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Americana

Um terço dos moradores de rua prioriza abrigo

Associação contratada pela prefeitura deve viabilizar espaço para pessoas em situação de rua em dois meses; cidade está sem abrigo há cerca de 2 anos

Por George Aravanis

14 de setembro de 2019, às 07h05 • Última atualização em 14 de setembro de 2019, às 16h31

Dos 75 moradores de rua abordados no mês passado pela Associação Vinde à Luz em Americana, 27 deles – o equivalente a 36% – pediram um abrigo, citação predominante entre o grupo. A associação contratada pela prefeitura para abordar pessoas que vivem nas ruas iniciou o serviço em 7 de agosto.

Americana está sem abrigo há cerca de dois anos, quando o CAM (Centro de Atendimento ao Migrante), serviço municipal que atendia quem não tem um teto, foi desativado.

A Vinde à Luz também foi contratada para oferecer dez vagas em um abrigo para homens. Segundo o presidente da associação, Luiz Augusto Roberto, o local deve estar em funcionamento em dois meses.

“Geralmente eles pedem um lugar para passar a noite”, explica o coordenador do Serviço Especializado em Abordagem Social da Vinde à Luz, o psicólogo Edson Rodrigo Somaio.

Foto: João Carlos Nascimento / O Liberal
Moradores de rua na Avenida Antonio Lobo, na noite desta sexta

Ele e mais duas pessoas entrevistaram em agosto 60 homens e 15 mulheres. O objetivo é identificar as necessidades das pessoas e ajudar no que for possível. Desses, 37 disseram querer sair da rua, 27 não e o restante não respondeu.

Segundo o levantamento organizado por Somaio, 51 dos abordados disseram usar drogas ou álcool. E o psicólogo percebeu que as drogas são o motivo que mais levou as pessoas à rua, geralmente associado a conflitos familiares.

Dos 75 abordados, 27 têm problemas com os parentes. Dezenove não têm mais nenhum vínculo com a família e outros oito mantêm um contato fragilizado.

Conflito

Foi justamente a combinação de drogas e conflito em família que levou uma cantora de 50 anos às ruas há aproximadamente duas semanas, pela segunda vez na vida.

A mulher, que vive em um barraco improvisado debaixo do Viaduto Abdo Najar, pediu para não ser identificada.

Ela diz já ter cantado profissionalmente e se apresentado em bares conhecidos da cena noturna de Americana.

Em 1994, experimentou crack e se viciou. Depois de se separar do marido, foi viver com a família. Mas a morte do pai desencadeou uma briga com a irmã. “Quando meu pai faleceu, ela tomou posse da casa. Ela não me aceita lá, mesmo eu estando em abstinência”, contou.

Com ajuda de um comerciante, a cantora agora espera vaga em uma clínica de reabilitação.

A internação, aliás, foi a solicitação feita por 11 das 75 pessoas abordadas. Somaio continua o levantamento. Em setembro, já abordou outras 63 pessoas. A intenção é levar um raio-x à prefeitura após três meses de serviço.

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