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Americana

Uso de cheques para pagamento despenca no País com o avanço da tecnologia

Apesar da queda, a modalidade parece estar longe da extinção e ainda há quem seja adepto dos talões

Por Ana Carolina Leal

24 de janeiro de 2022, às 07h41

O uso de cheques como método de pagamento caiu 93% no Brasil desde 1995, segundo dados da Febraban (Federação Brasileira de Bancos) divulgados neste mês. A queda se deve ao avanço dos meios de pagamento digitais, como internet e mobile banking, e a criação do Pix em 2020.

Sebastião ainda usa as folhas de cheque na loja de sua propriedade – Foto: Claudeci Junior / O Liberal

Em 2021, o número de cheques compensados no Brasil caiu para 218,9 milhões. Em 95, início da série história de dados da entidade, foram compensados 3,3 bilhões. As estatísticas organizadas pela federação têm como base o Serviço de Compensação de Cheques.

Apesar da queda, a modalidade parece estar longe da extinção. Em Americana, por exemplo, mesmo usando com mais frequência cartão de débito e crédito e Pix, a motorista de aplicativo Silvana Maria Fontolan, de 52 anos, confessa ainda manter algumas “folhinhas” de cheques para casos emergenciais.

“A última vez que usei foi em dezembro do ano passado para pagar um pedreiro. Geralmente uso quando a pessoa não tem conta ou não quer que deposite o dinheiro direto na conta dela. Do resto, é tudo no cartão ou Pix”, afirmou.

Silvana acredita que o cheque realmente não vai acabar. “Tanto não vai que nos caixas eletrônicos têm os cheques avulsos. Sempre aparece uma pessoa precisando, por isso tenho algumas ‘folhinhas’”, disse.

A assessora parlamentar Melissa Carla Baptista, de 35 anos, recorre ao cheque sempre que a data do cartão está expirando ou quando precisa parcelar uma conta mais alta.

“Uso, mas não com muita frequência. Porém, tenho sempre um talão. Há duas semanas, por exemplo, meu marido usou uma folha para segurar uma compra. Deu o cheque como caução. No ano passado, usei para parcelar um tratamento dentário. São nessas situações”, contou.

O empresário Sebastião Caetano de Souza, de 66 anos, usa o cheque para compras pré-datadas na empresa, uma loja de motos. “No dia a dia uso com menos frequência, às vezes no supermercado. Mas na empresa, costumo usar na compra de materiais. Sempre usei, desde 1979”, disse em entrevista ao LIBERAL.

Volume

Os dados também apontam redução no volume financeiro das transações com cheques. Em 1995, o montante movimentado nessa modalidade somava R$ 2 trilhões. A quantia caiu para R$ 667 bilhões em 2021, uma diminuição de 67%.

Um dos principais problemas na utilização de cheques também despencou. O número de devoluções de documentos sem fundos caiu de 56,8 milhões em 1997 (quando a Febraban começou a pesquisar essa série histórica) para 15,2 milhões em 2020 e 13,6 milhões no ano passado.

“As estatísticas revelam que o cliente bancário tem deixado, cada vez mais, de usar cheques, e optado por outros meios de pagamento, em especial os canais digitais, que atualmente são responsáveis por 67% de todas as transações feitas no País”, afirma Walter Faria, diretor-adjunto de Serviços da Febraban.

Ele pontua ainda que a crescente digitalização do cliente bancário foi impulsionada, também, pela entrada em funcionamento do Pix, em novembro de 2020. Em um ano de existência, foram feitas sete bilhões de transações com R$ 4 trilhões de volume financeiro.

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