Americana
Taxistas cobram regulamentação de lei sobre apps de transporte
Homem disse no plenário da CM que "mataria todo mundo dentro da câmara" se fosse "desequilibrado"; fala gerou mal-estar e encerrou debate abruptamente
Por André Rossi
13 de fevereiro de 2020, às 20h30 • Última atualização em 14 de fevereiro de 2020, às 09h20
Link da matéria: https://liberal.com.br/cidades/americana/taxistas-cobram-regulamentacao-de-lei-sobre-apps-de-transporte-1149749/
Um grupo de taxistas foi até a Câmara de Americana na sessão desta quinta-feira (13) para pedir a regulamentação da lei que estipula regras para a atuação de motoristas que atuam por meio de aplicativos de transporte na cidade, como a Uber e o 99. A lei foi sancionada pelo prefeito Omar Najar (MDB) em 2017, mas ainda não foi regulamentada, ou seja, não há fiscalização.
Durante o debate, um taxista chegou a dizer que, se fosse uma pessoa “desequilibrada”, colocaria uma arma na cintura e “mataria todo mundo dentro da câmara”. A fala gerou mal-estar e acabou encerrando as discussões de forma abrupta.
O projeto de lei foi elaborado pelo vereador Marschelo Meche (PSDB) e pelo ex-vereador Guilherme Tiosso (PROS). Entre as exigências, está a de que o motorista more na cidade há pelo menos cinco anos e tenha veículo emplacado nela para obter a licença.
O taxista João Albino dos Santos, de 55 anos, usou a tribuna livre da Casa para cobrar a aplicação da lei. O grupo acredita que a legislação reduziria o número de profissionais que atuam em Americana por aplicativo e deixaria o mercado menos “predatório”.
“Vi que a lei não era tão ruim assim para nós. Ela simplesmente não foi colocada em prática. E isso nos colocou, senhores, numa condição de miséria. E eu não estou exagerando. O sentimento é de indignação”, afirmou João.
Autor da lei, Meche disse que pretende se reunir com os motoristas de aplicativos e com os taxistas para “rever alguns pontos”. Depois, a intenção é procurar o prefeito Omar Najar (MDB) para regulamentar o projeto.
Em nota, a Utransv (Unidade de Transporte e Sistema Viário) informa que está “providenciando a regulamentação”.
Tensão
Durante os comentários dos vereadores após o uso da tribuna livre, o taxista Daniel Garcia dos Santos, 50, que acompanhava o debate no plenário, começou a reclamar da falta de regulamentação da lei. Em dado momento, ele disse que “se fosse um homem desequilibrado, se não fosse um pai de família, colocava uma arma na cintura, vinha aqui, matava todo mundo dentro da câmara municipal”.
A reação imediata do vereador Alfredo Ondas (MDB) foi pedir para a Gama (Guarda Municipal de Americana) identificar o autor da frase, interpretada como uma ameça a vida dos vereadores, para que um boletim de ocorrência fosse registrado. A situação causou desgaste e encerrou o debate de forma abrupta.
Após o episódio, Ondas conversou com Daniel e optou por não registrar o caso na Polícia Civil. Ao LIBERAL, o parlamentar disse que o homem se retratou, mas que esse tipo de situação não pode ser tolerada.
“Ele exagerou e esse tipo de coisa não é pra gente começar a aceitar. Se não vira rotina. E através de um exemplo desse, pode ser que de repente aparece um maluco aí e resolve querer fazer esse tipo de coisa. Então o silêncio da gente não pode existir”, disse Ondas.
O taxista argumentou para a reportagem que não teve a intenção de ameaçar ninguém. A frase teria sido uma forma de demonstrar o quão “desesperadora” é a realidade desses trabalhadores. Há cerca de três anos, a média de corridas feitas por dia variava entre 20 e 25, segundo o grupo. Atualmente, são raros os dias em passam de cinco.
“Foi um mal entendido. É uma comparação que eu quis passar para câmara diante da situação que nós estamos vivendo. Eu não vim aqui para ameaçar ninguém, não vim aqui para matar ninguém porque eu não sou um cara desequilibrado. Tenho minha consciência mental normal, não sou um cara louco, é uma comparação que eu fiz”, argumentou Daniel.
Além da Capa, o podcast do LIBERAL
Confira o episódio desta semana do podcast Além da Capa, que trata sobre a entrega do novo Pronto Socorro do Hospital Municipal Dr. Waldemar Tebaldi, em Americana. A missão deste episódio é explicar os 11 anos que se passaram entre o anúncio e a entrega da obra:
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