POLÍCIA
Nigeriano suspeito de matar ativista em Hortolândia é preso em São Paulo
Wagner Luiz Alves foi assassinado em reunião para formar ONG no Parque Gabriel; suspeito chegou atirando e fugiu em uma moto
Por Pedro Heiderich
09 de junho de 2021, às 17h26
Link da matéria: https://liberal.com.br/cidades/hortolandia/nigeriano-suspeito-de-matar-ativista-em-hortolandia-e-preso-em-sao-paulo-1535435/
Um nigeriano de 43 anos, suspeito de matar ativista cultural em Hortolândia dois meses atrás, foi preso na segunda-feira (7), em São Paulo.
No dia 10 de abril, o ativista e militante do movimento negro Wagner Luiz Alves, 37, foi assassinado durante encontro no bairro Parque Gabriel para criar uma ONG (Organização Não Governamental).
A Polícia Civil de Hortolândia investiga o caso e procurava o suspeito, após mandado de prisão temporária expedido pela justiça.
O autor do crime efetuou disparos contra Wagner e tentou matar as outras pessoas presentes na reunião no The Garden Eventos, na Rua Joseph Paul Julien Burlandy, em Hortolândia, fugindo em seguida, em uma moto.
Participavam da reunião, Wagner, sua esposa e outras duas pessoas, os interessados em fundar uma ONG. O suspeito chegou no local atirando em todos, segundo as testemunhas.
Um segurança, de 44 anos, que também estava no local, foi atingido no pé, mas passa bem.
Investigações apontavam que o suspeito era nigeriano e morava na Capital.
Nesta semana, os investigadores descobriram que o suspeito estaria morando no Canta Galo, na Zona Norte.
Os policiais de Hortolândia se dirigiram à capital nesta segunda, mas não encontraram o suspeito na casa apontada. Novas investigações apontaram outro endereço, também na Zona Norte, na Avenida General Edgar Facó.
No local, localizaram o veículo do procurado. Os policiais se dividiram em duas equipes e fizeram campana por duas horas.
Quando o suspeito apareceu ele foi detido. O nigeriano tinha uma pistola de calibre .380, com 11 munições.
A arma é semelhante à relato de testemunha e pode ter sido utilizada no homicídio. O nigeriano foi levado para a cadeia de Sumaré.
A reportagem questionou à SSP (Secretaria de Segurança Pública) se o crime tem motivação racista e quais as linhas de investigações, mas ainda não obteve retorno.
Em contato com a Polícia Civil de Hortolândia, o LIBERAL foi informado que investigadores apuram os motivos do homicídio, sem revelar detalhes.
Cobrança
Recentemente, a Casa de Cultura Tainã, de Campinas, em texto assinado junto de outros diversos movimentos negros e entidades culturais da região, cobrou por justiça contras os negros e negras no ataque ocorrido em abril que matou Wagner.
“Wagner Luiz Alves – Mutalengunzo, 37 anos, homem preto, nascido na periferia de Campinas, venceu as adversidades enfrentadas por jovens pretos, conquistando duas graduações universitárias: sistemas de informação e ciências da computação”, inicia o texto.
O ativista foi servidor público do Tribunal Regional do Trabalho, artista visual e rapper. Wagner era ainda militante do movimento negro, pai Ogã em casa em Monte Mor, e fundador da grife de moda afro Djumbo – Fortalece a Autoestima, com sua esposa.
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Segundo a publicação, marca é a precursora no afro empreendedorismo, e recebeu prêmios de reconhecimento pelo trabalho de enaltecimento a cultura negra.
“Conhecido como Jamaica, sempre foi compromissado com a africanidade. Suas criações iam de protestos contra o extermínio da juventude negra ao pertencimento da ancestralidade africana”, encerra o texto.