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DUPLO HOMICÍDIO EM HORTOLÂNDIA

Policial diz em depoimento que tinha bebido e que achou que iriam atirar nele

Delegado pediu prisão preventiva de policial acusado de matar vizinhos; defesa cita pandemia e pede que responda em liberdade

Por Pedro Heiderich

07 de maio de 2021, às 07h41 • Última atualização em 07 de maio de 2021, às 09h15


O policial penal José Vicente da Cruz, de 67 anos, suspeito de matar a tiros dois irmãos em 24 de abril, em Hortolândia, disse em depoimento na delegacia que tinha bebido e que achou que uma das vítimas (seu vizinho) ia atirar nele.

Adelmo com o filho pequeno no colo, ao lado das outras filhas e do irmão Eclécio, assassinados pelo policial – Foto: Divulgação / Acervo Pessoal

Testemunhas afirmam que o policial desceu do carro armado e atirou nos dois. O motivo teria sido som alto escutado pelas vítimas.

No depoimento, ele confirma que efetuou os disparos, relatando que saiu de casa umas 14h, e voltou por volta das 19h, depois de ter “ingerido moderadamente bebida alcoólica”.

O inquérito do caso, concluído na sexta-feira (30), aponta que o policial alegou em depoimento que parou o carro e desceu armado, para pedir ao vizinho que abaixasse o som para que ele pudesse descansar.

José Vicente diz que um dos irmãos teria o xingado, e feito gesto de levar a mão na cintura, momento em que pensou que a vítima ia puxar uma arma, e atirou duas vezes. A outra vítima teria ido para cima do policial, que efetuou mais dois disparos e fugiu.

Quatro dias depois, ele se apresentou na delegacia junto de advogado e entregou a arma do crime.

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O policial cita que tem problemas por conta de som alto com o vizinho Adelmo Ferreira de Lima, ajudante de pedreiro de 39 anos, e o irmão, Eclécio Ferreira de Lima, de 36, (as vítimas) há dois anos, e que o vizinho e amigos sempre o ameaçavam.

Testemunhas afirmam que José Vicente não gostava de barulho, brigava com os vizinhos e ameaçou até criança com arma. No momento do crime, ele teria chegado, armado, gritando:“já tinha avisado que não queria ninguém na frente da minha casa”.

O delegado João Jorge Ferreira da Silva, do 1° DP (Distrito Policial), responsável pelo caso, pediu no inquérito a prisão preventiva de José Vicente. O Ministério Público ofereceu denúncia, citando que o duplo homicídio foi cometido por motivo fútil e sem chance de defesa.

Até o momento a Justiça ainda não emitiu mandado de prisão. O Tribunal de Justiça de São Paulo disse à reportagem que o caso corre sob sigilo.

Policial se apresentou na delegacia com o advogado e entregou arma – Foto: Reprodução



O LIBERAL contatou o advogado de defesa do policial, que não retornou. A defesa pediu para que ele responda em liberdade por conta da pandemia do coronavírus (Covid-19) e fala em redução da população carcerária, apontando que José tem 67 anos e é do grupo de risco.

Os advogados citam ainda que o policial é agente penitenciário há 35 anos, e que ele administrou três penitenciárias. Também argumentam que José Vicente se apresentou e entregou a arma, motivo que descartaria uma nova fuga, na tese da defesa.

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