Americana
Vítima de feminicídio tinha esperança de que agressor iria mudar
Joice Aparecida Porto, de 25 anos, foi morta a facadas pelo companheiro; relatos de agressão eram frequentes, segundo familiar da vítima
Por Paula Nacasaki
01 de dezembro de 2020, às 08h45 • Última atualização em 01 de dezembro de 2020, às 08h46
Link da matéria: https://liberal.com.br/cidades/americana/vitima-de-feminicidio-tinha-esperanca-de-que-agressor-iria-mudar-1376638/
“Ela tinha esperança de que um dia ele iria mudar”. Esse era o sentimento que a recicladora Joice Aparecida Porto, de 25 anos, tinha pelo companheiro José Maurício da Silva, de 31 anos. Ele a matou a facadas na madrugada do último domingo (29), no Jardim dos Lírios e acabou preso pela Gama (Guarda Municipal de Americana).
Os relatos foram feitos por um familiar de Joice ao LIBERAL, que por medo de represálias não quis ter seu nome divulgado.
Segundo descrições do parente, a mulher estava há pelo menos cinco anos com José Maurício da Silva, e as agressões eram frequentes. Ela já havia reclamado do comportamento violento do companheiro. Além dos espancamentos na mulher, José Maurício agredia o cachorro da família e há indícios de que era agressivo também com a filha do casal.
Em um dos episódios, Joice estava grávida da filha do casal, quando por ciúmes, durante uma discussão, o servente teria cortado o braço da companheira com uma faca. Na ocasião, Joice registrou um boletim de ocorrência por violência doméstica, porém o companheiro teria a convencido a retirar a queixa.
Diante das repetidas agressões, Joice perdeu as expectativas de que o companheiro mudaria e quis terminar o relacionamento, mas José Maurício a ameaçava de morte caso isso acontecesse.
Segundo o familiar, a jovem até tentou o suicídio como uma das maneiras de se livrar do companheiro.
“Dois meses antes do assassinato, ele chegou drogado em casa e a acusou de traição, e cortou seus cabelos com uma faca”, relatou.
O LIBERAL apurou que o servente foi condenado em 2017 por tráfico de drogas e cumpria pena por isso. Em março deste ano ele passou para o regime aberto, quando voltou a morar com a recicladora e com a filha do casal, que hoje tem 5 anos. José Maurício da Silva também era usuário de drogas, segundo informações do familiar de Joice.
“Não tem como voltar atrás e reparar o que ele fez. A família está sofrendo muito, mas ao menos agora ele vai pagar pelo que fez, tomara que a Justiça deixe ele preso por muitos anos”, declarou o familiar sobre a prisão de José Maurício.
O corpo de Joice foi velado e sepultado no Cemitério Parque Gramado, em Americana, nesta segunda-feira.