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Coleção

Areias do mundo juntas em Nova Odessa

Morador da cidade guarda solo de praias do Brasil e de outros países e trabalha por conscientização; ele já tem 200 amostras

Por Marina Zanaki

15 de dezembro de 2019, às 09h13 • Última atualização em 16 de dezembro de 2019, às 08h23

Foto: João Carlos Nascimento - O Liberal.JPG
Diego Gomes coleciona areia desde os 15 anos

O litoral da Coreia do Sul está a 18.315 quilômetros de distância da cidade de São Sebastião, no norte do Estado de São Paulo. As areias de suas praias são separadas por dois oceanos, o Atlântico e o Índico. Contudo, pedaços dos solos desses lugares opostos no globo estão lado a lado na prateleira da casa do autônomo Diego Veloso Gomez, de 32 anos.

O morador de Nova Odessa coleciona areias de praias desde os 15 anos. A coleção já possui cerca de 200 amostras de diversas partes do Brasil e do mundo. Os resíduos guardados em pequenos potes de vidro evocam memórias de viagens e um desejo de preservar o meio ambiente.

A ideia da coleção surgiu após uma junção de peças. A visão da coleção de esferas com águas dos rios paulistas presente no Museu do Ipiranga somou-se, no imaginário de Diego, a uma cena do filme americano “O Resgate do Soldado Ryan” (1999), que mostra um homem guardando areia do litoral da Normandia, na França. Essas duas referências fizeram sentido quando viajou de carro com a família para a Bahia e ficou incomodado com a sujeira deixada na praia pelos turistas.

“Vi que realmente é preciso salvar as praias. Tem muita bituca de cigarro, plástico. Pensei em fazer uma maneira de conscientizar as pessoas, gerar alertas”, explicou o autônomo.

A maior parte da coleção ele mesmo foi quem pegou, mas sempre que amigos e familiares vão para praias, ele pede um punhado de areia. Dessa forma, estão lado a lado nas prateleiras as areias de Ilhabela (SP) e Porto de Galinhas (PE), Ubatuba (SP) e Barra da Tijuca (RJ), Peruíbe (SP) e as ilhas de Bermudas, no Caribe, Uruguai e Chile. Há até mesmo uma amostra da Normandia, que deu a ideia para a coleção.

Há também areias de dois lugares que não são praias, mas que valem a “exceção”. Uma é do pé de uma das pirâmides do Egito, que ele mesmo colheu. A outra é das ruínas do Templo de Zeus Olímpico, na Grécia.

Foto: João Carlos Nascimento - O Liberal.JPG
O autônomo Diego Gomez, de 32 anos, morador de Nova Odessa, e sua coleção de areias do mundo todo

As areias já renderam algumas histórias. Uma delas abriu-se na mala de uma amiga de Diego, no caminho de volta dos Estados Unidos até Nova Odessa, espalhando-se entre as roupas. Em outra ocasião, o autônomo foi abordado no aeroporto e impedido de trazer a amostra. A situação ocorreu no Egito, onde cobraram de Diego US$ 100 para liberar a passagem da areia.

O objetivo é chegar a mil areias e entrar para o Livro dos Recordes. Antes disso, ele pretende juntar os frascos em um museu e abrir para visitação da população. Além dos números, as areias já são significativas na vida do autônomo.

“A primeira que busquei lembro da minha infância, a primeira vez que viajei com a família. Tem também os amigos que me presenteiam e que vou levar para sempre, a pessoa estava em uma viagem e lembrou de mim. É um presente eterno, diferente de uma camiseta que se desgasta com o tempo. Além disso, é uma coleção meio que infinita. As praias são finitas, mas até conseguir todas, uma vida não dá”, disse.

O projeto pode ser acompanhado pelo Instagram @colecaodeareia.

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