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SUSPEITA DE GOLPE

Com promessa de cashback, locadora de veículos fecha as portas e vira alvo de investigação em Hortolândia

Clientes reclamam de empresa que prometia dinheiro de volta após aluguel e dizem ser vítimas de golpe; dono fez vídeo se dizendo ameaçado de morte

Por Caio Possati

07 de abril de 2022, às 17h51 • Última atualização em 07 de abril de 2022, às 20h45

Depois de fechar as portas de forma repentina na última terça-feira (5), a empresa de aluguel de carros RT&T, localizada no Golden Park, em Hortolândia, está causando temor de prejuízo financeiro a centenas de pessoas.

A suspeita é de que o dono, o empresário Carlos Roberto da Costa Reis, tenha fugido e aplicado um golpe em seus clientes. Até a noite desta quarta-feira (6), não se sabia ainda o paradeiro dele, mas em vídeo divulgado pelo próprio empresário, ele diz que fugiu por estar sendo ameaçado de morte.

Na terça-feira, o estabelecimento amanheceu vazio, sem nenhum dos cerca de 50 veículos que estavam na locadora – Foto: Reprodução

Em nota, a Secretaria Estadual da Segurança Pública informou que já houve registros do caso na Polícia Civil em Hortolândia, que investiga por meio de inquérito. “Diversas vítimas foram identificadas e diligências prosseguem visando ao esclarecimento dos fatos”, informou a pasta.

A RT&T funcionava sob o sistema de cashback integral, que consistia em devolver para o cliente todo dinheiro pago no aluguel de um veículo após o período de 15 meses de uso. Com o encerramento das atividades, pessoas que usam os carros da locadora não sabem se vão conseguir reaver esse dinheiro.

Os automóveis, porém, não eram de propriedade da RT&T, mas sim alugados de outras empresas que locavam os carros para Carlos Roberto. Na terça-feira, o estabelecimento amanheceu vazio, sem nenhum dos cerca de 50 veículos que estavam na locadora.

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Nos grupos de aplicativos de conversa que os clientes participam, circula a informação de que um caminhão-cegonha teria retirado os carros já na segunda-feira.

Em conversa com uma das pessoas que trabalhavam no local, e que não quis se identificar, ela afirmou que, até a última segunda-feira (6), tudo estava normal e que os funcionários também foram pegos de surpresa. Abalada emocionalmente, ela disse que ainda tenta processar o que aconteceu.

A advogada Luciana Rossignatti, cliente da RT&T, chegou a alugar um veículo por R$ 30 mil, que deveriam ser devolvidos no final do ano. Ela entrou com duas ações judiciais contra a locadora, uma em seu nome e outra representando uma cliente, que pode ter um prejuízo de R$ 40 mil.

“Eu enxergo dois crimes nessa situação: o crime de estelionato, quando alguém adquire para si algo alheio e tira vantagens indevidas, e também o crime de apropriação indébita, que é pegar algo de outra pessoa e usufruir como se fosse dono. Então, nesses dois casos, é utilizado o dinheiro de terceiros com uma vantagem de forma ilícita”, explicou Luciana.

Outros negócios
A RT&T também tinha outras atuações no mercado. Uma delas era um banco digital, o RT Bank, que prometia um retorno financeiro acima de bancos convencionais. O fotógrafo Carlos Eduardo Pierri conta que, desde o final do ano passado, colocou R$ 120 mil no banco. Ele não suspeitava de que pudesse ser vítima de um golpe, porque nos dois primeiros meses os retornos dos seus investimentos caíram corretamente.

Em março, contudo, o fotógrafo percebeu que o pagamento estava atrasado. No dia 25 de março, ele resolveu conversar com o próprio dono da locadora.

“Quando eu fui falar com Carlos Roberto, ele me disse que estava tentando regularizar o banco e que as agências reguladoras estavam cobrando 27% de imposto, o que estaria causando este atraso”, afirma. Na conversa, Carlos ouviu que a situação se resolveria até quarta-feira passada (30).

Entre ganhos e investimentos, Carlos Eduardo teria tido um prejuízo de mais de R$ 100 mil.

Ameaça de morte
Em vídeo gravado por Carlos Roberto e que circula na internet, ele diz que se afastou da empresa por ameaças de morte.

“Estou trabalhando para resolver isso tudo. Logo em breve estaremos fazendo o possível para acertar a situação de cada um”, afirmou. O LIBERAL tentou contato com o empresário, mas não obteve retorno.

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