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JUSTIÇA

Suspeitos de roubo no condomínio Terras do Imperador são soltos

Pai e filho estavam presos na Cadeia de Sumaré desde 9 de agosto e foram soltos após defesa contestar informações de investigação; família comemorou soltura

Por Maria Eduarda Gazzetta e João Colosalle

17 de agosto de 2022, às 14h55 • Última atualização em 17 de agosto de 2022, às 15h14

Clóvis, à esquerda, e o filho Wallison deixam a Cadeia de Sumaré - Foto: Junior Guarnieri/Liberal

Os dois presos suspeitos de participarem de um roubo no condomínio Terras do Imperador, em Americana, deixaram a Cadeia de Sumaré na tarde desta quarta-feira (17).

A decisão ocorre oito dias depois da prisão e após a defesa dos suspeitos apresentar contradições que indicariam que os dois não estavam no local do crime no horário do assalto, conforme o LIBERAL mostrou.

E também após um pedido da Polícia Civil, de revogação da prisão temporária, que teve concordância do Ministério Público e foi aceito pela 2ª Vara Criminal de Americana.

Clóvis Conceição Costa, de 50 anos, e Wallison Augusto da Costa, de 21, que são pai e filho, foram presos pela DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de Americana na última terça-feira (9), após terem sido reconhecidos por uma vítima do assalto.

Durante a manhã e a tarde desta quarta, familiares e amigos aguardavam a decisão que poderia liberar os dois. O grupo se concentrou em frente ao prédio da Delegacia de Sumaré, onde fica a cadeia local.

Pai e filho foram soltos por volta de 14h. Emocionados, eles trocaram abraços com as pessoas que estavam presentes.

“Foi um momento difícil [ficar na cadeia]. Na primeira noite ainda não tinha caído a ficha, na segunda à noite estava muito atordoado com tudo o que aconteceu, muita pressão. Eu não conseguia raciocinar direito o que tinha acontecido. Bola para frente. O pesadelo está terminando”, comentou Wallison.

Entenda o caso

O roubo a uma casa do condomínio Terras do Imperador ocorreu na manhã do dia 30 de julho, um sábado. Cerca de R$ 220 mil em joias, relógio e outros objetos foram levados de um casal. Apenas a esposa estava na casa durante o assalto.

Durante as investigações, foram apresentadas imagens de suspeitos para a vítima, que reconheceu Clóvis e Wallison como os assaltantes. Os dois foram presos no dia 9 de agosto, após determinação da 2ª Vara Criminal de Americana.

Além da dupla, a polícia aponta uma mulher de 33 anos, vizinha das vítimas e condenada por integrar o PCC (Primeiro Comando da Capital), como suspeita do crime. A prisão temporária dela foi determinada, mas ela continua foragida.

Após a prisão, porém, a defesa dos suspeitos apresentou contradições nas investigações. Na quinta-feira (11), o advogado de Clóvis e Wallison, Dinael de Souza Machado Junior, apresentou uma petição no inquérito policial acompanhado pela 2ª Vara Criminal da cidade apontando álibis dos suspeitos.

Wallison, à frente, e o pai, Clóvis, ao fundo, deixam a Cadeia de Sumaré – Foto: Junior Guarnieri/Liberal

Na petição, o advogado afirma que, no horário do crime, por volta de 11h30, Clóvis estava em uma consulta em uma unidade de saúde da Prefeitura de Americana e Wallison, em um serviço de frete que incluía um deslocamento de Nova Odessa a Itapevi, cidade na Grande São Paulo a cerca de 130 quilômetros de Americana.

A alegação da defesa juntou registros que mostram que Clóvis deixou o condomínio onde mora, no Jardim Terramérica, às 11h17, acompanhado da esposa, para exames cardiológicos no Núcleo de Especialidades que estavam agendados para 16h06, mas foram adiantados para 11h30.

Entre os documentos juntados pela defesa estão uma certidão da Secretaria Municipal de Saúde e uma ficha de atendimento ambulatorial cujo horário de registro é às 11h33 da manhã do crime.

