas contas bancárias indicadas pelo próprio pastor.

Foram apresentados extratos que apontam que no dia 5 de agosto, antes do evento, R$ 17 mil foram transferidos para Wesley Costa de Jesus, genro do pastor Gilmar. Para a conta de Luciano de Freitas Musse, ex-gerente de projetos da secretaria executiva do MEC, foram enviados R$ 20 mil. E para Helder Diego da Silva Bartolomeu, genro do pastor Arilton, mais R$ 30 mil.

O organizador do evento começou a suspeitar de propina quando o pastor Arilton exigiu a compra de passagens aéreas. O valor pago nos tickets chegou a R$ 23.964.

No dia do evento, o empresário relatou ao Fantástico que recebeu o pedido de mais R$ 10 mil, a qual recusou. Foi então que, em setembro, Edvaldo denunciou os pedidos ao ex-ministro, que encaminhou para a CGU [Controladoria-Geral da União].

Edvaldo prestou depoimento e outros profissionais também foram ouvidas pela CGU.

No último dia 22, a Polícia Federal prendeu o ex-ministro, os dois pastores, Helder e Luciano. No entanto, no dia seguinte, eles foram soltos e agora respondem em liberdade.

DEFESA. O LIBERAL não conseguiu contato com os advogados. Ao Fantástico, a defesa de Gilmar disse que o pastor não tem memória de ter sido apresentado a Edvaldo e que não sabia que o empresário tinha pagado as passagens aéreas. Sobre os R$ 17 mil transferidos ao genro, Gilmar disse que foi recebido para o pagamento de produção de Bíblias, distribuídas gratuitamente. A defesa do pastor Arilton informou que vai se pronunciar nos autos. Helder não foi localizado.

O advogado de Luciano Musse disse que o cliente nunca recebeu nenhuma espécie de benefício ou vantagem para interferir ou favorecer terceiros no MEC. Já a defesa de Milton Ribeiro afirmou que o ex-ministro não cometeu qualquer ilicitude e que nem ele, nem ninguém tem poder para favorecer pessoas, cidades ou estados, porque há procedimento normal que regula o andamento e avaliação dos benefícios pretendidos.

PREFEITURA. A administração de Nova Odessa foi questionada nesta segunda-feira e informou que apesar de o nome da cidade ter sido envolvido no noticiário sobre o caso, salienta que não pesa nenhum tipo de acusação ou suspeita sobre a prefeitura. A administração esclareceu, ainda, que jamais pagou qualquer valor a pastores ou então servidores federais pela realização do evento oficial do MEC no município.

Base na câmara barra apuração sobre Leitinho

Os seis vereadores da base do prefeito Cláudio José Schooder, o Leitinho (PSD), barraram a abertura de uma CP (Comissão Processante), com proposta de cassação do chefe do Executivo. A denúncia partiu da coordenadora pedagógica Priscila de Cássia Gomes Alcântara, e foi lida na sessão desta segunda-feira.

O documento pede a investigação de fatos ocorridos na atual administração, como a realização do gabinete itinerante do MEC (Ministério da Educação) na cidade e o suposto pedido de propina que tem como pilar central o evento.

“Enquanto as autoridades estão preocupadas em apurar os fatos cabe à câmara a investigação do envolvimento das autoridades em tamanho escândalo”, trouxe o documento.

A denúncia foi aprovada apenas pelos vereadores da oposição, Cabo Natal (Avante) e Wagner Morais (PSDB).

Ainda durante a sessão desta segunda, um grupo de cerca de seis jovens levantou cartazes com dizeres: “Investiguem a Secretaria de Educação”, “Vereadores, por favor, investiguem o escândalo”, “Quem pagou a propina R$ 100 mil?” e “Nova Odessa pede socorro! Carne sem nota, secretário assassinado, escândalo na educação”.

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