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Polícia

Dupla morta em tiroteio em Nova Odessa tinha patrimônio de R$ 12 milhões

Casal era investigado por estelionato e lavagem de dinheiro e foi alvo de operação nesta quinta, mas tiroteio com a polícia terminou na morte dos dois

Por Leonardo Oliveira / Rodrigo Alonso

31 de julho de 2020, às 08h51 • Última atualização em 31 de julho de 2020, às 09h09

O homem e a mulher que morreram em troca de tiros com policiais civis na manhã desta quinta-feira, em uma chácara localizada em Nova Odessa, na região da Chácaras Recreio Represa, tinham um patrimônio declarado de pelo menos R$ 12 milhões.

Os dois mortos são João Dias Junior e Lucimares Monteiro Dias, ambos de 55 anos. Eles eram investigados pelos crimes de estelionato e lavagem de dinheiro.

Um guarda municipal de Cosmópolis também foi baleado no confronto, mas passa bem.

Dupla que teria patrimônio de R$ 12 milhões foi morta em chácara de Nova Odessa – Foto: Marcelo Rocha / O Liberal

Com apoio da DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de Americana, a Delegacia de Cosmópolis pretendia cumprir um mandado de busca e apreensão na chácara.

Quando os policiais chegaram ao imóvel, foram recebidos com disparos de arma de fogo, efetuados por João e Lucimares, que moravam na chácara, conforme o relato da Polícia Civil. Os agentes revidaram, e a dupla morreu no local.

De acordo com a Polícia Civil, o casal estava envolvido em boletins de ocorrência registrados pela região, em cidades como Nova Odessa, Limeira e Cosmópolis. Também há vítimas em Americana.

As denúncias apontam crimes relacionados a transações comerciais. Delegado de Cosmópolis, Fernando Fincatti Periolo apontou, por exemplo, que a dupla vendia lotes de terceiros e, depois, não repassava o dinheiro para eles.

Quando policiais chegaram ao imóvel, foram recebidos a tiros – Foto: Marcelo Rocha / O Liberal

Periolo decidiu fazer a busca e apreensão na casa do casal, após um caso registrado em Cosmópolis, em que a vítima perdeu em torno de R$ 40 mil num golpe com cheque.

Um empresário de Americana, de 35 anos, também está entre as vítimas. O homem fez um serviço de manutenção na chácara, mas, quando ele cobrou pelo trabalho, João o ameaçou. O empresário teria direito a quase R$ 5 mil.

“Nunca mais fui atrás disso aí, porque fiquei meio que com medo”, contou. O caso ocorreu em 2018. A vítima, que pediu para não ser identificada, registrou boletim de ocorrência na Delegacia de Nova Odessa e agora, com a morte dos suspeitos, pretende ir atrás do dinheiro na Justiça.

João e Lucimares possuem cerca de 15 empresas. Duas delas atuam com leilão, e uma delas é investigada pela DIG em um inquérito que apura casos de falso leilão.

Agentes
Ao todo, 12 agentes participaram do cumprimento de mandado. A Polícia Civil apreendeu os revólveres usados pelo casal e colheu depoimento de três funcionários que trabalham na chácara.

Um deles, o porteiro, teria avisado João e Lucimares sobre a chegada dos agentes, por meio de rádios comunicadores – a portaria fica a cerca de 500 metros da casa principal, onde aconteceu o tiroteio.

Casal tinha cerca de 15 empresas, duas delas que atuavam com leilões – Foto: Marcelo Rocha / O Liberal

Na ocorrência, houve a apreensão de dois carros, um trator, três quadriciclos, cinco rádios comunicadores, munição e documentos. A polícia vai investigar se o maquinário tem relação com algum crime.

O delegado da DIG, José Donizeti de Melo, disse que a chácara deve valer em torno de R$ 5 milhões. O imóvel possui pelo menos 20 mil metros quadrados e fica à beira da Represa do Salto Grande.

Os agentes envolvidos na ação também tiveram as armas apreendidas, devido ao tiroteio, que será apurado pela DIG e pela Corregedoria da Polícia Civil.

Guarda baleado
A Prefeitura de Cosmópolis informou, por meio da assessoria de imprensa, que o guarda municipal baleado nesta quinta-feira, em Nova Odessa, não poderia estar na ocorrência.

O Executivo disse ter cedido o profissional para a delegacia da cidade, mas informou que ele só pode realizar serviços administrativos, condição prevista em convênio.

A Secretaria de Segurança Pública de Cosmópolis vai apurar, por meio de um processo administrativo, se houve irregularidade na conduta do guarda ou se ele estava atendendo a uma solicitação do delegado, situação que também seria irregular.

De acordo com a polícia, chácara deve valer em torno de R$ 5 milhões – Foto: Marcelo Rocha / O Liberal

Em coletiva de imprensa, o delegado de Cosmópolis, Fernando Fincatti Periolo, justificou que não esperava uma reação com tiros na ação desta quinta. “Pretendia apreender documentos para uma investigação. Nunca podia imaginar que ia ser recebido assim, à bala”, disse.

A SSP (Secretaria Estadual da Segurança Pública) informou que os fatos serão apurados pela Corregedoria Auxiliar da Polícia Civil em Piracicaba.

Ao todo, 14 servidores da Prefeitura de Cosmópolis estão cedidos à delegacia local, entre os quais há sete guardas. Nenhum deles pode atender ocorrências externas, de acordo com a administração municipal. Porém, Periolo contou que, além do agente baleado, havia mais um guarda na ação realizada em Nova Odessa.

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