Os documentos e as informações foram confirmados pela prefeitura ao LIBERAL. Segundo a assessoria de imprensa do governo municipal, Clóvis foi submetido a um ecocardiograma e deu entrada na unidade às 11h33.

O Núcleo de Especialidades fica a cerca de nove quilômetros do condomínio Terras do Imperador, às margens da Rodovia Luiz de Queiroz (SP-304). O deslocamento entre os dois pontos, de carro, duraria de 10 a 15 minutos.

No caso de Wallison, a defesa aponta que ele não estava na cidade no momento do crime. Tanto ele quanto o pai trabalham com fretes e teriam sido contratados para um serviço em Itapevi.

Trocas de mensagens, vídeos, fotos e comprovante de pagamento em dia anterior e nos horários próximos ao horário do roubo no Terras do Imperador sugerem que o trabalho foi realizado por Wallison.

Por volta de 8h, Wallison teria ido buscar um trailer em Nova Odessa para ser levado para Itapevi. O deslocamento de Nova Odessa para Itapevi teria ocorrido por volta de 12h. E o retorno para Americana, no final da tarde.

Revogação

A decisão pela soltura ocorreu após a Polícia Civil realizar novas diligências sobre o caso, que viralizou após familiares e amigos exporem documentos e informações nas redes sociais que comprovariam os álibis. Uma carreata pedindo justiça pelos dois também foi realizada na segunda-feira (15).

Protesto pela liberação de pai e filho em Americana – Foto: Junior Guarnieri / Liberal

Nesta terça-feira (16), agentes da DIG de Americana ouviram o casal que contratou Wallison para o serviço de frete de Nova Odessa a Itapevi.

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O casal confirmou a contratação e afirmou que o serviço foi realizado por Wallison. A polícia também acrescentou que o caminhão usado no frete, que está no nome de Clóvis, passou por câmeras de monitoramento em Campinas, Barueri, Osasco e São Paulo.

Com isso, a Polícia Civil pediu a revogação da prisão temporária. “Em que pese o reconhecimento pessoal dos investigados pela vítima, por ora, não é imprescindível e necessária, a manutenção da segregação cautelar dos investigados”, escreveu o delegado no pedido de revogação. Quanto ao álibi apresentado por Clóvis, não houve nenhuma menção por parte da polícia.

Antes, ainda na segunda-feira, a Justiça havia rejeitado a revogação da prisão.

Relação com suspeita

O roubo no condomínio teria como liderança uma mulher procurada pela Justiça chamada Luma Valéria Rovagnollo. Ela já foi investigada e condenada por integrar a facção criminosa PCC e por transportar um fuzil.

Luma, segundo as investigações, havia alugado uma casa recentemente no Terras do Imperador, fato que foi notado pelas vítimas do crime e que indica premeditação para o assalto. Para o aluguel, ela teria usado uma identidade falsa.

Segundo a polícia, Luma, conhecida como Penélope, atuou como “piloto de fuga” – Foto: Divulgação

Segundo a defesa dos suspeitos presos, há sim uma relação entre os dois e a mulher. No dia 19 de julho, eles foram contratados por Luma para um frete. Levaram móveis adquiridos em uma loja no Jardim Santana, em Americana, até o condomínio. Luma teria se identificado como Priscila.

A ida ao condomínio fez com que a imagem dos dois fosse registrada pela portaria do local. Após o crime, a polícia verificou os acessos recentes e apresentou fotos à vítima do assalto.

Segundo os autos de reconhecimento fotográfico juntados no inquérito policial, no dia 3 de agosto, quatro dias após o crime, foram apresentadas quatro fotos para a vítima – as de Clóvis, Wallison e mais dois homens. Pai e filho foram reconhecidos.

Luma também foi reconhecida – ela seria a motorista do assalto e teria ficado no carro durante o roubo. Segundo a vítima, ela já havia sido vista anteriormente no condomínio, já que seria uma vizinha recém-chegada. Já Clóvis e Wallison nunca havia sido vistos pela vítima até o momento do crime.

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