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Entrevista

Sustentabilidade exigirá inovação disruptiva

Consultor Vitor Seravalli, que estará na Jornada da Indústria, aposta que jovens serão os protagonistas da sustentabilidade do futuro

Por Marina Zanaki

28 de julho de 2019, às 08h08

A sustentabilidade do futuro vai demandar inovação disruptiva, prática que vai promover uma nova maneira de enxergar os modelos de negócio e realizar os processos produtivos. Essa é a aposta do consultor Vitor Seravalli, especializado em suporte na implementação de estratégias de sustentabilidade empresarial e no desenvolvimento de capacitação para jovens empreendedores.

Com formação em Engenharia Química, de Segurança do Trabalho e com MBA em Marketing, Seravalli vai atuar como facilitador da dinâmica que será realizada na Jornada da Indústria pela Sustentabilidade. O evento será realizado pelo Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de Americana terça-feira, e tem vagas limitadas.

Foto: Divulgação
Seravalli: dinâmica na próxima terça na Jornada da Indústria pela Sustentabilidade

O que o público pode esperar da Jornada da Indústria pela Sustentabilidade?

SERAVALLI 
A jornada da indústria pela sustentabilidade é um evento de capacitação que traz conceitos e ferramentas para que indústrias implantem sustentabilidade em uma visão de negócios. Estamos falando algo relacionado aos negócios para ajudar as empresas, evidentemente, a atingir seus resultados, mas dentro de alguns parâmetros que preservem questão ambiental, social e econômica de modo equilibrado.

Os participantes vão, através de exposições e dinâmicas, poder não só entender os conceitos e fundamentos, mas levar para casa informações que possam ajudar a fazer negócios sustentáveis. Estamos falando de negócios, e não simplesmente fazer algo bom por princípios. Ela é boa por princípios, mas quer agregar algo aos negócios.

O que é o conceito de Business Model Canvas?

SERAVALLI
É uma das ferramentas que vai ser usada na dinâmica. Após uma apresentação do tema sustentabilidade, contexto e como as indústrias estão relacionadas com a sustentabilidade, nós começamos a montar um projeto de sustentabilidade. E pra isso precisamos usar ferramentas de planejamento estratégico de negócios. É como se estivéssemos dentro de empresa resolvendo problema.

Começamos usando um brainstorming, ou seja, uma discussão aberta sobre os desafios que a indústria tem para desenvolver sustentabilidade. Após vamos para segunda ferramenta, Word Café, que utiliza a discussão em grupos de modo estruturado para desenvolvimento de ideias, ou seja, grupo terá tempo para identificar estratégias para usar nas empresas para trazer sustentabilidade ao negócio, e finalmente para desenvolver plano negócios vamos usar o Business Model Canvas.

Essa é uma ferramenta bastante difundida, usada por equipes de marketing com objetivo de identificar principais interlocutores, clientes, aqueles que vão receber os serviços e produtos, mas isso não só produto, mas o valor agregado, os canais para levar aos clientes, quais canais, que tipo de relacionamento a empresa vai ter com esses públicos.

Depois identifica a estrutura de custos, recursos, possíveis parcerias, e evidentemente o que vamos conseguir de vendas, resultados, em relação a isso. É uma ferramenta que ensina a colocar no papel essas ideias de um planejamento de negócios, no nosso caso um planejamento da sustentabilidade. Infelizmente as empresas no Brasil, com a crise que estamos vivendo, estão focadas na sobrevivência e não valorizam aspectos que não só trariam sustentabilidade, mas poderiam ajudar a enfrentar a crise.

Reduzindo custos, se diferenciando em relação aos concorrentes. A dinâmica terá um caráter muito especial em Americana. Será a primeira onde os participantes vão receber uma brochura que poderá ser levada, com os resumos dos principais conceitos. Mas só vai receber quem participar da dinâmica. Sempre vimos Americana como uma cidade de empreendedorismo, onde empresas valorizam as questões éticas, de negócio, que realmente agregam valor.

Como a sustentabilidade está inserida dentro das empresas?

SERAVALLI 
Temos duas perspectivas bastante distintas. Em uma delas, no campo das pequenas e médias empresas, que sofrem os impactos constantes da crise, tem grande dificuldade de entender o valor estratégico da sustentabilidade. É mais ou menos a visão de curto prazo que diz: por que sustentabilidade se meu cliente não me pediu? E ele não vai me pagar os investimentos em sustentabilidade.

É uma visão infelizmente majoritária nas pequenas empresas, mas é óbvio, elas precisam pagar suas contas. E faltam a essas lideranças empresariais o entendimento que não vão precisar largar o que estão fazendo a curto prazo. Na verdade, a sustentabilidade é uma competência de negócios.

A empresa continua fazendo seus negócios e à medida que toma decisões tem que considerar os valores da sustentabilidade. Por outro lado, são as grandes empresas que já apanharam muito no passado, quase deixaram de existir, e que tiveram tempo de mudar suas estratégias e escolherem nichos, prioridades e temas de sustentabilidade que agregam. Hoje elas são referências no mercado e começam a ganhar espaço no mercado internacional.

Em Americana existem empresas que valorizam isso, são indústrias que já incorporaram a sustentabilidade e estão vivendo um momento que não é de usar a sustentabilidade ou não, e sim de conseguir resultados de grande impacto e que sejam compartilhados com seus públicos. Empresas com grandes com cadeias de suprimentos muito complexas começam a desenvolver projetos de sustentabilidade com seus fornecedores.

Em vez de contratar um facilitar, uma associação, a própria empresa transfere esse conhecimento para seus fornecedores e todo mundo ganha. Os valores da sustentabilidade são definidos historicamente nos pilares ambiental, social e econômico, evidentemente respeitando princípios éticos. A sustentabilidade do futuro é um pouco diferente.

Obviamente vai precisar disso, mas ela vai precisar de muita inovação disruptiva, esse é o termo mais moderno que existe em relação à definição de sustentabilidade. É pensar fora da caixa, não ficar refém do negócio, é imaginar um negócio novo e que vai respeitar o meio ambiente, a sociedade, de forma totalmente nova.

A boa notícia é que os jovens que nasceram depois dos anos 2000 já nascem com esse chip, eles são disruptivos por natureza, questionam tudo, são extremamente virtuais, não acreditam muito em modelos de sucesso do passado, querem desenvolver novos.

Acredito que esse é o grande momento para investirmos em capacitação em sustentabilidade dos jovens, e quem sabe não conseguimos trazer jovens para essa dinâmica que vai acontecer no Ciesp, principalmente se estiverem ligados a indústrias da região.

Tem alguma área que deve avançar em termos de novidades?

SERAVALLI 
Uma das tendências é que o consumo excessivo destrói as empresas. Ou seja, quando desenvolvemos consumo consciente, acabamos ajudando o próprio negócio. Qualquer tipo de negócio que proporcione mais consumo sustentável, use menos materiais, faça com que produtos durem mais e realmente não prejudique a produção do produto no futuro, terá muito sucesso.

Outra área é questão da virtualização. É inegável que as empresas que aprendem a utilizar ferramentas como internet, aplicativos, redes, ganham muito mais espaço. Outro aspecto é o modelo de negócios. Não adianta aumentar infraestrutura sendo que na verdade o modelo está sendo desconstruído, cada vez mais vale a pena termos parcerias com startups, modelos de negócios mais modernos, e encaixarmos nosso negócio nesses modelos.

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